O advento das resinas compostas na Odontologia é considerado por muitos como um dos grandes avanços da dentística restauradora. São ideais para restaurações diretas e podem apresentar tanto resistência quanto aparência similares às dos dentes.
Sua utilização começou na década de 1950, e desde então, pesquisas têm sido feitas para aprimorar esta técnica. Com o passar do tempo, foram criados diversos tipos de resinas compostas, com indicações distintas de acordo com a situação.
A seguir, explicamos tudo o que você precisa saber sobre as resinas compostas, bem como suas classificações. Para saber mais, continue a leitura até o fim!
O que é resina composta?
As resinas compostas são os materiais mais utilizados em restaurações diretas, seja em dentes anteriores ou posteriores. Isso porque apresentam características mecânicas e estéticas bastante similares às dos dentes.
Qual a composição da resina composta?
São formadas por três partes:
- matriz orgânica, ou seja, uma estrutura biológica e amorfa
- carga inorgânica, que é quimicamente inerte e feita de partículas minerais
- agente de união, responsável por uni-las.
A seguir, vamos abordar um pouco mais sobre cada uma e o que proporcionam à restauração.
Matriz orgânica
É a parte responsável pela resistência, rigidez e estabilidade das resinas compostas na Odontologia. Para que possam gerar essas características, são formadas por monômeros, sendo sua maior parte BIS-GMA (bisfenol-A glicidil metacrilato), com quantidades menores de UDMA (uretano dimetacrilato), BIS-EMA (bisfenol hidroxietil metacrilato) e TEGDMA (trietileno glicol dimetacrilato).
Carga inorgânica
É formada por partículas minerais de natureza inorgânica, principalmente o quartzo, vidro ou a sílica. Tem a função de contração de polimerização e de melhorar a resistência à compressão da resina.
O tamanho e a quantidade de partículas inorgânicas afetam diretamente a classificação da carga inorgânica.
Agente de união
Como a matriz orgânica e a carga inorgânica são feitas de materiais totalmente diferentes, é preciso que haja uma amálgama que as una. Para isso, utiliza-se um agente de união.
Na grande maioria das vezes, é utilizado o silano, um tipo de molécula bifuncional que promove a união química entre orgânicos e inorgânicos.
Para que servem as resinas compostas?
De acordo com o artigo “Evolução da resina composta”, elas são utilizados para os mais diversos procedimentos na odontologia, como restaurações diretas e indiretas, forramento de cavidade, selantes de fissuras, coroas, restaurações provisórias, cimento para próteses e aparelhos ortodônticos e cimento endodôntico.
O fechamento de diastemas com resinas compostas também é uma aplicação, assim como a colagem de fragmentos dentários e confecção de núcleos de preenchimento.
No vídeo do canal Leandro Muniz você pode acompanhar o uso da resina composta em uma restauração de dentes desgastados. O resultado natural mostra como esse é um material versátil e que pode ser bem empregado quando se tem conhecimento sobre as práticas.
Propriedades das resinas compostas
Entre os fatores que fazem com que as resinas compostas sejam indicadas para todos os tipos de restaurações diretas estão suas propriedades, seja com relação à aparência ou funcionalidades.
Fisicamente, após expostas à polimerização, as resinas compostas ficam bem contraídas e firmes, e não se desfazem com o tempo. Além disso, apresentam uma boa estabilidade de cor, ao contrário de outros tipos. Quanto à sua mecânica, têm resistência à compressão, flexão e desgaste.
Por fim, outro grande diferencial é o acabamento, uma vez que as resinas podem ser polidas, ganhando uma aparência natural e maior longevidade.
Desvantagens das resinas compostas
Assim como qualquer material utilizado na odontologia, existe o lado das desvantagens. É essencial que o cirurgião-dentista tenha conhecimento delas para planejar melhor os procedimentos e pensar em soluções para eventuais ocorrências.
As desvantagens da resina composta são:
- Contração de polimerização
- Dureza que impede a manipulação da resina após secagem
- Sem resistência ao desgaste, portanto, pode ser afetada por distúrbios, como o bruxismo
- Não pode ter muito contato com água
- Agrega bactérias e, como consequência, gera bactérias secundárias
Classificação de resinas compostas
As resinas compostas na Odontologia podem ser classificadas de maneiras diferentes com relação às suas propriedades. É dever do dentista selecioná-las para atingir um bom resultado e reproduzir as características dos dentes do paciente.
Grau de viscosidade
A primeira maneira de classificar as resinas compostas é de acordo com seu grau de viscosidade. Quanto mais fluidas, menos apresentaram carga inorgânica, afetando diretamente no resultado.
Situações diferentes na Odontologia podem exigir a utilização de resinas distintas. Em regiões de difícil acesso, porém, as resinas fluidas podem se espalhar com mais facilidade e sem gerar bolhas, ao contrário de outras opções.
Confira os tipos de resinas compostas com relação à sua viscosidade.
Fluidas ou flow
São os tipos com pouca viscosidade, apresentam baixa resistência à compressão, maior contração de polimerização e possuem maior quantidade de monômeros diluentes.
Regulares ou convencionais
São as mais comuns, apresentam bom custo-benefício e são indicadas para situações mais corriqueiras.
Condensáveis ou compactáveis
Este é o tipo mais rígido de resinas. Têm ótima aderência, porém seu polimento é mais difícil e apresentam alta rugosidade.
Tamanho das partículas
O tamanho das partículas que compõem a resina também são uma forma de classificá-las. Cada tipo resultará em aspectos diferentes quanto à resistência e a lisura da superfície.
Confira as características de cada uma.
Macropartículas
Formada por partículas de cerca de 15 μm, foi o primeiro tipo criado e hoje está em desuso. Sua resistência era média, porém apresentava alto grau de desintegração, formando superfícies ásperas e instabilidade de cor.
Microparticuladas
O tamanho das partículas é menor, entre 0,01 μm e 0,04 μm. Em razão disso, geram lisura maior na superfície, entretanto têm baixa resistência à compressão.
Híbridas
Surgiram como forma de se obter, ao mesmo tempo, boa resistência e uma lisura. O tamanho das partículas vai de 0,05 μm a 5 μm.
Nanoparticuladas
Com tamanho de partículas por volta dos 20 nm (ou seja, 0,02 μm), esse tipo apresenta ainda mais lisura e resistência. Apesar de ter mais carga inorgânica, há menos matriz orgânica, o que lhe confere suas características.
Propriedades óticas da resina composta
Quando pensamos em restaurações, o quesito estético da resina composta é de extrema importância. Para esses procedimentos, é crucial atingir similaridade ao dente natural e, portanto, as propriedades óticas devem ser consideradas.
A cor da resina pode ser dividida em três pontos importantes: matiz, valor e croma.
Matiz
O matiz é responsável por distinguir uma família de cor da outra, ou seja, os grupos A (vermelho), B (verde), C (azul) e D (amarelo). Vamos entender:
- Matiz A: representação dos tons mais comuns de dente e equivale ao amarelo-amarronzado
- Matiz B: amarelo com um pouco de marrom
- Matiz C: cinza com pequenas quantidades de marrom
- Matiz D: rosa avermelhado com um pouco de marrom
Valor
O valor diz respeito à luminosidade de cor e nos faz distinguir se um tom é claro ou escuro.
Podemos dizer que o valor é alto quando há presença forte da pigmentação branco. Esse número é representado por uma escala que vai de 1 a 5.
Croma
O conceito de croma está relacionado à intensidade e à saturação de um matiz. Por outras palavras, representa o quanto uma cor é forte ou fraca.
O croma está representado na escala Vita e corresponde ao número que segue a letra do matiz.
Efeitos óticos
Em relação aos efeitos, eles podem ser divididos em quatro categorias: translucidez, fluorescência e opalescência.
Translucidez
A translucidez é uma característica importante sobre a resina composta e, como explica o artigo “Propriedades ópticas da resina composta”, é referente à passagem de luz em tecido ou material, expondo luz incidente, que desarranja os raios, além de dirigi-los para qualquer sentido.
Naturalmente, a translucidez é uma característica muito presente em dentes jovens, enquanto que os mais velhos não a possuem tanto.
Nas resinas mais claras, com menos pigmentação, é possível ver melhor a translucidez.
Fluorescência
De acordo com o artigo “Propriedades ópticas da resina composta”, a fluorescência é um fenômeno caracterizado pela habilidade que a matéria tem de converter diversos tipos de energia em projeção de radiação eletromagnética.
A fluorescência é gerada pela dentina e, quando os dentes estão expostos à luz negra, podem ter coloração azulada ou um branco intenso.
Opalescência
Opalsecência é um fenômeno que acontece quando a luz se espalha e refrata nos microcristais e nas substâncias coloidais da superfície dental.
Quando exposto a uma luz de onda de comprimento longo, o esmalte reflete uma luz cinza azulado.
Como escolher cor da resina composta?
Selecionar a cor ideal da resina composta nem sempre é tão fácil. Apesar de haver escalas, como o sistema Vita, elas não devem ser utilizadas como um método de escolha do tom, e sim como uma ferramenta auxiliar.
Uma dica é fazer a própria escala de cores com a resina que já utiliza, pois assim conseguirá compreender melhor as nuances do produto e encontrar a cor exata.
Outro ponto importantíssimo para se ter atenção é a dentina, responsável por corrigir a cor. Ela deve ser levada mais em conta que o esmalte, para que o resultado saia satisfatório.
No vídeo do canal Leonardo Muniz, você pode conferir a explicação do professor de como acertar na escolha da cor da sua resina composta.
Ativação
Para que as resinas compostas endureçam, é necessário que passem por um processo de polimerização. Esse pode ser feito tanto quimicamente, com a junção de um iniciador e um ativador (chamada de autopolimerizável), quanto fisicamente, por meio de exposição à luz ultravioleta (chamada de fotopolimerizável).
A escolha entre ambos os tipos dependerá do caso do paciente. Se for necessário um tempo maior de manipulação da resina, prefira as fotopolimerizáveis. Já se for possível fazer uma operação mais rápida, opte pelas autopolimerizáveis.
Bônus: dicas de resinas compostas
E, afinal, quais resinas compostas você deve experimentar? Para tirar as suas dúvidas, separamos algumas marcas que valem a pena testar no seu consultório e que estão disponíveis no site da Surya Dental.
Resina IPS Empress Direct (Ivoclar Vivadent)
Para quem procura por um produto de alta performance e que proporciona altíssimo padrão estético, a dica é a resina Empress Direct, que oferece ampla tonalidade e translucidez.
Está disponível em 32 tons e cinco níveis de translucência, tem tom opalescente, alto brilho e boas propriedades de polimento.
Além disso, não é necessário utilizar técnicas de assentamento específicas. A Empress Direct tem fluorescência real e é extremamente insensível à luz.
O produto é indicado para:
- Restaurações anteriores (Classes III e IV);
- Restaurações posteriores (Classes I e II);
- Restaurações cervicais (Classe V, cáries cervicais, erosões radiculares, defeitos cuneiformes);
- Correções de forma e de posicionamento dos dentes (fechamento de diastemas e de “triângulos pretos” interdentais, alongamentos da borda incisal);
- Facetas diretas.
A embalagem contém 1 seringa de 3 g e dentina B1.
Resina Estilete Omega (Tokuyama)
A resina Estilete oferece 11 tonalidades, estética de alta classe e ótimas propriedades mecânicas. Em relação à manipulação, ela é excelente e, além disso, tem alta resistência flexural e de compressão.
O produto também proporciona ótimo polimento, retenção de brilho e boa radiopacidade clínica.
A resina Estilete é indicada para:
- Restaurações anteriores e posteriores, incluindo a superfície de oclusão e todas as cáries;
- Fechamento de diastema;
- Reparo de porcelana/compósito;
- Estratificação Policromática;
- Customização de Matiz, Croma e Saturação;
- Adição de efeitos de cor a zonas de contraste;
- Técnica Resina Termicamente Modificada (O resultado deste procedimento depende inteiramente do protocolo de cada profissional. A Tokuyama Dental Inc. não divulga protocolos para resina termicamente modificada).
Resina Forma (Ultradent)
A resina Forma conta com a tecnologia nano-híbrida com zircônia e oferece consistência de fácil manipulação e polimento.
O produto proporciona 15 tonalidades, entre dentina, esmalte e efeito. Além disso, a marca oferece excelentes propriedades mecânicas em uma resina fotoativada.
A resina Forma é indicada para restauração de dentes anteriores e posteriores.
Resina Harmonize (Kerr)
Um dos grandes benefícios da resina Harmonize é a capacidade de imitar as estruturas dentais do paciente, proporcionando excelente estética.
A manipulação é outra vantagem do produto: a consistência é firme, a viscosidade excelente e não gruda na espátula ao manipular.
A resistência mecânica e a baixa contração torna o pós-operatório melhor, diminuindo a sensibilidade, assim como a incidência da infiltração marginal.
Outra característica interessante é a capacidade de difundir luz de maneira similar ao esmalte humano.
Resina Harmonize é indicada para restauração de dentes posteriores e anteriores.
Resina Filtek Universal Restorative (3M)
Quando o assunto é resina composta, a 3M não pode ficar de fora. A marca é conhecida no mundo todo pelos produtos inovadores para diferentes áreas, incluindo odontologia.
A resina Filtek conta com nanotecnologia, o que gera resistência ao desgaste e excelente manuseio.
O design da embalagem também oferece benefícios e garante o acesso fácil às cavidades profundas.
Esse produto é indicado para:
- Restaurações diretas em dentes anteriores e posteriores (incluindo a superfície oclusal);
- Confecção do núcleo de preenchimento;
- Esplintagem;
- Restaurações indiretas: inlays, onlays e facetas.
Se você atua na área de dentística, é muito importante que utilize resinas compostas. Suas propriedades podem render bons resultados com relação a aparência e funcionalidades.
Entretanto, lembre-se de estudar sobre cada tipo e escolher o que mais se encaixa às necessidades do seu paciente.
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Boa tarde!
Queria por gentileza, tirar uma preocupação com os senhores, visto eu ter ido ao dentista ontem 09/10/2020), cujo optou por restaurar minhas obturações que caíram, optando usar dessa vez , o material ionomeno de vidro!
Perguntei se colocaria resina , Igualmente da ultima vez, pois ja havia feito um tratamento exclusivamente para trocar obturações de amalgama de anos atrás , por resina, após tb me informar sobre os possíveis malefícios do amálgama à nossa saúde. Pois bem, chegando em casa após a consulta de ontem, tb fui ler o sobre o ionômeno de vidro e lendo um trabalho publicado, (claro que muito leigamente) pude ver que esse material tem um liberação contínua de flúor, e que contém alumínio, que sabemos serem substâncias que contribuem muito para o desenvolvimento da doença de alzeihmeir. (mercúrio, alumínio, flúor) O que os senhores me aconselham?
Estou preocupadíssima: meu pai e minha mãe tiveram Alzeihmeir. E eu estou realizando exames para confirmar hepatite medicamentosa, ou aguda. Os outros tipos ja foram descartados. Aguardo resposta, se possivel, pir favor
Muito obrigada
Olá, Valeria! Tudo bem?
O melhor a fazer é procurar um profissional da área para tirar todas as dúvidas e receber um diagnóstico correto do caso, pois só ele poderá encaminhar você para a melhor solução.
Esperamos que dê tudo certo. Abraços!