Mimetizando o tecido gengival em próteses totais

proteses totais

A harmonia facial é influenciada pela aparência bucal, sendo assim uma prótese estética deve manter os traços faciais típicos, o perfil, a forma e suporte dos lábios e a harmonia ao sorrir.

A atratividade do sorriso não está apenas relacionada ao posicionamento dos dentes, mas também pela exposição gengival. Reproduzir essa exposição gengival de forma mais natural possível na prótese sempre foi um desafio para o técnico, devido à dificuldade de imitar as diversas cores existentes no tecido gengival.

O objetivo do presente trabalho é demonstrar a caracterização de próteses totais, através da estratificação gengival seguindo o planejamento reverso e princípios biomiméticos.

Relato do caso

Paciente do sexo feminino, F.L.S.E, 55 anos, procurou a clínica de Odontologia do Centro Universitário do Norte Paulista, desejando trocar as suas próteses totais (PT).

Após o diagnóstico, foi proposta a confecção de duas próteses totais, utilizando a caracterização gengival através do Sistema Tomas Gomes de caracterização gengival (STG ).

As próteses totais foram confeccionadas seguindo os princípios do planejamento reverso, sendo até a ceroplastia tendo sido realizada com caracterização. O objetivo é reproduzir da forma mais próxima possível as cores da mucosa bucal, evitando assim discrepância de cores entre as mesmas.

Após a aprovação da paciente, foi realizada a finalização da prótese.

Método

A sequência clínica-laboratorial de confecção da prótese total foi a seguinte:

1º passo: anamnese, exame clínico detalhado e exame complementar (radiografia panorâmica).

2º passo: moldagem anatômica ou preliminar com hidrocolóide irreversível (alginato). Figura 1A e 1B.

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Moldagem da maxila (Figura 1A).
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Moldagem da mandíbula (Figura 1B).

3º passo: confecção da moldeira individual com resina incolor.

4º passo: para a moldagem funcional, neste caso optou-se pelo silicone de condensação (pasta densa) para selamento periférico (Figura 2A) e o silicone fluido (pasta leve) para o restante da área basal (Figura 2B). No entanto, antes é preciso aplicar uma camada fina de adesivo de moldeira para criar a união do material de moldagem (Figura 2C).

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Selamento periférico com silicone condensação (pesado) (Figura 2A).
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Modelagem da área basal com silicone fluido (leve) (Figura 2B).
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Aplicação do adesivo de moldeira (Figura 2C).

5º passo: prova do rolete de cera, uso da régua de Fox para a determinação dos planos oclusal (Câmper) e horizontal (interpupilar) (Figura 3A), registro da DVO com compasso de Willis (Figura 3B) e travamento da mordida com pasta zincoenólica (Figura 3C).

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Régua de Fox para determinação dos planos oclusal e horizontal (Figura 3A).
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Registro da Dimensão Vertical de Repouso (DVR) e da Dimensão Vertical de Oclusão (DVO). DVO = DVR – EFL (Figura 3B).
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O registro de mordida foi realizado através de travamento dos roletes de cera usando pasta zinco enólica (Figura 3C).

6º passo: montagem dos modelos no articulador semiajustável (Figura 4B), sendo utilizada a mesa de Câmper para o modelo superior (Figura 4A).

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Montagem do modelo superior no articulador semiajustável, utilizando mesa de Câmper (Figura 4A).
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Montagem dos modelos superior e inferior no articulador semiajustável (Figura 4B).

7º passo: a montagem de dentes iniciou-se pelo hemiarco esquerdo da maxila. Neste caso, os dentes escolhidos foram os dentes Premium (Kulzer) pelas seguintes características: são dentes anatômicos, resistentes à fratura devido a sua tecnologia Incomp (injeção e compressão de camadas). Através do método de produção pelo sistema CAD/CAM garante que seus pares sejam idênticos, aprimorando com isso o resultado estético.

Cada dente teve seu devido posicionamento em relação ao rolete de cera e a mesa de Câmper para garantir uma estética mais harmônica e reproduzir as curvas de compensação Speee Monson devidamente.

Com isso, obtivemos uma oclusão bilateral balanceada e a garantia de maior
estabilidade das próteses (Figura 5A e 5B).

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Montagem do hemiarco esquerdo (Figura 5A).
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Montagem completa da maxila (Figura 5B).

Após a montagem completa dos dentes da maxila, foi removida a mesa de Câmper para a montagem dos dentes da mandíbula, iniciando pelo primeiro molar inferior em chave de oclusão (classe I), ou seja, cúspide mesiovestibular do primeiro molar superior ocluindo no sulco central do primeiro molar inferior (Figura 6A e 6B).

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Montagem do primeiro molar inferior de ambos os lados (Figura 6A).
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Montagem do primeiro molar inferior em chave de oclusão de ambos os lados (Figura 6B).

Após realizarmos a montagem dos molares inferiores, montamos os dois incisivos centrais inferiores topo a topo com os incisivos centrais superiores fazendo o movimento de protrusão no articulador, isto é, levamos o pino incisal para trás.

Neste momento, obtemos o “tripoidismo”(estabilidade por meio de três pontos), ponto de toque simultâneo entre os molares do lado esquerdo e direito superior e inferior, e dos incisivos centrais superiores e inferiores. Através dessa metodologia de montagem, determinamos o overjet e overbite para a prótese. (Figura 7A e 7B)

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Cera travando o pino incisal em movimento de protrusão para montagem dos incisivos inferiores topo a topo com os incisivos superiores (tripoidismo) (Figura 7A).
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Vista posterior do movimento de protrusão no articulador semi-ajustável. detalhe das características ópticas dos dentes premium – opacidade de dentina e translucidez incisal naturais (Figura 7B).

Dando continuidade à montagem, foram posicionados os dentes 32, 35, 42 e 45 (Figura 8A).

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Posicionamento dos dentes 32, 35, 42 e 45 (Figura 8A).

Em seguida, os dentes 33 e 34, realizando o movimento de lateralidade e checando a guia de função em grupo. No caso de prótese total, este movimento está relacionado com estabilidade da prótese, pois quando o movimento é realizado para o lado de trabalho irá acontecer contatos dentários deslizantes nos respectivos dentes: canino, pré-molares e molares superiores e inferiores, e do lado de balanceio irá acontecer toque dos dentes posteriores e vice-versa, não deixando acontecer movimento de báscula, o que desloca a prótese (Figura 8B).

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Posicionamento dos dentes 33 e 34 para realização de movimento lateralidade (guia de função em grupo) (Figura 8B).

8º passo: após a montagem completa dos dentes, a próxima etapa é a ceroplastia. Então, depositamos cera em toda vestibular da prótese para realizar a escultura (Figura 9A e 9B).

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Montagem dos dentes premium finalizada (Figura 9A).
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Cera depositada em toda a vestibular da prótese para realização da ceroplastia (Figura 9B).

9º passo: a ceroplastia começou pelo recorte das cervicais do hemiarco esquerdo superior e inferior, em seguida passando para outro hemiarco. (Figura 10A).

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Recortes cervicais do hemiarco esquerdo superior e inferior (Figura 10A).

Na sequência, foi realizada a escultura das fossas, bossas, gengiva inserida, mucosa alveolar e rugosidade palatina com as ceras para enceramento de prótese total da Polidental por Angelo Rossett Jr. para mimetizar o tecido gengival. (Figura 10B, 10C, 10D e 10E)

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Recorte cervical de todos os dentes mais a escultura de fossas e bossas (Figura 10B).
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Gengiva inserida e região de mucosa alveolar (Figura 10C).
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Rugosidade palatina (Figura 10D).
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Ceroplastia finalizada (Figura 10E).

10º passo: prova dos dentes Premium (Kulzer) (Figura 11A e 11B).

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Estética dental e gengival (Figura 11A).
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Estética facial (Figura 11B).

11º passo: inclusão das próteses após a aprovação da paciente, a acrilização seguiu os princípios do planejamento reverso (ceroplastia caracterizada), utilizando o sistema de caracterização de gengivas Tomas Gomes (STG). Na sequência, realizou-se a polimerização das próteses, demuflagem, remontagem no Articulador semiajustável para ajustes oclusais, acabamento e polimento (Figuras 12A, 12B, 12C, 12D, 12E, 12F).

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Demuflagem da parte inferior (Figura 12A).
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Demuflagem da parte superior. Modelo pronto para remontagem em articulador semiajustável através das canaletas realizadas no mesmo (Figura 12B).
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Vista da região palatina após demuflagem (Figura 12C).
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Remontagem das próteses no asa para ajustes oclusais. Depois, acabamento e polimento (Figura 12D).
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Polimento da prótese total superior (Figura 12E).
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Próteses finalizadas (polimento) (Figura 12F).

12º passo: instalação das próteses (Figuras 13A, 13B e 13C).

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Intrabucal (Figura 13A).
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Intrabucal vista palatina (Figura 13B).
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Intrabucal vista lateral (perfil) (Figura 13C).

13º passo: registro facial antes e depois (Figuras 14A e 14B).

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Prótese antiga (Figura 14A).
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Prótese nova (Figura 14B).

Conclusão

Seguindo os princípios biológicos e estéticos, a prótese alcançou um resultado bastante satisfatório. Com a utilização de materiais específicos para caracterização gengival aliado às habilidades do cirurgião-dentista e técnico de prótese dentária, torna-se possível obter uma excelente biomimética.

Autor

Danilo de Sousa Machado
Aluno do curso de graduação em Odontologia do Centro Universitário do Norte Paulista (Unorp), técnico em Prótese Dentária pela Etec Philadelpho Gouvêa Netto.

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