Você sabia que o câncer de boca é uma doença que atinge milhares de pessoas todos os anos e que, quando diagnosticada precocemente, tem muito mais chances de cura? Apesar de pouco abordado em nosso dia a dia, esse tema merece atenção, pois envolve hábitos comuns, como fumar, consumir bebidas alcoólicas e, até mesmo, descuidos com a higiene bucal e a exposição ao sol.
Neste texto, vamos mostrar o que é esse tipo de câncer, seus principais fatores de risco e, principalmente, como a prevenção pode salvar vidas — com destaque para a atuação fundamental dos dentistas, que podem ser os primeiros a identificar sinais suspeitos e orientar o paciente de maneira adequada. Fique conosco e aproveite nossos ensinamentos!
Afinal, o que é o câncer de boca?
O câncer da boca (também conhecido como câncer de lábio e cavidade oral ou neoplasia maligna da cavidade oral) é um tumor maligno que afeta não só os lábios, mas também as demais estruturas da boca, como:
- Gengivas;
- Bochechas;
- Céu da boca (palato);
- Língua (principalmente as bordas e laterais);
- Assoalho da boca (região embaixo da língua);
- Trígono retromolar (área atrás dos dentes do siso).
Quais são os tipos mais comuns de câncer de boca?
- Carcinoma de células escamosas: abrange cerca de 90% dos casos. Esse tipo de câncer de boca se inicia nas células mais superficiais do revestimento da cavidade bucal e da garganta;
- Carcinoma verrucoso: baixa agressividade. Raramente produz metástases e representa menos de 5% dos casos, mas pode se espalhar profundamente pelos tecidos adjacentes. Por esse motivo, o carcinoma verrucoso deve ser removido;
- Carcinoma de glândulas salivares: ocorre quando as células cancerígenas penetram em camadas mais profundas da cavidade bucal.
Quais são os sintomas de um câncer de boca?
Os sintomas do câncer de boca vão desde feridas na boca que demoram para cicatrizar até mudanças na voz, dormência na língua e perda de peso. Confira todos abaixo:
- Feridas na boca que não cicatrizam por, pelo menos, 20 dias;
- Dor (na cavidade bucal) que não passa;
- Nódulo persistente ou espessamento na bochecha;
- Área avermelhada ou esbranquiçada em qualquer local da cavidade;
- Irritação na garganta, sensação de que alguma coisa está presa ou entalada;
- Sangramento sem causa conhecida em qualquer região da boca;
- Dificuldade para mastigar ou engolir;
- Dificuldade para mover a mandíbula ou a língua;
- Dormência em qualquer área da boca;
- Queda de dentes;
- Inchaço da mandíbula;
- Mudanças na voz;
- Nódulos ou gânglios aumentados no pescoço;
- Perda de peso repentina;
- Mau hálito persistente;
- Dificuldade para falar, mastigar ou engolir (em casos mais avançados).
Quais são os fatores que colaboram para o câncer de boca?
Essa doença é o quinto tumor mais frequente em homens a partir de 40 anos e os seus principais fatores de risco são o tabagismo e o alcoolismo (principalmente entre os chamados “bebedores pesados”, que bebem mais de 21 doses de álcool por semana). Além disso, estudos indicam alguns outros fatores que aumentam as chances de desenvolver câncer de boca:
- Dietas pobres em vegetais, frutas e legumes;
- Infecção pelo vírus HPV;
- Exposição dos lábios ao sol sem proteção;
- Irritações da mucosa bucal, causadas, por exemplo, por dentaduras, pontes e coroas que não são avaliadas periodicamente;
- Ingestão de drogas imunossupressoras, utilizadas para evitar a rejeição de um transplante, por exemplo;
- Idade.
De acordo com o Ministério da Saúde, a maioria dos casos é diagnosticada em estágios avançados (mais de 50%). Além disso, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), estima-se 15,1 mil novos casos/ano, dos quais 72% em homens, para o triênio 2023–2025.
Acesse e leia depois: quais os malefícios do cigarro para a saúde bucal?
Como ocorre o diagnóstico do câncer de boca?
Normalmente, um clínico geral consegue fazer o diagnóstico e encaminhar o caso a um cirurgião de cabeça e pescoço para prosseguir com o atendimento.
Esse especialista fará exames como a laringoscopia e a ultrassonografia para conferir se o câncer de boca se disseminou para sub-regiões da cavidade oral e para os linfonodos cervicais.
Também são solicitados exames de imagem, como tomografias computadorizadas, PET Scan ou ressonâncias magnéticas. Como complemento, a biópsia do tecido tumoral também é requerida para o diagnóstico histológico do tumor maligno da boca.
Além de um clínico geral, o cirurgião dentista é quem identifica a presença do câncer de boca. Em consulta, ele detecta sinais como placas esbranquiçadas, lesões avermelhadas e feridas — que, se estiverem presentes há mais de 20 dias sem melhora, significam fortes indícios de que será preciso de uma investigação mais acurada.
Como é o tratamento do câncer de boca?
As formas mais comuns de tratamento de câncer de boca são cirurgia, radioterapia, quimioterapia, imunoterapia e tratamento paliativo. Eles podem ser realizados de forma isolada ou combinados, dependendo dos sintomas, do estado do paciente e do estágio da doença.
Aproveite e leia também: guia do protocolo odontológico para pacientes oncológicos.
Como prevenir os riscos de câncer de boca?
Nossa primeira dica é: não fume, evite o consumo de bebidas alcoólicas, tenha uma alimentação rica em frutas, verduras e legumes e evite a exposição prolongada ao sol. Confira abaixo mais direcionamentos:
- Evitar exposição prolongada ao sol. Quando for necessário, use protetor solar, protetor labial, chapéu ou boné;
- Criar uma rotina de higiene bucal adequada, escovando os dentes, pelo menos, 2x ao dia, além de usar antissépticos bucais e visitar o dentista periodicamente;
- Usar preservativo masculino ou feminino, inclusive durante a prática do sexo oral;
- Vacinar crianças e adolescentes, de 9 a 14 anos, contra o HPV;
- Ter uma alimentação rica em frutas, verduras e legumes;
- Não fumar e não se expor à fumaça do cigarro;
- Evitar o consumo de bebidas alcoólicas;
- Caso tenha dentadura ou implante, tirar e fazer a limpeza correta todas as noites antes de dormir;
Qual é o papel do dentista em casos de câncer de boca?
Você sabia que a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a prevenção pode ajudar a reduzir a incidência do câncer de boca em até 25%? Sim! E é nesse exato ponto onde o profissional de odontologia ganha ainda mais destaque.
De fato, o diagnóstico é feito, normalmente, pelo cirurgião de cabeça e pescoço. No entanto, falamos aqui da prevenção e do diagnóstico antecipado: com a devida recorrência das visitas ao dentista (preferência a cada 6 meses), há muito mais chances de que a doença seja identificada previamente pelo profissional.
Assim, caso ele perceba algum sinal suspeito, poderá encaminhar o paciente para o médico responsável. Afinal, quanto antes o câncer for detectado, maiores são as chances de tratamento e recuperação.
Ao longo desse conteúdo, vimos que o câncer de boca é, ao mesmo tempo, uma ameaça real e um problema que pode ser combatido de forma efetiva por meio de prevenção, mudança de hábitos e diagnósticos precoces.
Por isso, a visita regular ao dentista é indispensável: além de manter a saúde bucal em dia, o profissional é uma peça-chave para identificar quaisquer alterações preocupantes e orientar o tratamento quanto antes. Lembre-se de que cuidar da sua saúde é um ato de responsabilidade consigo mesmo e com quem você ama — por isso, mantenha uma rotina de cuidados e procure sempre um especialista diante de qualquer sinal de alerta.
Ah, e se quiser ficar por dentro de mais temas relacionados à saúde, tratamentos e muitos outros assuntos relacionados à medicina odontológica e áreas correlatas, como a harmonização orofacial, fique ligado em nosso blog, pois estamos sempre trazendo novidades. Até a próxima!