Apicectomia: Estudo de caso clínico

A Apicectomia é um ato de ressecção apical, indicada em casos de perfurações de raízes no terço apical, fratura de instrumentos endodônticos, raízes dilaceradas, presença de ramificações com canais não obturados ou o insucesso do tratamento endodôntico onde permanece a presença de microrganismos nas áreas radiculares apicais mesmo após o processo de desinfecção e obturação do mesmo (1).

O objetivo deste caso é demonstrar uma alternativa para preservação de um elemento dental que sofreu dilaceração radicular, comprometendo a dentina, o cemento e a polpa da área fraturada (15). Foi utilizado como critério de escolha para terapêutica cirúrgica, a região radicular envolvida na fratura, forma de alisamento radicular e material para preenchimento alveolar.

 

Introdução

Utilizando as técnicas de sondagem periodontal, exame radiográfico, fistulografia, transiluminação, teste de mobilidade, de vitalidade pulpar e em alguns casos com auxílio de um tomógrafo, o diagnóstico de fratura radicular torna-se mais claro, direcionando qual melhor terapêutica a ser indicada, neste caso, a apicectomia surge como uma alternativa para evitar uma exodontia. (13,14)
Relato de Caso Clínico

Paciente do sexo feminino de 40 anos, caucasiana, não fumante, sem hábitos nocivos, foi encaminhada ao consultório apresentando desconforto à compressão digital com sinais de extavasamento de pus pelo colo cervical do elemento. (12)

A sondagem periodontal evidenciou perda óssea na face vestibular (10 milímetros), o RX periapical revela radiolucidez não delimitada, sugestiva de granuloma, formada por tecido inflamatório envolvendo o ápice radicular desvitalizado.

Para auxiliar no diagnóstico, a película foi fotografada e a imagem ampliada no computador, revelando uma fratura do delta apical de aproximadamente 3 (três) milímetos. Questionada, a paciente relatou não recordar de traumas nessa região, porém o desconforto que sentia era superior a três meses.

Na assepsia extraoral, foi utilizado CLOREXORAL a 2% da empresa Biodinâmica (2,3,4 e 5), evitando com isso reações alérgicas a produtos com base de iodo e garantindo uma correta área asséptica. Já para intraoral, foi utilizado digluconato de clorexidina a 0,12% como bochecho por 60 segundos (6).

O procedimento cirúrgico foi realizado com anestésico local injetável CLORIDRATO de ARTICAÍNA + EPINEFRINA / 72MG + 18 UG CARPULE de modo infiltrativo e localizado.

A incisão foi realizada com lâmina cirúrgica de curto diâmetro em uma angulação de biselamento de 45 graus, expondo somente a área a ser trabalhada (técnica retalho semilunar), preservando uma parte da gengiva inserida, garantindo boa irrigação sanguínea na área cirúrgica e preservando as papilas interdentais.

Discussão

A fratura resultou na dilaceração do delta apical, neste caso envolvendo possíveis canais laterais e ramificações apicais (93% a 98% segundo KIM et al. – 2001 – Microsurgery in endodontics. W.B. Sauders Company; 172p) (7).

Seguindo as recomendações de NEDDERMAN et al (8); e CARR G.B (9), foram selecionadas brocas de alta rotação tanto para melhora do acesso ósseo quanto para remodelação apical com irrigação contínua de soro fisiológico.

O ápice radicular fraturado foi removido, toda a loja cirúrgica foi curetada e a raiz dentária debridada, com irrigação constante, removendo áreas que podem formar degraus e com isso, servindo de reservatórios de tecido pulpar necrótico e de bactérias, levando ao insucesso do procedimento.

O remanescente radicular foi remodelado a uma angulação de 90 graus, garantindo o aumento da área disponível para reinserção do ligamento periodontal (MAILLET et al. (1996) (10), evitando uma maior exposição de túbulos dentinários e preservando um maior remanescente radicular (11,12).

O alvéolo foi devidamente preenchido com ALVEOLEX (Biodinâmica), esse material foi selecionado por ser um produto biocompatível, possuir leve ação antimicrobiana, auxiliar e estimular a regeneração tecidual, garantindo a paciente um pós-cirúrgico mais confortável e uma correta recuperação da loja cirúrgica.

A sutura realizada com fio de sutura de Seda Trançada 4-0 com pontos simples mantendo uma mínima distância entre eles para que a mesma possa higienizar a área cirúgica com uma gaze e gel de clorexidina.

A mesma foi submetida a controles radiográficos periódicos.

Conclusão

Ao final da cirurgia, constatou-se que o uso da Técnica de Apicectomia, quando corretamente indicada, se mostra uma alternativa bastante eficaz para garantir uma maior sobrevida a elementos dentais que apresentam lesões ou que sofreram dilacerações em seus deltas apicais, evitando possíveis exodontias, preservando estruturas ósseas e com isso, mantendo um maior equilíbrio bucal.

Apicectomia

Apicectomia

Apicectomia

Apicectomia

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Apicectomia

Apicectomia

Apicectomia

Apicectomia

Apicectomia

mat11

Autor: Rodrigo Cirilo Deutsch

Sobre o autor: Especialista em Periodontia (UEL-PR); Professor Assistente e Monitor Clínico do curso de Especialização em Implantodontia do Instituto Ingá (UNINGÁ) sede Londrina; Membro da Associação Brasileira de Analgesia e Sedação Consciente em Odontologia – ABASCO

Fonte: 39ª Edição – Revista Surya News

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