Atualmente, foi possível obter uma Odontologia mais minimamente invasiva e estética, pois foram desenvolvidos excelentes materiais restauradores adesivos. Estes procedimentos geralmente compõem a maior parte do dia-a-dia clínico.
Entretanto, para assegurar bons resultados clínicos, além de um material restaurador de qualidade, é imprescindível que haja uma preocupação com o equipamento de fotopolimerização a ser utilizado e na técnica empregada durante a fotopolimerização. Considerando a relevância clínica da fotopolimerização, convidamos o Professor Marcelo Giannini, que representou o Brasil num encontro que reuniu experts em fotopolimerização de todo o mundo, para compartilhar os consensos que saíram deste importante encontro. Boa leitura a todos!
A importância da fotoativação
A Odontologia Restauradora contemporânea tem usado principalmente materiais à base de resina. Além disso, com o sucesso dos adesivos dentais que unem esses materiais restauradores às estruturas dentais, aumentaram ainda mais as aplicações clínicas para essa linha de produtos.
Durante muito tempo, a importância da etapa de fotoativação foi negligenciada, pois essa etapa era tratada com simplicidade. Em muitas bulas dos materiais restauradores, a etapa de fotoativação tem sido descrita apenas como “…então polimerize”, depois de uma descrição complexa da técnica de aplicação do material.
Preocupados com essa importante etapa do procedimento restaurador, um grupo de pesquisadores liderados pelo Prof. Dr. Richard B. T. Price iniciaram em 2013 um encontro anual denominado “International Symposium on Light Sources In Dentistry”, sediado na Dalhousie University na cidade de Halifax, Canadá.
Neste encontro, o Prof. Price convida não mais que 40 pesquisadores do todo mundo para discutir temas relacionados ao assunto e como característica principal é a elaboração de um documento ou “Consenso”, que reporta o assunto discutido e as decisões dos participantes. Poucos brasileiros têm sido convidados para participar deste evento e seleto grupo de pesquisadores.
Em 2015, o Consenso do grupo foi sobre “Dicas para ajudar você a escolher seu próximo aparelho de fotoativação”. Neste documento, publicado na Revista APCD de Estética (2015;03(2):222-3), foram comentadas as principais características que um aparelho emissor de luz para fotoativação deve ter, como: irradiância mínima e máxima, tempo de fotoativação, manutenção do aparelho, tamanho da ponta do aparelho, características da luz emitida, entre outros (Figura 1)².
No ano de 2016, o assunto discutido foi “Instruções para o uso de compósitos do tipo Bulk-fill”. Este tema foi escolhido frente ao aumento do uso e para melhor performance clínica deste tipo de material restaurador. Foram discutidos os tipos de resinas compostas Bulk-fill, a avaliação das dimensões da cavidade a ser restaurada, tempo de fotoativação, posicionamento do aparelho intra-oralmente e a fotoativação adicional pelas faces livres do dente. O consenso foi publicado na revista Journal of Clinical Dentistry and Research (2017 Jun-Sep;14(3):40-50) (Figura 2)³.
Em 2017, o assunto do evento foi “Diretrizes para adesão bem sucedida às estruturas dentais mineralizadas” e a publicação do Consenso será feita em breve numa revista brasileira. Foram discutidas as classificações destes materiais adesivos, técnicas de aplicação, cuidados com evaporação dos solventes, a aplicação do material restaurador e a fotoativação. Para o ano de 2018, o evento terá como tema principal a fotoativação através de materiais restauradores indiretos.
Referências
1- Light curing in dentistry and clinical implications: a literature review. Rueggeberg FA, Giannini M, Arrais CAG, Price RBT. Braz. Oral Res. 2017;31(suppl):e61.
2- Consenso de 2015: Dicas para ajudar a escolher seu próximo aparelho de fotoativação. Price RTB, Rueggeberg FA, Arrais CAG, Giannini M. Revista APCD de Estética (2015;03(2):222-3).
3- Instruções para o uso de compósitos do tipo Bulk-fill; 2016”. Price RTB, Soares CJ, Correa IC, Giannini M. Journal of Clinical Dentistry and Research. 2017 Jun-Sep;14(3):40-50.
Sobre o autor
Prof. Dr. Marcelo Giannini
Graduação em Odontologia (1992), Mestrado (1997) e Doutorado (1999) em Clínica Odontológica (Área de Dentística) pela Universidade Estadual de Campinas. No ano de 2004, concluiu a Livre Docência e atualmente ocupa o cargo de Professor Associado III no Departamento de Odontologia Restauradora (Área de Dentística) da Faculdade de Odontologia de Piracicaba – Universidade Estadual de Campinas, onde iniciou suas atividades como docente em 1995. Atua no ensino de Graduação (Clínica Integrada, Laboratórios e Aulas Teóricas) e nos cursos de Pós-Graduação em Clínica Odontológica e Materiais Dentários da FOP-UNICAMP.