A demanda por tratamentos de excelência restauradora tem aumentado nos últimos anos. Isso decorre da alta expectativa do paciente, frente às diversas possibilidades que nós, profissionais da Odontologia, podemos oferecer.
Entretanto, o equilíbrio entre os anseios do paciente, a escolha do material restaurador e a previsibilidade do caso são pilares de extrema importância para o sucesso do tratamento, assim como a garantia da estética e função.
A escolha da resina composta direta como uma opção restauradora possibilita inúmeras vantagens técnicas. O procedimento pode ser executado em apenas uma sessão clínica, apresenta baixo custo em relação às cerâmicas, dispensa também etapas laboratoriais, bem como moldagem e confecção de provisórios, possibilitando assim um resultado reversível e quase imperceptível, devido a capacidade desse material em conseguir mimetizar as estruturas dentárias.
A reabilitação estética de elementos escurecidos se destaca como um dos maiores desafios para o clínico. Neste cenário, o tratamento abordado pode variar desde de uma maneira mais conservadora, como o clareamento dentário, até tratamentos mais invasivos, como restaurações diretas ou indiretas.
Com o avanço dos procedimentos adesivos, bem como a evolução das resinas compostas, a técnica direta tornou-se uma conduta clínica que nos permite excelentes resultados estéticos, menor custo para o paciente, bem como o restabelecimento da função.
O caso clínico a seguir ilustra uma abordagem de restauração com resina composta pela técnica direta sobre um dente escurecido e fragilizado, seguindo os preceitos biológicos, funcionais e estético. Foram também utilizadas técnicas de clareamento dental e inserção de pino de fibra de vidro para retenção do material restaurador e reforço estrutural do remanescente coronário fragilizado.
Relato de caso
Paciente do gênero masculino, 25 anos, procurou o curso de aperfeiçoamento em Dentística da Associação Brasileira de Odontologia, em Alagoas, relatando insatisfação com o seu sorriso, especificamente com um incisivo central que se encontrava escurecido, devido a um trauma sofrido há dois anos (Fig. 1). O paciente apresentava boas condições de saúde, sem qualquer restrição médica.
Durante o exame clínico, foi percebida a alteração cromática do elemento 11, presença de restauração insatisfatória e colagem do fragmento fraturado.
Na avaliação do exame radiográfico, constatou-se a presença de tratamento endodôntico, sem sinais de reabsorção, porém o mesmo apresentava uma ampla abertura coronária e sinais de restos de material obturador endodôntico dentro da câmara pulpar.
Nesta mesma sessão, foi realizado um protocolo fotográfico para o melhor diagnóstico e planejamento do caso.
O tratamento escolhido foi a realização de clareamento dental pela técnica imediata, seguido de restauração com resina composta pela técnica direta com auxílio de um pino de fibra de vidro para melhor retenção.
Previamente à etapa do clareamento, a câmara pulpar foi devidamente limpa, removendo detritos de material obturador endodôntico e confecção de um tampão de ionômero de vidro (Riva – SDI) (Fig. 2).
A técnica de clareamento para despolpados foi a imediata, quando foi utilizado gel de peróxido de hidrogênio a 35%, aplicado sobre a superfície e dentro da câmara pulpar do elemento 11, por 45 minutos, durante duas sessões clínicas, obtendo um excelente resultado final (Fig.3).
Devido a fragilidade do remanescente coronário e a presença de tratamento endodôntico, um pino pré-fabricado de fibra de vidro foi selecionado para ajudar na retenção do material restaurador.
A partir desse contexto, por meio de brocas de largo, seguiu-se com a desobturação do conduto radicular (Fig. 4), e com as brocas do próprio sistema de pinos, as paredes radiculares foram adaptadas ao formato e diâmetro do pino escolhido (Fig. 5). Em seguida, uma radiografia periapical foi obtida para a confirmação da adaptação (Fig. 6).
Para a cimentação, o pino foi preparado com limpeza superficial com ácido fosfórico a 37%, seguida da aplicação de agente silano, uma fina camada do sistema adesivo e fotoativação, obedecendo às orientações dos fabricantes (Fig. 7).
No preparo do conduto radicular, utilizou-se hipoclorito de sódio para desinfecção, seguido por lavagem abundante com água e secagem com pontas de papel absorvente (Fig. 8 e 9).
Para a cimentação do pino, foi utilizado o cimento resinoso auto-adesivo Set PP (SDI), cimento este que dispensa as etapas de condicionamento ácido e aplicação do sistema adesivo no interior do canal radicular, apresentando também cura dual, característica fundamental para a cimentação de pinos intra-radiculares (Fig. 10).
Para a etapa restauradora, foram utilizadas resinas compostas do sistema Aura (SDI). Este material tem como característica diferencial ter seu sistema de cores baseado em croma e valor.
No sistema Aura, as cores de dentina foram definidas somente em função do croma. A partir da cor básica da dentina, a indústria desenvolveu cores mais saturadas (mais escuras) ou menos saturadas (mais brancas).
As cores de dentina são chamadas de Dentin Chroma, representadas pela sigla DC e ordenadas por sua saturação sendo sete para dentes naturais (DC1, DC2, DC3, DC4, DC5, DC6, DC7) e uma para dentes clareados (Db).
As cores de esmalte são representadas pelas cores E1, E2 e E3, de acordo com o valor (de maior valor para menor valor). Uma escala de cor do compósito, fornecida junto ao kit, pode ajudar na seleção das massas de dentina e esmalte.
Para o caso clínico relatado, foi selecionada a resina de croma 3 (DC3) para a reprodução da dentina e uma resina de valor médio (E2), para a reprodução da camada de esmalte.
Durante o preparo do elemento dental, o fragmento colado foi parcialmente removido, e um bisel em 45° também foi confeccionado no ângulo cavo-superficial, com o objetivo de esconder a interface dente-restauração (Fig. 11).
A etapa adesiva foi realizada com o condicionamento com ácido fosfórico a 37% no esmalte por 30 segundos e 15 segundos em dentina, e aplicação de um sistema adesivo convencional de 2 passos (Stae-SDI) (Figs. 12 e 13).
A face palatina foi reconstituída com a resina de esmalte Aura E2 com auxílio de uma guia de silicone obtida previamente (Fig. 14 e 15).
Em seguida, a massa dentinária foi confeccionada através da resina Aura DC3 e, para a obtenção de uma maior naturalidade à restauração, mamelos foram reproduzidos com a mesma resina de dentina (Fig. 16).
Finalizando a restauração, uma fina camada de esmalte Aura de valor médio (E2) foi aplicada sobre a dentina artificial e esmalte biselado (Fig. 17).
O resultado final da restauração após etapas de acabamento e polimento, acrescida de reidratação dos dentes, pode ser observado nas imagens 18 e 19.
Conclusão
Os materiais resinosos e as técnicas adesivas atuais nos permitem obter excelentes resultados restauradores, devolvendo estética e função adequadas aos pacientes.
Neste contexto, ter materiais de simples utilização é de grande valia para que todos os profissionais possam obter resultados satisfatórios em seus trabalhos.
O uso de sistemas simplificados de restauração, como o sistema Aura SDI, e cimentação, como o SET PP SDI, encaixam-se perfeitamente na rotina clínica.
Autores
Jorge Eustáquio
Mestre em Dentística – São Leopoldo Mandic – Campinas/SP
Coordenador do Curso de Especialização em Dentística – ABO – AL – Maceió
Samara Franco
Especialista em Prótese Dentária – Profis/USP – Bauru/SP
Aluna do curso de Especialização em Dentística – ABO – Maceió/AL
Bom dia! Achei surpreendente . Trabalho magnífico, uma ajuda a alta estima.
Gostaria de saber se pode ser feito esse procedimento em dente que foi colocado resina . Preciso de ajuda.
Olá, Elizabete! Como vai?
Infelizmente, não temos como responder a essa pergunta. Indicamos que você procure um dentista para esclarecer todas as questões.
Agradecemos o seu comentário. Abraços!
Gostei muito dos trabalhos, resina de boa qualidade trabalho perfeito
Olá, Rosana! Como vai?
Ficamos feliz com o feedback.
Abraços!
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