Na busca pela saúde bucal, pacientes e profissionais da odontologia enfrentam constantes desafios. Entre os métodos de avaliação de sanidade está o CPO-D, ferramenta que mensura a prevalência e incidência da cárie dentária em populações. O modelo se destaca pela realização de diagnósticos precisos e auxilia na hora de propor tratamentos mais assertivos.
Por meio da metodologia, é possível obter um panorama claro do estado de sanidade oral de uma pessoa ou grupo, considerando tanto os danos já causados pela doença, assim como os dentes que foram devidamente tratados ou mesmo perdidos.
Continue a leitura para entender mais sobre o índice, a importância, além de como coletar, calcular e interpretar os dados!
O que é o índice CPO-D?
O CPO-D é uma métrica utilizada na odontologia para avaliar a saúde bucal dos indivíduos a partir do número de dentes cariados, perdidos e obturados.
O índice é utilizado para quantificar a prevalência e a severidade dos problemas dentários em uma população. Ele serve como um indicador importante para pesquisas de saúde pública bucal e para o desenvolvimento de políticas nessa área.
Qual é o significado a sigla CPO-D?
A sigla CPO-D significa:
- C: dentes que possuem cárie não tratada.
- P: dentes que foram perdidos devido a cáries ou outras condições.
- O: dentes que foram obturados devido a cáries ou danos.
- D: representa que o índice é aplicado ao nível dos dentes individuais, como unidade de medida.
Qual a diferença entre CPO-D e CEO-D?
A diferença está na letra “E”, que no índice CEO-D indica que há dentes que precisam ser extraídos. Isto é mais aplicável a crianças com dentição decídua (dentes de leite).
A remoção de permanentes é um evento muito mais raro e geralmente não é contabilizado como parte do processo normal de troca de dentes. Portanto, o CEO-D é mais utilizado em estudos com crianças, para avaliar a condição de cárie na dentição primária.
Componentes do índice CPO-D
A utilização dos componentes cariados, perdidos e obturados (CPO) no índice oferece informações distintas que, combinadas, ajudam em diversas aplicações epidemiológicas e de saúde pública. Vamos explicar sobre cada parte na sequência.
Cariados
Refere-se aos dentes que apresentam cárie não tratada. Este componente é crucial para entender a carga da doença no grupo estudado e medir a necessidade urgente de intervenção odontológica. Ao identificar, é importante agir o quanto antes para evitar a progressão.
Perdidos
Inclui dentes que foram removidos ou perdidos devido a cárie dentária ou doença periodontal. O componente reflete, em parte, o histórico de problemas de saúde bucal do indivíduo e o acesso a cuidados odontológicos.
A perda dentária é uma consequência de longo prazo desses fatores. Em crianças, o componente utilizado é o da extração.
Obturados
Representa os dentes que foram tratados devido à cárie e, portanto, têm obturações (restaurações). Ele mostra a prevalência de doença tratada e a capacidade de acesso aos cuidados odontológicos.
Qual a importância do índice CPO-D?
O índice CPO-D é um importante instrumento epidemiológico que fornece de maneira quantitativa a condição dental de uma população. O panorama informa sobre a prevalência e a severidade das cáries.
A ferramenta é fundamental para identificar áreas com alta necessidade de intervenção em questões orais e, consequentemente, fomentar a criação de políticas públicas para ajudar a resolver o problema. Desta maneira, o planejamento tende a alocar recursos de forma mais eficaz para essas regiões.
Além disso, o CPO-D permite acompanhar a evolução da saúde bucal em populações ao longo do tempo, avaliando o impacto dos programas e das ações implementadas. Assim como auxilia o direcionamento de campanhas de conscientização e medidas preventivas contra a doença.
Como coletar dados do CPO-D
Para coletar dados de maneira precisa, siga um procedimento padronizado de exame clínico. Veja o passo a passo na sequência!
Preparação
Ilumine bem o ambiente para verificar todos os dentes. Deixe todos os instrumentos necessários à disposição. Isso inclui espelho bucal e sonda exploradora.
Protocolo
Defina e siga um protocolo sistemático para examinar todos os dentes em uma sequência determinada, normalmente começando pelo dente 18 (canto superior direito) até o 48 (canto inferior direito), seguindo a numeração odontológica universal.
Exame clínico
Identifique, durante o procedimento, os componentes do índice: dentes cariados, perdidos pela doença e obturados. Caso o exame seja feito na criança com dentes de leite, verifique as extrações.
Recursos complementares
Em casos mais complexos de identificação, diagnósticos extras podem ser utilizados, como radiografias. Desta maneira, são confirmadas lesões não vistas clinicamente.
Registro
Para fazer o cálculo do índice — ensinaremos a seguir —, é preciso ter todos os dados registrados sistematicamente. Você pode até adotar um modelo de ficha com uma tabela de CPO-D para anotar a avaliação de cada paciente em um odontograma.
CPO-D: como calcular?
Para calcular o índice siga os seguintes passos:
- Adicione a quantidade de cada componente coletado: cariados (C), perdidos (P) e obturados (O).
- Divida pela quantidade total de dentes examinados (D).
- Multiplique o valor por 100.
Desta forma, você vai obter o percentual de CPO-D dos dados coletados. A fórmula é a seguinte:
CPO-D = [(C + P + O) / D] * 100
Como calcular CPO-D individual?
Para o cálculo do CPO-D individual, a conta é a mesma. Porém, os números vão ser menores na conta, não considerando a amostragem de um grupo.
Por exemplo, se a pessoa tiver:
- 1 dente cariado
- 1 dente perdido
- 0 obturações
O cálculo é o seguinte, considerando 32 dentes analisados:
CPO-D = [(1 + 1 + 0) / 32] * 100
CPO-D = [2/32] * 100
CPO-D = 6,25
Na sequência, vamos explicar como se interpreta esse resultado.
Interpretação dos resultados do CPO-D
De acordo com material do Data SUS, do Ministério da Saúde, a classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS) considera:
- Muito baixo: 0,0 até 1,1.
- Baixo: 1,2 até 2,6.
- Moderado: 2,7 até 4,4.
- Alto: 4,5 até 6,5.
- Muito alto: 6,6 ou mais.
Fatores que influenciam o CPO-D
Quanto mais alto o valor do CPO-D, maiores são as chances de a saúde pública bucal da população estar em más condições. Outros fatores que estão representados a partir do índice calculado:
- Acesso a cuidados odontológicos.
- Higiene oral e comportamentos de saúde.
- Fluoretação da água.
- Nível socioeconômico.
- Idade (quanto mais velha, maior a probabilidade de aumento do índice).
- Grau de educação em saúde bucal.
- Cultura e práticas alimentares.
- Fatores biológicos e genéticos.
- Índice de doenças crônicas.
Índice de CPO-D no Brasil
O artigo “Variação do índice CPO-D do Brasil no período de 1980 a 2010” demonstra qual o nível ao longo dos anos:
- 1980: 7,3 (muito alto).
- 1986: 8.6 (muito alto).
- 1996: 3,1 (moderado).
- 2003: 2,8 (moderado).
- 2010: 2,1 (baixo).
De acordo com o estudo, a redução ao longo dos anos teve como principais causas o aumento no consumo de compostos fluoretados como atividade de prevenção, o maior acesso da população aos serviços odontológicos e maior volume de ações estratégicas para prevenção da saúde bucal. Ainda, é atrelado ao Programa da Saúde Familiar (PSF), em 1994, as quedas expressivas do índice de 1996 a 2010.
Em resumo, o índice de CPO-D é uma ferramenta crucial para demonstrar o quanto a cárie atinge determinada população estudada. Além de servir como um parâmetro para implementar ações que ajudem a diminuir a incidência da doença em cada local.
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