O que é, para que serve e como funciona a hialuronidase?

Hialuronidade

O ácido hialurônico é amplamente utilizado em procedimentos estéticos para dar volume, preencher sulcos e melhorar o contorno facial. No entanto, em alguns casos, pode ser necessário ajustar ou reverter seus efeitos, seja por excesso de produto, assimetrias ou reações inesperadas.

É aí que entra a hialuronidase, uma enzima capaz de quebrar o ácido hialurônico e corrigir imperfeições ou complicações nos preenchimentos. Seu uso é essencial para garantir um resultado seguro e satisfatório, tornando-se uma ferramenta indispensável para profissionais que trabalham com harmonização orofacial.

Se você quer entender melhor como a hialuronidase funciona, para que serve e em quais situações pode ser usada, continue a leitura!

O que é hialuronidase? 

A hialuronidase é uma enzima hidrolítica que degrada o ácido hialurônico, um polissacarídeo presente naturalmente nos tecidos conjuntivos do corpo humano. O ácido hialurônico é responsável por conferir hidratação, viscosidade e elasticidade à pele e às articulações, além de atuar na reparação tecidual e na lubrificação celular.

A função principal da hialuronidase é quebrar as ligações do ácido hialurônico, reduzindo sua viscosidade e permitindo a maior difusão de substâncias pelo organismo. Essa característica faz com que a enzima seja amplamente utilizada em diversas áreas da saúde, como na dermatologia, oftalmologia, cirurgia plástica e odontologia.

Na odontologia e harmonização orofacial, a hialuronidase é essencial para reverter ou corrigir aplicações de ácido hialurônico em preenchimentos estéticos, além de auxiliar na dispersão de anestésicos locais e no tratamento de edemas.

Para que serve a hialuronidase? 

A hialuronidase serve para diversos propósitos, entre eles: 

  • Facilitar a dispersão de medicamentos e fluidos. Ao quebrar as cadeias de ácido hialurônico nos tecidos, a hialuronidase reduz sua viscosidade, tornando a região mais permeável. Isso permite que substâncias injetáveis, como anestésicos e anti-inflamatórios, sejam absorvidas de maneira mais eficiente e rápida pelo organismo;
  • Reverter e corrigir procedimentos estéticos com ácido hialurônico — na harmonização facial, preenchimentos injetáveis podem resultar em irregularidades, assimetrias, nódulos ou, até mesmo, obstrução vascular, que pode levar à necrose tecidual. A aplicação de hialuronidase dissolve o ácido hialurônico de forma controlada, revertendo os efeitos indesejados;
  • Promover a absorção de medicamentos aplicados por via subcutânea ou intramuscular, pois potencializa a absorção de fármacos, permitindo que o efeito desejado ocorra de maneira mais rápida e eficiente. É usada, por exemplo, em aplicações subcutâneas para tratar condições como insuficiência venosa e hematomas extensos;
  • Tratar edemas e reduzir inchaços decorrentes de traumas, cirurgias ou reações inflamatórias exageradas. Sua capacidade de degradar a matriz extracelular favorece a drenagem de líquidos acumulados nos tecidos. 

Quais são as principais indicações da hialuronidase?

A hialuronidase é amplamente utilizada em diversas áreas da saúde, especialmente na odontologia, dermatologia e harmonização facial. Sua principal função é degradar o ácido hialurônico, facilitando a dispersão de substâncias injetáveis e corrigindo procedimentos estéticos. Confira as principais indicações:

1. Tratamento de intercorrências em procedimentos estéticos 

A hialuronidase é essencial no tratamento de complicações relacionadas a procedimentos estéticos que envolvem preenchimento facial com ácido hialurônico. Quando a aplicação do preenchedor é excessiva, irregular ou ocorre alguma reação adversa, essa enzima pode ser usada para reverter ou corrigir o resultado. Os principais casos são:

  • Assimetrias: caso o ácido hialurônico tenha sido aplicado de maneira desigual, resultando em falta de harmonia entre os lados do rosto, a enzima pode ser utilizada para dissolver seletivamente o produto em áreas onde há excesso;
  • Nódulos ou granulomas: pequenos nódulos ou caroços podem surgir como uma resposta inflamatória ao ácido hialurônico ou devido a acúmulo do produto em determinada região. A hialuronidase auxilia na desintegração dessas formações, proporcionando um resultado mais uniforme;
  • Edemas: em alguns casos, o ácido hialurônico pode causar retenção hídrica excessiva, levando a edemas prolongados. A hialuronidase pode ser usada para reduzir esse acúmulo de líquidos, melhorando a aparência do paciente;
  • Tratamento de complicações vasculares: quando um vaso sanguíneo é inadvertidamente preenchido ou comprimido pelo ácido hialurônico, o fluxo sanguíneo é reduzido ou interrompido, podendo causar danos irreversíveis. A hialuronidase é o único tratamento eficaz para reverter esse quadro emergencial, dissolvendo o preenchedor e restaurando a circulação sanguínea;

2. Uso da hialuronidase na odontologia

Na odontologia, a hialuronidase atua na otimização da anestesia local e no manejo de tecidos durante procedimentos cirúrgicos. As principais indicações odontológicas da hialuronidase são:

  • Melhora na dispersão e absorção dos anestésicos injetáveis, permitindo que eles alcancem uma área maior e proporcionem um efeito mais rápido e uniforme, principalmente em pacientes que apresentam dificuldade na anestesia convencional;
  • Auxiliar no deslocamento de estruturas durante procedimentos cirúrgicos, reduzindo o risco de trauma excessivo e acelerando a recuperação pós-operatória;
  • Controle de edemas e hematomas após procedimentos invasivos (como exodontias complexas ou cirurgias periodontais) para auxiliar na drenagem e reabsorção de líquidos acumulados.
  • A hialuronidase também pode ser usada em harmonização orofacial dentro da odontologia para reverter preenchedores mal aplicados na região perioral e nos lábios.

Leia também: anestesia odontológica para harmonização facial: como usar? 

3. Uso da hialuronidase na dermatologia 

Na dermatologia, a hialuronidase é utilizada para melhorar a absorção de ativos terapêuticos e auxiliar em tratamentos estéticos de pele. As principais aplicações dermatológicas são:

  • Mesoterapia: a enzima é empregada para facilitar a penetração de substâncias ativas na pele, como antioxidantes e clareadores, potencializando seus efeitos em tratamentos para hiperpigmentação, celulite e rejuvenescimento facial;
  • Tratamento de cicatrizes hipertróficas e fibroses: torna os tecidos mais maleáveis e melhora a aparência de cicatrizes espessas ou endurecidas;
  • Corrigir excessos ou resultados indesejados de preenchimentos dérmicos em outras áreas do corpo.

Além das áreas citadas, a hialuronidase também tem indicações em outros campos da saúde, como oftalmologia, neurologia e geriatria. No primeiro, é utilizada em procedimentos oftálmicos para melhorar a penetração de medicamentos nos olhos.

Já na neurologia, pode ser empregada em anestesia peridural para facilitar a difusão do anestésico na medula espinhal. Na geriatria, auxilia na absorção de medicamentos administrados via subcutânea em idosos.

Legal, não é mesmo? A hialuronidase é uma enzima extremamente versátil, sendo utilizada tanto para corrigir intercorrências estéticas quanto para otimizar procedimentos médicos e odontológicos. Sua capacidade de degradar o ácido hialurônico de maneira controlada a torna um recurso indispensável para profissionais da saúde, especialmente em harmonização facial, anestesia odontológica e dermatologia!

Como a hialuronidase funciona? 

A hialuronidase é uma enzima essencial para manter o equilíbrio e a homeostase do ácido hialurônico nos tecidos, permitindo adaptar a matriz extracelular às necessidades fisiológicas ou de resposta a danos. Confira como acontece sua atuação! 

Modo de ação da enzima hialuronidase

A hialuronidase pertence a um grupo de enzimas que catalisam a hidrólise das ligações glicosídicas do ácido hialurônico, um polissacarídeo de alto peso molecular presente naturalmente na pele, articulações e outros tecidos conjuntivos.

Essa degradação ocorre por meio da quebra química das cadeias poliméricas do ácido hialurônico, transformando-o em fragmentos menores e menos viscosos. Esse processo reduz a retenção de água e permite que o ácido seja mais facilmente absorvido ou eliminado pelo organismo.

Esse mecanismo é crucial para diversas aplicações médicas e odontológicas, como a dispersão de anestésicos locais, o tratamento de intercorrências estéticas e a reversão de preenchimentos faciais inadequados.

Métodos de aplicação da hialuronidase

Se tudo estiver correto, a enzima pode ser administrada no paciente de duas formas diferentes: injeção subcutânea ou em gel. Antes da aplicação, o profissional deve realizar uma avaliação completa, incluindo anamnese detalhada para identificar possíveis alergias ou contraindicações.

1. Injeções subcutâneas 

A via injetável é a forma mais comum de administração da hialuronidase, especialmente quando seu objetivo é dissolver preenchedores dérmicos de ácido hialurônico ou potencializar a dispersão de medicamentos.

Após preparar a solução injetável seguindo as recomendações do produto, o profissional utiliza uma seringa de pequeno calibre para administrar a enzima diretamente na região subcutânea. A quantidade e profundidade da injeção variam conforme a necessidade clínica.

Nos tratamentos estéticos, por exemplo, quando há irregularidades ou excesso de ácido hialurônico, a hialuronidase é aplicada diretamente sobre a área afetada para degradar seletivamente o gel injetado. A ação da enzima ocorre rapidamente, permitindo que o ácido hialurônico seja reabsorvido ou eliminado pelo organismo em poucas horas ou dias.

2. Aplicação em gel ou pomada 

Embora menos comum que a administração injetável, a hialuronidase também pode ser utilizada na forma de gel ou pomada para aplicações clínicas e dermatológicas específicas.

Nesse caso, o produto é aplicado sobre a pele e massageado suavemente para facilitar sua absorção. Essa abordagem pode ser útil em tratamentos superficiais, como o manejo de edemas localizados ou o auxílio na remodelação de cicatrizes. No entanto, sua eficácia pode ser limitada, uma vez que a barreira cutânea dificulta a penetração da enzima em camadas mais profundas da pele.

Apesar dessa limitação, a hialuronidase em gel pode ser uma alternativa viável para pacientes que não desejam ou não podem receber injeções, funcionando como um complemento a outras abordagens terapêuticas.

Quais são os efeitos colaterais da hialuronidase? 

A hialuronidase é considerada uma enzima segura e amplamente utilizada em procedimentos médicos e estéticos. No entanto, sua aplicação pode causar efeitos colaterais em alguns pacientes, dependendo da sensibilidade individual, da técnica de administração e da dosagem utilizada. É possível que sinta: 

  • Dor e sensibilidade no local da injeção, como leve desconforto, sensação de queimação ou dor temporária, especialmente quando administrada em tecidos sensíveis;
  • Inchaço e edema que costumam diminuir em poucas horas ou dias;
  • Hematoma, se um vaso sanguíneo for atingido durante a aplicação. Esse efeito é mais comum em pacientes que usam anticoagulantes ou possuem fragilidade capilar.

Embora raras, as reações alérgicas à hialuronidase, como angioedema e urticária, exigem atenção imediata. O conhecimento prévio de alergias a proteínas bovinas ou outras enzimas similares deve ser comunicado pelo paciente, já que a hialuronidase pode ser derivada de fontes animais. 

Contraindicações da hialuronidase

Apesar de promover a dispersão de agentes injetáveis e facilitar a absorção de fluidos subcutâneos, existem situações em que a hialuronidase não é indicada, como em pacientes que apresentam hipersensibilidade conhecida à enzima ou a qualquer outro componente presente na formulação do medicamento. Outras contraindicações incluem:

  • Áreas com infecção ativa, pois pode facilitar a disseminação bacteriana, agravando o quadro. Infecções locais devem ser tratadas antes da administração da enzima;
  • Presença de neoplasias (tumores), pois aumenta a permeabilidade dos tecidos. Por isso, deve ser evitada em pacientes com câncer ativo ou suspeito;
  • Embora não haja evidências conclusivas de riscos para gestantes ou lactantes, o uso da hialuronidase deve ser avaliado com cautela por profissionais de saúde, considerando riscos e benefícios para a paciente.

Assim, antes de iniciar o tratamento, recomendamos:

  • Realizar um teste cutâneo em pacientes com histórico alérgico;
  • Acompanhar o paciente após a injeção para identificar possíveis reações adversas precoces e tratá-las rapidamente;
  • Administrar a hialuronidase apenas se for um profissional capacitado para garantir a dosagem correta e minimizar os riscos envolvidos.

Qual a diferença entre hialuronidase e outras enzimas? 

A hialuronidase é uma enzima altamente específica, cuja principal função é degradar o ácido hialurônico, um polissacarídeo presente na matriz extracelular dos tecidos. Sua ação a diferencia de outras enzimas do organismo, que atuam sobre diferentes substratos, como proteínas, gorduras ou amidos.

Hialuronidase e proteases

Enquanto a hialuronidase quebra as ligações glicosídicas do ácido hialurônico, as proteases são responsáveis pela degradação de proteínas. Enzimas como pepsina, tripsina e quimotripsina atuam na digestão proteica, rompendo ligações peptídicas e facilitando a absorção de aminoácidos pelo organismo.

Hialuronidase e lipases

As lipases desempenham um papel essencial na digestão de gorduras (lipídios), quebrando triglicerídeos em ácidos graxos e glicerol. Diferente da hialuronidase, que atua em polissacarídeos, as lipases são fundamentais para o metabolismo das gorduras no organismo.

Hialuronidase e amilases

As amilases são enzimas que atuam na digestão de carboidratos complexos, como o amido e o glicogênio. Elas quebram essas moléculas em açúcares mais simples, facilitando sua absorção. A hialuronidase, por outro lado, tem papel específico na degradação do ácido hialurônico e não interfere diretamente no metabolismo dos carboidratos consumidos na dieta.

Leia também — HOF em odontologia: como divulgar o seu trabalho?

Conhecer a hialuronidase e para que serve a enzima é parte fundamental para todo especialista que realiza tratamentos com ácido hialurônico. Além de ser fundamental em caso de intercorrências, pode ser útil para dentistas na aplicação de anestésicos e para dermatologistas. 

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Referências bibliográficas: 

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BRUCK, Vanise; HERRLEIN, Adriane. Ação da hialuronidase no manejo de intercorrências por ácido hialurônico: uma revisão narrativa. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Biomedicina) – Faculdade de Ciências da Saúde, UniRitter. Canoas, p. 31. 2023. Disponível em: https://repositorio.animaeducacao.com.br/items/012c7479-ce68-4d94-9e0a-63f77d56a64c. Acesso em: 26 ago. 2024. 

MENA, M. A.; MENA, G. C. P.; MUKNICKA, D. P.; SUGUIHARA, R. T.; PIMENTEL, A. C. The Use of Hyaluronidase in Orofacial Harmonization – Narrative Review. Research, Society and Development, [S. l.], v. 11, n. 5, p. 1-12, 2022. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/28119. Acesso em: 26 ago. 2024. 

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