Lesão cervical não cariosa (LCNC) é uma condição dental significativa marcada pela perda de tecido dental na região próxima à gengiva, sem presença de cárie. É importante no contexto da saúde bucal devido à natureza multifatorial e por conta do impacto que ocasiona na qualidade de vida do paciente.
Neste artigo, vamos destrinchar os tipos, causas e manejo como diagnóstico e tratamento das LCNC!
O que é lesão cervical não cariosa?
Lesão cervical não cariosa, ou simplesmente LCNC, são desordens que ocorrem na região cervical dos dentes, que é a área mais próxima da junção dente-gengiva, e não possuem origem por ação de bactérias causadoras de cárie. Em vez disso, podem ocorrer devido a diferentes mecanismos físicos, químicos ou mesmo biológicos.
Quais os tipos de LCNC e suas etiologias?
Classicamente, são reconhecidos três tipos principais de LCNC: erosão, abrasão e atrição. Entretanto, existe um mais complexo, a lesão cervical não cariosa chamada abfração.
Na sequência, entenda sobre a etiologia e os manejos para diagnosticar e tratar de forma ideal!
Abrasão
A abrasão dentária refere-se ao desgaste mecânico do esmalte e da dentina, sendo causado por algo que esfrega ou raspa a superfície.
Etiologia
Pode ser resultado da escovação inadequada com força, ou ainda hábitos como colocar objetos entre os dentes (clipes, roer unhas, etc) — esses comportamentos são conhecidos como parafunção.
Diagnóstico
O profissional deve observar sulcos lisos ou ranhuras em forma de “V” na face cervical do dente, que seguem a direção da escovação. Intensifica-se na região da união amelocementaria.
Tratamento
Essa lesão cervical no dente pode ser prevenida com educação sobre higiene bucal, instruindo os pacientes sobre técnicas corretas de escovação com equipamento de cerdas macias. O profissional também deve indicar creme dental com baixos níveis de abrasividade.
Já no caso de lesões avançadas, o pode restaurar a fim de restabelecer a forma e a função oral.
Erosão
A erosão é a forma de desgaste observada quando o tecido duro do dente (esmalte e dentina) é progressivamente desgastado pela ação de ácidos não bacterianos.
Etiologia
As substâncias podem se originar de fontes extrínsecas, como alimentos e bebidas ácidas, ou intrínsecas — é o caso de ácido gástrico emergente no contexto do refluxo gastroesofágico ou de transtornos alimentares.
Diagnóstico
Para diagnosticar, é comum que o dentista observe uma superfície lisa e lustrosa na área afetada, frequentemente com uma coloração diferente da identificada no restante do dente. A localização das lesões e o histórico alimentar ou de refluxo gastroesofágico do paciente também podem contribuir para decidir sobre a LCNC.
Tratamento
Como forma de prevenir a erosão, pode-se citar a redução de consumo de alimentos e bebidas ácidas e a mudança de comportamento, extinguindo o hábito de escovar os dentes imediatamente após a ingestão desses tipos de comidas ou líquidos.
Para controlar o refluxo, a sugestão é encaminhar o paciente para tratamento médico especializado em doenças gastrointestinais. Além disso, pode ser indicado fazer restaurações diretas com resina composta nas áreas afetadas.
Atrição
Termo usado para o desgaste correspondente ao atrito interdental, dentre outras superfícies. A força é frequentemente exercida de maneira horizontal — o que produz a faceta de desgaste.
Etiologia
Esta é uma consequência natural do envelhecimento e da fricção decorrente do contato dos dentes durante a mastigação e, sobretudo, pelo hábito de ranger os dentes (bruxismo).
Diagnóstico
Além do exame clínico, com observação das facetas de desgaste, pode ser confirmado por relatos do do próprio paciente ou do cônjuge sobre ruídos durante o sono, resultantes do ranger dos dentes. Pode levar à perda de esmalte.
Tratamento
Para prevenir a atrição, é importante o uso de placas oclusais para evitar o desgaste. Em casos severos, é necessário a reabilitação oral para restaurar a estética, assim como a função dentário.
Abfração
A lesão de abfração dentária normalmente se apresenta como entalhes em forma de cunha ou “V” nítidas na junção cemento-esmalte (JCE).
Etiologia
Resulta de forças biomecânicas repetidas que levam a microflexões na junção amelocementária (transição entre esmalte e cemento radicular), causando perdas de substância de forma progressiva.
Diagnóstico
O cirurgião-dentista pode verificar a presença de facetas de desgaste oclusal e avaliar os contatos dentários que podem causas as forças excessivas no local. A maior ocorrência está nos pré-molares, mas também está presente em molares a caninos.
00000000000
Tratamento
Em alguns casos para este tipo de lesão cervical não cariosa, o tratamento consiste em fazer o ajuste oclusal para reduzir forças que contribuem com o desenvolvimento das lesões.
No caso de quem tem bruxismo, é importante utilizar placas oclusais noturnas para proteger os dentes das forças excessivas. Assim como na erosão, é possível restauras os dentes caso haja perda significativa da estrutura ou desconforto pelo paciente.
Leia também — Conheça as doenças na boca mais comuns e como tratar
Conhecer quais são as lesões cervicais não cariosas é um passo fundamental no processo de atendimento aos pacientes. Com a prática, a resolução das condições torna-se uma questão mais comum para quem ainda está estudando e começando a ter os primeiros casos clínicos.
Uma das maneiras de tratar as LCNC, principalmente em casos de reabilitação estética, além de funcional, é realizando restaurações. E se você precisar de materiais de dentística e estética para seu consultório odontológico, conte com a Surya Dental! Clique na imagem abaixo e confira as opções para abastecer seu estoque!
Referências bibliográficas:
BVS Atenção Primária em Saúde. Como diferenciar clinicamente abfração e abrasão? [S.l]: [s.n], 10 jan. 2017. Disponível em: https://aps-repo.bvs.br/aps/como-diferenciar-clinicamente-abfracao-e-abrasao/. Acesso em: 29 jul. 2024.
SILVA, Emilyn Rowe Barbosa da. Lesões Cervicais Não Cariosas: Diagnóstico e Tratamento. 2013. 79 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Odontologia) – Universidade do Sagrado Coração, Bauru, 2013. Disponível em: https://repositorio.unisagrado.edu.br/jspui/bitstream/handle/594/1/Lesoes%20cervicais%20nao%20cariosas%20diagnostico%20e%20tratamento%20%28176366%29.pdf. Acesso em: 29 jul. 2024.
SOUZA, Ana Carla de Freitas et al. A prevalência de Lesões Cervicais Não Cariosas (LCNC) em pacientes bruxistas: revisão de literatura integrativa. Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 6, n. 4, p. 18307-18320, jul./ago. 2023. Disponível em: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BJHR/article/view/62352/44865. Acesso em: 29 jul. 2024.