Bruxismo: tratamento odontológico, etiologia e diagnóstico

Você acorda e os músculos da sua mandíbula estão doloridos ou com dor de cabeça? você pode estar sofrendo de bruxismo, um ranger ou um forte apertar dos dentes. O bruxismo pode fazer os dentes ficarem doloridos ou soltos, e, às vezes, partes dos dentes são literalmente desgastados.

Você já acordou com os músculos da mandíbula doloridos ou, até mesmo, com dor de cabeça? Esses sintomas podem ser sinais de bruxismo, um distúrbio caracterizado pelo ranger ou apertar excessivo dos dentes, muitas vezes de forma inconsciente. Esse hábito pode causar desde desconforto na mastigação até problemas mais graves, como dentes doloridos, desgastados ou até mesmo soltos.

O bruxismo é um tema amplamente discutido entre pesquisadores e profissionais da saúde, devido à sua complexa etiologia. Apesar das controvérsias na literatura, há um consenso de que o distúrbio é multifatorial, com forte ligação a questões emocionais, como estresse e ansiedade.

Para os cirurgiões-dentistas, compreender profundamente o bruxismo — suas causas, sintomas e tratamentos — é essencial para um diagnóstico preciso e uma abordagem eficaz. Por isso, vamos explorar, no artigo de hoje, as informações mais relevantes sobre o tema, ajudando você a se aprofundar neste importante tópico odontológico. Boa leitura!

O que é o bruxismo?

O bruxismo é uma condição caracterizada por movimentos involuntários que envolvem o apertar (movimento denominado como cêntrico) ou ranger dos dentes (também chamado de movimento excêntrico), sendo considerado um hábito parafuncional, ou seja, não está relacionado à função mastigatória habitual.

Essa disfunção pode ocorrer tanto durante o dia, que chamamos de bruxismo em vigília, quanto à noite, que chamamos de bruxismo do sono. Cada tipo tem origens e implicações distintas, que abordaremos em tópicos posteriores.

Estudos recentes mostram que o bruxismo é uma desordem que está aumentando em prevalência nos consultórios odontológicos, afetando crianças, adolescentes e adultos em diferentes intensidades. Essa alta incidência está relacionada a uma série de fatores, como:

  • Estresse, depressão, ansiedade e medicações utilizadas para tratamento de TAG e problemas motores, como Parkinson e paralisia cerebral;
  • Estilo de vida moderno, com longas jornadas de trabalho, preocupações financeiras e uso excessivo de dispositivos eletrônicos;
  • Fatores genéticos, como predisposição familiar;
  • Presença de cefaleia em crianças;
  • Uso de substâncias estimulantes, como cafeína, álcool e tabaco, uso frequente de drogas ou então medicamentos contínuos;
  • Problemas físicos de oclusão ou fechamento inadequado da boca, alterações respiratórias, como a apneia do sono, bem como refluxo gastroesofágico.

Apesar de haver um grande dilema em que alguns pesquisadores acreditam que o bruxismo é algo normal justamente por ser comum, outros apoiam a ideia de que a prevalência não deve normalizar o quadro, até mesmo porque ele gera um desgaste anormal dos dentes. 

Na literatura, o bruxismo é avaliado como severamente destrutivo, segundo o artigo “Bruxismo: uma atualização dos conceitos, etiologia, prevalência e gerenciamento”. Afinal, em casos mais graves, a problemática afeta não apenas o desgaste e o amolecimento, mas também problemas na gengiva, ósseos e na articulação da mandíbula (ATM).

Quais são os tipos de bruxismo?

O bruxismo pode ser classificado de diferentes maneiras, dependendo de fatores como o padrão de desgaste dos dentes, o momento do dia em que ocorre e sua duração. E entender essas classificações é fundamental para um diagnóstico preciso e para direcionar o tratamento mais adequado.

1. Bruxismo excêntrico

Esse tipo ocorre principalmente durante o sono e é caracterizado por movimentos de ranger os dentes (movimentos laterais e para frente/trás). A contração muscular isotônica provoca o desgaste das bordas incisais dos dentes, especialmente nos dentes anteriores, podendo levar ao afinamento ou encurtamento dos mesmos. As consequências são o desgaste acelerado do esmalte dentário, fraturas e aumento da sensibilidade dental.

2. Bruxismo cêntrico

Consiste no apertamento contínuo dos dentes, sem movimento. Esse tipo está associado à maior força sobre os dentes, causando destruição das estruturas de sustentação (ligamento periodontal e osso), dores musculares na face e problemas articulares, como na ATM. As consequências são mobilidade dentária, retração gengival e dores faciais intensas.

3. Bruxismo de vigília (ou diurno)

Ocorre quando o paciente está acordado e envolve o apertamento dos dentes de forma consciente ou semiconsciente. Além disso, pode incluir hábitos como morder objetos (lápis, canetas), morder a língua ou bochechas. Ou seja, é possível estar “bruxando” mesmo sem encostar os dentes.

O bruxismo diurno está fortemente associado a fatores emocionais, como estresse e ansiedade: acontece em momentos de tensão ou quando é preciso se concentrar, seja para estudar ou usar o computador, por exemplo. No entanto, também pode aparecer devido às medicações utilizadas para tratamento de TAG (transtorno de ansiedade generalizada) e problemas motores, como Parkinson e paralisia cerebral.

4. Bruxismo do sono (ou noturno)

Esse tipo acontece de forma rítmica ou episódica durante o sono. Geralmente, está relacionado a microdespertares e pode ser influenciado por fatores como apneia obstrutiva do sono, uso de substâncias estimulantes antes de dormir, estresse acumulado ou distúrbios neurológicos. Geralmente, o paciente não percebe, mas queixas como dor ao acordar ou relatos de ranger dos dentes por terceiros ajudam no diagnóstico.

Aproveite e leia também: O que os dentistas precisam saber sobre distúrbios de sono?

5. Bruxismo agudo

Surge em situações de curto prazo, geralmente associado a episódios intensos de estresse ou ansiedade. O tratamento tende a focar na redução dos fatores emocionais e na prevenção de danos dentários.

6. Bruxismo crônico

Persiste por um longo período e pode gerar danos graves, como desgaste significativo dos dentes, dores musculares crônicas e problemas na articulação temporomandibular. Esse tipo requer uma abordagem multidisciplinar para que seja implementado um tratamento eficaz.

Vale mencionar que os tipos de bruxismo podem coexistir em um mesmo paciente, como o bruxismo cêntrico durante a vigília combinado com o excêntrico durante o sono. Pesquisas da OMS apontam que o bruxismo do sono afeta até 40% da população no Brasil, enquanto o diurno é ainda mais prevalente, especialmente entre pessoas expostas a níveis elevados de estresse.

E para identificar o tipo de bruxismo presente, o cirurgião-dentista pode utilizar questionários clínicos na anamnese odontológica, relatos dos pacientes e exames complementares, como a polissonografia, que é especialmente útil para diagnosticar o bruxismo do sono.

Quais são as causas do bruxismo?

A etiologia do bruxismo ainda não é totalmente compreendida, mas há consenso de que ele é uma condição multifatorial e complexa. Na literatura, muitos estudiosos acreditam que a condição está relacionada ao estresse, à ansiedade, ao nervosismo advindos da pandemia, principalmente, e a outras sensações negativas.

Embora não exista uma causa única, o bruxismo está frequentemente associado a uma combinação de fatores predisponentes, desencadeantes e perpetuantes. Atualmente, a etiologia da condição está classificada como:

  • Dentais: má oclusão (desalinhamento entre os dentes superiores e inferiores), morfologia dentária inadequada, ajustes incorretos em restaurações ou próteses, etc.;
  • Psicoemocionais: quando os sentimentos vivenciados pelo paciente — como estresse e ansiedade — refletem no aparelho estomatognático;
  • Sistêmico: alterações endócrinas, urológicas (como refluxo gastroesofágico (RGE)) e digestivas;
  • Ocupacionais: trabalho, atividades físicas, etc.;
  • Nutricionais: consumo excessivo de café, chá, chocolate, refrigerante, tabaco, drogas e álcool.

Quais são os sintomas do bruxismo?

Os sintomas do bruxismo podem variar em intensidade e localização, afetando tanto a saúde bucal quanto outras estruturas do sistema estomatognático. Em geral, pacientes com bruxismo apresentam:

  • Desgaste das bordas incisais e/ou oclusais dos dentes antagônicos, geralmente na face incisal dos dentes anteriores e como facetas nas cúspides e restaurações posteriores;
  • Fratura de dentes e restaurações (próteses, coroas e facetas);
  • Tórus palatino e mandibular devido à sobrecarga constante;
  • Dores de cabeça frequentes na região temporal;
  • Linha alba (marcação linear na mucosa da bochecha);
  • Língua com a borda denteada;
  • Lesões cervicais de origem não cariosa, causadas pela força excessiva;
  • Recessão gengival (exposição radicular, causada pelo movimento ou força excessiva nos dentes);
  • Pulpite (inflamação da polpa dental devido ao desgaste extremo ou fraturas, levando à dor intensa);
  • Hipertonicidade dos músculos mastigatórios (músculos da face ficam rígidos ou doloridos devido à contração excessiva);
  • Sensação de cansaço ou dor na mandíbula, especialmente ao mastigar;
  • Disfunção temporomandibular (ATM): estalos, dores e dificuldade ao abrir ou fechar a boca;
  • Microdespertares frequentes associados ao bruxismo noturno.

A radiografia odontológica também pode dar alguns indícios do bruxismo e é possível notar desaparecimento ou aumento do espaço periodontal, fraturas radiculares, cálculos pulpares, ausência da lâmina dura e reabsorção radicular (perda da estrutura das raízes dentais).

Quando o bruxismo é grave?

O bruxismo severo é caracterizado por uma evolução significativa do distúrbio, resultando em danos intensos à saúde bucal e à qualidade de vida do paciente. Ele ocorre quando o hábito de ranger ou apertar os dentes ultrapassa os limites do bruxismo moderado, gerando impactos que vão além do desgaste dentário comum. Geralmente, o bruxismo severo está associado a fatores agravantes, como:

  • Alta frequência de episódios, seja durante a vigília (diurno) ou durante o sono;
  • Fatores emocionais persistentes, como situações prolongadas de estresse, ansiedade ou outros transtornos psicológicos;
  • Problemas como apneia obstrutiva do sono, transtornos neurológicos ou o uso de medicamentos estimulantes;
  • Negligência no tratamento inicial, como a falta de diagnóstico precoce ou a ausência de uma abordagem terapêutica eficaz.

Vale mencionar que o bruxismo severo é comum em pacientes que não percebem os sintomas iniciais ou que demoram a buscar orientação odontológica. Sua progressão pode resultar em danos irreversíveis, como perda estrutural dos dentes e complicações na articulação temporomandibular (ATM).

Quais são os sintomas do bruxismo severo?

Os sintomas do bruxismo severo vão muito além do desconforto comum e podem comprometer a saúde bucal, muscular e, até mesmo, emocional do paciente. Entre os principais sinais clínicos estão:

  • Desgaste extremo dos dentes, no qual a perda do esmalte é tão significativa que a dentina fica exposta, causando aumento da sensibilidade;
  • Fraturas dentárias, em que, em casos avançados, os dentes podem trincar ou quebrar devido à força excessiva;
  • Reabsorção óssea e mobilidade dentária, pois o bruxismo pode comprometer as estruturas de sustentação dos dentes;
  • Dores faciais persistentes, especialmente nos músculos da mastigação, como masseter e temporal;
  • Dores e ruídos na ATM, como estalos, travamento da mandíbula e dificuldade para mastigar;
  • Cefaleias tensionais, com fortes dores de cabeça, geralmente localizadas na região temporal, devido ao esforço muscular constante;
  • Mudanças na oclusão, afetando a funcionalidade da mastigação;
  • Comprometimento estético em razão de dentes desgastados ou quebrados;
  • Interrupções do sono, agravando sintomas de fadiga e cansaço diurno;
  • Estresse e irritabilidade, pois, muitas vezes, o bruxismo severo cria um ciclo vicioso, em que a dor crônica e os problemas dentários intensificam os fatores emocionais;
  • Impacto na qualidade de vida, em que a dor constante e as limitações funcionais afetam negativamente o bem-estar geral.

Se não tratado, o bruxismo severo pode levar a problemas graves, como a necessidade de restaurações extensas, cirurgias na ATM ou a perda de dentes. Um diagnóstico precoce e um plano de tratamento multidisciplinar, envolvendo o cirurgião-dentista, fisioterapeuta e psicólogo, são essenciais para controlar o quadro e restaurar a saúde do paciente.

Como ocorre o diagnóstico do bruxismo?

O diagnóstico do bruxismo é desafiador e requer uma abordagem detalhada e multidisciplinar. Isso porque a atividade parafuncional noturna, como ranger ou apertar os dentes, pode ocorrer tanto em pessoas com bruxismo quanto naquelas sem o distúrbio, variando principalmente em intensidade e frequência.

O diagnóstico baseia-se em uma combinação de informações obtidas na atividade rítmica de músculos mastigatórios, na anamnese odontológica, no exame clínico e, em casos mais avançados, em exames complementares, como a polissonografia. Confira!

1. Atividade rítmica dos músculos mastigatórios (ARMM)

Um dos principais critérios para identificar o bruxismo noturno é avaliar a atividade rítmica dos músculos mastigatórios, que ocorre durante o sono. Esses episódios podem ser classificados em três padrões distintos:

  • Fásico: três ou mais contrações musculares com duração entre 0,25 e 2 segundos cada;
  • Tônico: contração muscular contínua com duração superior a 2 segundos;
  • Misto: combinação dos dois padrões acima, com intervalos maiores de 2 segundos entre as contrações.

Para confirmar o diagnóstico, a polissonografia (exame realizado em laboratório do sono) é uma ferramenta importante. De acordo com os critérios internacionais, um diagnóstico de bruxismo do sono é feito quando há dois ou mais episódios de ARMM por hora de sono.

2. Anamnese detalhada

A anamnese odontológica também é essencial: na hora da conversa, é possível que o paciente relate situações que podem sinalizar um possível bruxismo. O exame clínico deve ser criterioso para que, de forma precoce, sejam identificados sintomas — sobretudo porque casos avançados podem trazer danos irreversíveis. Durante a entrevista, fique atento aos seguintes relatos:

  • Sensação de cansaço ou dor nos músculos da mandíbula ao acordar ou após longos períodos de mastigação;
  • Estalos ou rangidos ao movimentar a mandíbula;
  • Pessoas próximas ao paciente frequentemente relatam sons de ranger de dentes durante a noite;
  • Aumento da sensibilidade térmica, especialmente ao consumir alimentos quentes ou frios.

Além disso, a anamnese deve incluir perguntas sobre o estilo de vida, rotina de trabalho, níveis de estresse e consumo de substâncias estimulantes (cafeína, álcool, tabaco).

3. Exame clínico

O exame clínico permite identificar sinais objetivos de bruxismo, que podem incluir: desgaste dentário, fraturas, lesões de tecido mole, alterações na ATM e hipertonicidade muscular:

  • Desgaste dentário: facetas de desgaste nas cúspides, bordas incisais ou restaurações;
  • Fraturas: pequenas fissuras ou quebras em dentes e próteses;
  • Lesões de tecido mole: presença de linha alba na bochecha ou bordas denteadas na língua;
  • Alterações na ATM: estalos, limitações de movimento ou dor à palpação;
  • Hipertonicidade muscular: rigidez ou dor nos músculos masseter, temporal ou pterigoideo.

O exame clínico deve ser criterioso, principalmente para identificar casos precoces, evitando danos irreversíveis ao sistema estomatognático.

4. Exames complementares

Além da polissonografia, outros métodos podem auxiliar no diagnóstico do bruxismo, como radiografias, eletromiografia e mais:

  • Radiografias mostram sinais de reabsorção radicular, aumento do espaço periodontal ou fraturas radiculares;
  • Eletromiografia (EMG) mede a atividade elétrica dos músculos mastigatórios durante o sono;
  • Questionários clínicos com ferramentas padronizadas que ajudam a avaliar sintomas e fatores de risco associados ao bruxismo.

Identificar o bruxismo em suas fases iniciais é essencial para prevenir complicações graves, como desgastes irreversíveis, dores crônicas e disfunções na ATM. O diagnóstico deve ser realizado por um cirurgião-dentista experiente, que pode orientar o paciente para tratamentos adequados, como placas interoclusais, terapia comportamental ou intervenções multidisciplinares.

Como funciona o tratamento do bruxismo?

O tratamento do bruxismo deve ser conduzido de forma multidisciplinar, envolvendo diferentes profissionais da saúde. O objetivo principal é aliviar os sintomas, minimizar os danos à saúde bucal e muscular e reduzir a frequência e a intensidade do hábito parafuncional.

Embora o bruxismo não possa ser completamente eliminado, é possível controlá-lo e melhorar significativamente a qualidade de vida do paciente. O cirurgião-dentista, como já explicamos, tem papel central no manejo do bruxismo, focando na proteção e preservação das estruturas dentárias. Entre as principais estratégias estão:

  • Confecção de placas interoclusais, com placas feitas de material rígido ou semirrígido, sendo usadas principalmente à noite. Elas ajudam a reduzir a parafunção, protegendo os dentes contra desgastes e aliviando a tensão muscular;
  • Tratamento de lesões dentárias, como restaurações, coroas ou próteses, podem ser necessários para reparar dentes desgastados ou fraturados;
  • Monitoramento clínico contínuo para avaliar a evolução do quadro e ajustar o tratamento.

Já o psicólogo entra como uma figura importante e focada em tratar fatores emocionais como estresse, ansiedade e nervosismo, afinal, eles estão entre as principais causas do bruxismo.

A psicoterapia pode ajudar o paciente a desenvolver estratégias para gerenciar o estresse e a tensão emocional. Técnicas como terapia cognitivo-comportamental (TCC) são especialmente úteis nesse contexto.

O fisioterapeuta também é requisitado para aliviar a hipertonicidade muscular e melhorar a funcionalidade da articulação temporomandibular (ATM). Suas abordagens incluem:

  • Terapia manual para aliviar tensões musculares;
  • Exercícios específicos para fortalecer e relaxar os músculos mastigatórios;
  • Orientação sobre postura corporal, que pode influenciar no bruxismo de vigília.

Nos casos de bruxismo do sono associado a distúrbios como apneia obstrutiva, o médico especialista (médico do sono) pode sugerir tratamentos como o uso de aparelhos intraorais específicos ou terapia com pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP).

Mudanças nos hábitos e estilo de vida

Adotar mudanças no comportamento e na rotina também pode ajudar a reduzir os episódios de bruxismo e seus efeitos. Entre as recomendações estão:

  • Eliminar hábitos deletérios, ou seja, evitar roer unhas, morder objetos (como lápis e canetas) ou mastigar gomas de mascar, que aumentam a tensão na musculatura mastigatória;
  • Restringir o consumo de café, chá, refrigerantes e álcool, especialmente no período noturno;
  • Adotar uma rotina de sono saudável, praticando hábitos noturnos relaxantes, como leitura ou meditação, e criar um ambiente propício para um sono revigorante;
  • Praticar exercícios físicos regulares, leves e consistentes, pois eles ajudam a reduzir os níveis de estresse e melhoram a qualidade do sono;
  • Melhorar a postura ao trabalhar ou estudar evita tensões musculares que podem agravar o bruxismo.

Como tratar bruxismo severo?

O tratamento do bruxismo severo é mais complexo do que o do bruxismo leve ou moderado, exigindo uma abordagem multidisciplinar para proteger os dentes, aliviar os sintomas musculares e restaurar a funcionalidade e a estética do sorriso. A seguir, estão as principais estratégias utilizadas para manejar esse quadro.

Toxina botulínica

A aplicação de toxina botulínica nos músculos mastigatórios, como o masseter, é uma das alternativas mais eficazes para tratar o bruxismo severo. Ela reduz a força de contração muscular, aliviando dores e prevenindo novos danos dentários. A toxina botulínica é segura e apresenta resultados consistentes, sendo indicada principalmente para casos de bruxismo severo com sintomas intensos.

Relaxantes musculares e terapias complementares

Relaxantes musculares podem ser prescritos para aliviar dores e tensões intensas, principalmente em surtos mais severos. Já compressas quentes e úmidas, aplicadas na região dos músculos mastigatórios, ajudam a reduzir a dor e o reflexo neuromuscular. Por fim, consumir alimentos de fácil mastigação minimiza o esforço dos músculos e reduz desconfortos.

Placa interoclusal (placa miorrelaxante)

A placa para bruxismo é fundamental para minimizar o desgaste dentário e proteger as estruturas dentárias remanescentes. Geralmente rígida, é confeccionada sob medida e encaixada na arcada superior e ajuda a redistribuir as forças exercidas durante o apertamento, reduzindo o impacto nos dentes e na ATM.

Reabilitação oral e estética

O bruxismo severo frequentemente causa danos estéticos e funcionais, exigindo intervenções de reabilitação para restaurar os dentes desgastados ou perdidos. As técnicas mais utilizadas incluem:

  • Restauração dental em resina: indicada para pequenos e médios desgastes, é uma opção prática e acessível. Para maior durabilidade em pacientes com bruxismo severo, o uso de resinas reforçadas com cerâmica é recomendado;
  • Facetas de resina: opção econômica e estética, mas menos resistente a fraturas, o que pode frustrar pacientes com bruxismo severo;
  • Facetas de porcelana: mais duráveis e resistentes, são ideais para restaurar dentes severamente desgastados, oferecendo resultados estéticos excepcionais;
  • Lente de contato dental: alternativa para desgastes iniciais, as lentes de contato são lâminas de porcelana ultrafinas que não exigem grandes ajustes nos dentes;
  • Coroa em porcelana ou zircônia: para dentes extensivamente desgastados, as coroas oferecem a solução mais completa. Elas envolvem toda a estrutura do dente, garantindo máxima proteção e durabilidade.

Adaptação de hábitos e estilo de vida

Mudanças comportamentais podem reduzir a frequência e a intensidade do bruxismo, como evitar mastigar objetos ou gomas de mascar, restringir o consumo de substâncias estimulantes (cafeína, álcool) à noite, implementar práticas relaxantes antes de dormir, como meditação ou alongamentos leves, e corrigir a postura corporal, especialmente durante o trabalho ou estudo.

Reconstrução estética e funcional

Pacientes com bruxismo severo, muitas vezes, enfrentam uma perda significativa da estética do sorriso, o que pode impactar sua autoestima. As técnicas modernas de reabilitação oferecem opções para recuperar desde pequenos desgastes até grandes perdas estruturais, utilizando materiais resistentes e esteticamente agradáveis.

Aqui em nosso blog, temos um conteúdo sobre um caso clínico resolvido com facetas laminadas do tipo lente de contato, onde o paciente se queixava por ter dentes curtos. Esse é um bom exemplo de como lentes de contato podem trazer resultados significativos na reabilitação estética, então, vale a pena ler!

O bruxismo pode causar pulpite?

Sim, o bruxismo severo pode causar pulpite, uma inflamação da polpa dentária. A pressão excessiva e o desgaste do esmalte expõem a dentina, transmitindo forças ao nervo dental. Apesar disso, a pulpite causada por bruxismo é geralmente reversível e desaparece ao tratar a condição principal.

O bruxismo é um distúrbio multifatorial que representa um grande desafio tanto para os pacientes quanto para os profissionais da saúde. Seu manejo exige atenção especial do cirurgião-dentista, desde a anamnese detalhada até um exame clínico criterioso.

Além disso, requer estratégias de tratamento que combinem proteção, alívio dos sintomas e reabilitação estética. Adotar uma abordagem interdisciplinar, envolvendo profissionais como psicólogos, fisioterapeutas e médicos do sono, é essencial para tratar o distúrbio de forma eficaz e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

Educar os indivíduos sobre os sinais do bruxismo, suas consequências e a importância de buscar atendimento precoce também é um passo importante para evitar complicações mais graves, como desgastes dentários severos e dores crônicas.

Então, investir em conhecimento e em técnicas atualizadas permite ao profissional oferecer um atendimento mais assertivo e personalizado. E se você quer ficar por dentro do tema e de mais novidades e tendências da odontologia, inscreva-se em nossa newsletter e receba conteúdos exclusivos diretamente em seu e-mail. Nos vemos em breve!

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