O primeiro encontro entre o cirurgião-dentista e o paciente carrega consigo uma importância singular, sendo muito mais do que uma simples formalidade inicial. É nessa etapa de abertura que se realiza a anamnese odontológica, um documento essencial que desvenda o histórico de saúde do paciente e pavimenta o caminho para um atendimento seguro, cuidadoso e alinhado aos direitos dos pacientes odontológicos.
Por meio da anamnese, o dentista é capaz de antecipar e evitar situações adversas, como reações alérgicas a medicamentos ou complicações decorrentes de doenças preexistentes. Trata-se de uma salvaguarda indispensável que protege o paciente e, ao mesmo tempo, confere tranquilidade ao profissional. Afinal, nenhum cirurgião-dentista gostaria de passar por episódios tão delicados e potencialmente comprometedores à saúde de quem busca seu cuidado.
É por isso que, neste artigo, exploramos como elaborar uma anamnese odontológica completa, identificar os elementos essenciais que devem compor esse documento e revisitar conceitos fundamentais que fortalecem o entendimento sobre sua função e importância. Siga conosco e aprenda como deixar o seu atendimento odontológico completo!
O que é uma anamnese odontológica?
A anamnese odontológica trata-se de um procedimento estruturado em que o dentista busca captar um panorama completo da saúde e do histórico do paciente, incluindo antecedentes familiares, estilo de vida e até questões emocionais.
Esse levantamento é essencial para que o profissional compreenda a fundo o contexto de cada indivíduo, permitindo a escolha de abordagens de tratamento personalizadas e que tragam resultados promissores. Durante a anamnese odontológica, o dentista realiza perguntas em diversas áreas, como:
- Informações pessoais: detalhes de identificação que ajudam no contexto geral do atendimento;
- Histórico médico pessoal e familiar: levantamento de doenças crônicas, alergias e condições genéticas que possam impactar o tratamento;
- Histórico odontológico: questões como tratamentos anteriores, problemas dentários recorrentes e respostas a procedimentos passados;
- Estilo de vida e hábitos: informações sobre consumo de substâncias (como tabaco e álcool), padrão de higiene bucal e alimentação que são relevantes para o planejamento de qualquer intervenção;
- Aspectos emocionais e comportamentais: identificação de fobias, ansiedades ou traumas relacionados ao tratamento odontológico.
Essa etapa detalhada não só apoia o diagnóstico e o desenvolvimento de um plano de tratamento, mas também ajuda a estabelecer uma relação de confiança e empatia entre o dentista e o paciente, parâmetro essencial da odontologia humanizada.
É importante que o cliente se sinta à vontade para compartilhar sua história e suas preocupações com o profissional, o que enriquece o atendimento e assegura que cada detalhe seja considerado.
Cuidados antecedentes à anamnese odontológica
Antes de começarmos a explicar o processo de anamnese odontológica, trouxemos algumas dicas que ajudam a deixar o paciente mais calmo. Continue a leitura e conheça pontos fundamentais que devem estar no documento!
Abra o diálogo para que o paciente se sinta confortável
Você já foi atendido por algum profissional da saúde que não te deu muita atenção? Parecia não ouvir as suas respostas, ignorava quando você pontuava alguma questão e sequer olhava no seu rosto? Sem dúvidas, essa é uma das piores situações para um paciente e um exemplo de comportamento que deve ser totalmente evitado.
Todos nós temos a necessidade de sermos ouvidos. E ser atendido por alguém que não se importa conosco já é uma grande barreira que afeta a confiança do paciente no cirurgião-dentista. Após a consulta, com certeza, ele sairá frustrado e desconcertado, questionando a sua credibilidade.
Como ninguém quer isso, um dos primeiros passos da anamnese é ser humano e abrir diálogo com uma estratégia de comunicação com o paciente. Criar amizade com é importante para que ele se sinta à vontade e desenvolva confiança no seu trabalho.
Portanto, sempre se sente de frente, cumprimente-o com cordialidade e faça-o se sentir à vontade no consultório antes de começar as perguntas. Um dos erros cometidos pela maioria dos cirurgiões-dentistas é focar apenas nos prontuários prontos em vez de olhar para a pessoa e tentar transformar essa etapa em um diálogo.
Além de ouvir as palavras do seu paciente, atente-se à linguagem corporal, que é mais um dos pontos ignorados por muitos profissionais. Preste atenção na personalidade de quem você está atendendo, veja se é alguém mais tímido, se é preciso manter uma linguagem mais lúdica, qual a faixa etária e se a pessoa é alguém da área (neste caso, você pode falar de forma mais técnica).
Atente-se à linguagem corporal e à ansiedade do cliente
A ansiedade odontológica é um sentimento que alguns pacientes podem demonstrar, especialmente quando pensamos em procedimentos que geram mais dor, como os canais. Acalmar a pessoa é importante para um atendimento mais tranquilo, seguro e humanizado.
De acordo com o estudo “Avaliação geral do paciente (parte III): comportamento humano e a linguagem corporal”, de Caetano Neto, os sinais de ansiedade ou tensão que o dentista deve ficar atento são:
- Balançar a perna constantemente;
- Estar agitado;
- Tamborilar com os dedos ou estalá-los;
- Olhar para os olhos ou seguir todos os movimentos que o dentista faz;
- Respiração curta e rápida;
- Tremor nas mãos.
Agora, chegou a hora de aprender a fazer a anamnese odontológica na prática. No próximo tópico, listamos 6 dicas para que tudo saia como planejado!
Como fazer uma anamnese odontológica? Aprenda em 6 passos!
Para começar, você deve escolher um modelo de perguntas abertas ou fechadas. Na primeira opção, a pergunta é feita e o paciente fica livre para responder além de “sim ou não”. Já no segundo tipo, a pessoa fica limitada às respostas afirmativas ou negativas, o que nem sempre é tão interessante, já que não abre tanto espaço para mais detalhes.
Ambas as abordagens podem ser úteis e cabe ao dentista escolher a que melhor se adapta ao contexto de cada paciente. A seguir, listamos os passos principais para conduzir uma anamnese odontológica completa e precisa, com exemplos práticos para cada etapa. Continue conosco!
1. Faça a identificação do paciente com nome, data de nascimento e mais
Após escolher o modelo do questionário, você pode partir para as perguntas. Primeiro, comece pela ficha de identificação do paciente. Aqui, você não precisa necessariamente apegar-se a algum modelo pronto, pois são perguntas básicas, como “Onde mora?”, “Qual a sua profissão?”, “Idade?” e outras questões que servem para você conhecer melhor a pessoa.
Mesmo não havendo necessidade de ficar tão apegado a um roteiro de anamnese odontológica pronto, é importante anotar com exatidão todas as respostas. Em seguida, listamos alguns pontos que você pode incluir:
- Nome completo;
- Data de nascimento;
- Gênero – substitua o antigo “sexo” por gênero. Atualmente, é fundamental considerar a diversidade dos pacientes e respeitar a identidade com a qual ele se identifica. Em caso de pacientes transgêneros, mantenha o respeito e dirija-se sempre de acordo com o nome social ou o que a pessoa se identificar;
- Etnia – antigamente, era designada como “raça”. Esse é um ponto importante, pois algumas etnias têm mais tendência a algumas condições;
- Naturalidade;
- Estado civil;
- Endereço;
- Profissão;
- Nome do responsável (para menores de idade);
- Informações de contato e contato de emergência.
Vale citar que, desde setembro de 2020, está em vigor a Lei Geral de Proteção de Dados. Com ela, é necessário que os consultórios odontológicos protejam e armazenem os dados sensíveis de forma segura. Implementar medidas adequadas à LGPD ajuda a proteger o sigilo das informações e fortalecer a confiança do paciente no atendimento.
Temos um conteúdo exclusivo que explica como se adequar à LGPD com dicas para o seu consultório odontológico. Não perca tempo! Salve para ler em seguida e fique por dentro das normas aplicáveis à sua área de atuação!
2. Entenda qual é a queixa principal do indivíduo
Agora que você já conhece o seu paciente, chegou o momento de entender qual o motivo de ter procurado o seu consultório. Pergunte sobre a queixa principal e há quanto tempo está com os problemas odontológicos.
Anote cuidadosamente as palavras do paciente para documentar de forma precisa os sintomas e a motivação da consulta. Isso é essencial para identificar a origem do desconforto e iniciar um diagnóstico direcionado.
Aqui, é importante ouvir primeiro o que o paciente tem a falar e só em seguida documentar, para evitar confusões. Uma dica é ter um odontograma impresso ou digital para que você possa anotar na imagem o local das dores, que também pode ser utilizado posteriormente para o diagnóstico e a definição do plano de tratamento.
3. História da doença atual (HDA) e história patológica pregressa (HPP)
A história da doença atual (HDA) consiste em anotar detalhadamente como a queixa principal começou. Essa etapa é essencial para se ter uma ideia do que possa ser a ocorrência, a partir de perguntas como:
- De que forma a lesão se iniciou?;
- Houve utilização de algum medicamento e qual foi o resultado?;
- Quais sintomas costuma sentir?.
Já na etapa de história patológica pregressa (HPP), o objetivo é conhecer quais as doenças o seu paciente tem ou já teve em algum momento da vida. Para isso, você pode começar por entender as patologias de base, ou seja, a principal causa que pode gerar outras alterações ou contribuir para riscos dentro do consultório, como hipertensão, diabetes, HIV/Aids, doenças autoimunes e todas aquelas que são gerais.
Além da patologia de base, você pode anotar as doenças regionais, que envolvem cabeça e pescoço, como herpes no lábio, cistos, traumas na face, tratamento de canal, extrações dentárias por perda de osso ou tártaro, ou seja, tudo o que afetou a região do pescoço e da cabeça.
Para ajudar o paciente a resgatar mais informações sobre doenças, pergunte sobre cada parte do corpo, sistema neurológico, sistema respiratório etc. Com esse tipo de apoio, ele pode ir se lembrando de alguns pontos, o que ajudará na anamnese odontológica.
Dentro do histórico de saúde, levante as cirurgias e as internações pelas quais o paciente já passou e quais foram os motivos. Aqui, deixe-o à vontade para desenvolver a história e contar todos os detalhes que recordar do episódio ocorrido.
Esse ponto é muito importante para entender se a pessoa está estável e pronta para um tratamento, sem correr riscos de uma complicação médica. Em seguida, verifique quais as medicações o paciente toma e se possui reações alérgicas que podem aparecer na clínica. Assim, na hora da anamnese odontológica, você pode seguir esta sequência:
- Patologias de base: doenças crônicas;
- Doenças regionais: por parte do corpo;
- Cirurgias e internações;
- Medições contínuas tomadas;
- Alergias.
Uma opção é começar com perguntas fechadas como: “Você tem diabetes?”. Depois, pode seguir com questões abertas, pelas partes do corpo. Se o paciente tiver alguma dúvida, você pode listar patologias regionais para que ele responda sim ou não. É fundamental que o dentista tenha o tato de entender qual o melhor caminho para obter as respostas.
4. Investigue as questões emocionais
Além de todos esses pontos, converse com o seu paciente para entender questões emocionais. Afinal, algumas emergências médicas são derivadas da própria ansiedade, como as dificuldades respiratórias. Aqui estão alguns tópicos para abordar:
- Você tem algum receio ou ansiedade em relação a tratamentos odontológicos?;
- Há algo que o deixe particularmente nervoso ou desconfortável durante as consultas?.
5. Avalie o histórico familiar
Na anamnese odontológica, é importante constar o histórico familiar, ou seja, tudo o que está relacionado aos antepassados do paciente. O objetivo é descobrir quais doenças os pais, os avós e a família têm que podem ser genéticas e contribuir para a queixa principal e até para prevenir patologias. Entre as perguntas a serem feitas, estão:
- Existem doenças genéticas conhecidas em sua família?;
- Alguém possui histórico de diabetes? Existem casos de pressão alta?;
- Há histórico de câncer na família, em particular câncer de cabeça e pescoço ou câncer oral?;
- Existe alguém com doença autoimune, como lúpus ou artrite reumatoide?;
- Alguém na família tem tendência a sangramentos ou hemorragias?;
- Há histórico de reações adversas ou alérgicas a medicamentos, alimentos ou anestésicos locais?;
- Algum familiar tem problemas bucais no desenvolvimento de dentes ou da mandíbula?;
- Há registro de problemas endócrinos ou metabólicos?;
- Existe histórico de doenças respiratórias crônicas?.
6. Identifique os hábitos e os vícios do paciente
O hábito é uma ação que se repete com frequência e regularidade. O vício também acontece frequentemente e pode ter consequências negativas, mas não necessariamente vai ser uma dependência psicológica e de drogas. Ele pode acontecer também quanto a doces, refrigerante e comida.
Independentemente de ser um hábito ou vício, é importante saber o que o seu paciente possui. Por exemplo, usuários de drogas precisam de cuidados peculiares no atendimento. Por isso, aqui vai uma lista de perguntas que podem ser feitas sobre vícios e hábitos de vida na anamnese odontológica:
- Com qual frequência escova os dentes?;
- Há sangramento da gengiva após a escovação?;
- Escova a língua com qual frequência?;
- Passa fio dental com qual frequência?;
- Você tem algum hábito que possa afetar sua saúde bucal (roer unhas, morder objetos, ranger os dentes)?;
- Como é sua alimentação no dia a dia?;
- Bebe chá ou café?;
- Come doces?;
- Fuma ou usa algum tipo de tabaco?;
- Com que frequência você consome álcool?.
O que deve constar no prontuário odontológico do paciente?
O prontuário do dentista é o documento no qual devem constar todas essas informações importantes coletadas durante a anamnese e outros dados. Em geral, inclua:
- Identificação do cirurgião-dentista: nome e número de inscrição no CRO;
- Informações pessoais do paciente: aquelas coletadas inicialmente;
- Anamnese: todos os dados relatados durante o questionário;
- Diagnóstico: análise do exame clínico inicial, em que são cruzadas informações da ficha de anamnese de odontologia e outros exames, para avaliar as possíveis causas da queixa do paciente;
- Exames complementares: inclusão de exames adicionais necessários, como laboratorial ou radiografias odontológicas;
- Planejamento de tratamento personalizado: plano proposto, incluindo todos os procedimentos sugeridos para solução;
- Andamento do tratamento: evolução do tratamento, com detalhes de todas as consultas.
Lembre-se de que as informações contidas no prontuário odontológico são confidenciais e só podem ser compartilhadas com o consentimento do paciente ou por ordem judicial.
Anamnese odontológica para diferentes tipos de pacientes
Na realização de uma anamnese odontológica, é essencial que o cirurgião-dentista considere as particularidades de cada paciente. Afinal, cada grupo etário e cada condição específica trazem desafios e demandas próprias, exigindo adaptações tanto nas perguntas quanto na forma de interação. Vamos explorar como adequar a anamnese para diferentes tipos de pacientes!
Anamnese odontológica para pacientes idosos
Na consulta com pacientes mais velhos (odontogeriatria), é importante se atentar para condições médicas preexistentes e medicamentos de uso contínuo — como anticoagulantes e anti-hipertensivos —, já que muitos deles podem impactar diretamente a saúde bucal e as respostas a tratamentos odontológicos.
Além disso, avalie capacidades funcionais e cognitivas, pois alguns pacientes idosos podem apresentar dificuldades de memória, audição ou visão, sendo necessário conversar com cuidadores ou familiares para obter uma história completa e precisa para a anamnese odontológica.
Anamnese odontológica para pacientes pediátricos
Em odontopediatria, a anamnese odontológica deve considerar o estágio de desenvolvimento da criança, não apenas físico, mas também emocional e social. Afinal, é essencial que o profissional adote uma abordagem acolhedora, gentil e lúdica para que a criança se sinta segura e à vontade.
Na maioria dos casos, é importante a presença de responsáveis, principalmente num primeiro atendimento. A história médica da criança, as informações sobre a gravidez e o parto da mãe também são relevantes.
Anamnese odontológica para pacientes gestantes
Ao atender mulheres grávidas, o dentista deve estar atento ao estágio da gestação e às possíveis alterações hormonais que podem influenciar a saúde bucal, como a gengivite gravídica.
Determinados procedimentos e medicamentos são contraindicados em certos períodos da gravidez, e uma anamnese odontológica bem conduzida ajuda a adaptar o atendimento para minimizar riscos.
Anamnese odontológica para pacientes com doenças crônicas
Já os pacientes com doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e doenças autoimunes, necessitam de uma anamnese cuidadosa, pois essas condições podem afetar a saúde bucal. O profissional deve investigar o uso de medicamentos contínuos e ajustar o plano de tratamento considerando possíveis interações e complicações.
Anamnese odontológica para pacientes com deficiência
Quanto ao atendimento para pacientes com necessidades especiais, como deficiências físicas, sensoriais ou cognitivas, é preciso adotar uma abordagem inclusiva e adaptada para garantir que recebam um atendimento odontológico confortável e eficiente.
Lembre-se de que cada pessoa tem suas próprias necessidades e circunstâncias individuais. Por isso, a comunicação e o ambiente clínico devem ser ajustados para atender essas nuances. Em alguns casos, pode ser necessário envolver cuidadores ou familiares para apoio.
Como fazer perguntas de forma empática na anamnese odontológica?
Para aplicar a odontologia humanizada, é necessário criar uma relação de confiança entre o profissional de saúde e o paciente. A empatia na comunicação ajuda o indivíduo a sentir-se valorizado e compreendido, promovendo um ambiente mais colaborativo e, muitas vezes, facilitando a coleta de informações essenciais para o tratamento. Confira boas práticas para exercitar no seu consultório!
1. Escute ativamente
Demonstre interesse genuíno em cada palavra do paciente. Faça contato visual e utilize pequenos gestos, como acenos de cabeça, para indicar que você está acompanhando atentamente.
A escuta ativa significa dedicar sua total atenção, evitando interromper ou pular rapidamente para a próxima pergunta sem refletir sobre a resposta dada. Permitir que o paciente complete seu raciocínio é essencial para que ele se sinta ouvido e respeitado.
2. Evite pressa e reserve o tempo necessário
Reserve um tempo adequado para a anamnese odontológica, especialmente em consultas iniciais. A pressa pode fazer o paciente sentir que sua história não é importante, minando a confiança e o conforto.
Demonstrar que você está disposto a ouvir sua narrativa com calma é uma forma poderosa de valorização, incentivando o paciente a compartilhar informações detalhadas.
3. Valide os sentimentos e as preocupações
Ao ouvir relatos sobre experiências difíceis ou receios relacionados à saúde bucal, valide as emoções do paciente, mostrando compreensão e apoio. Isso pode ser feito com frases como “Entendo como isso pode ser angustiante” ou “Imagino que tenha sido uma situação complicada para você” podem ajudar a criar uma conexão empática.
4. Adapte sua linguagem ao paciente
Escolha uma linguagem simples e acessível, evitando jargões odontológicos e termos técnicos que possam gerar confusão ou desconforto. Se precisar explicar conceitos específicos, faça-o de forma clara e, se possível, com exemplos práticos. Adaptar a linguagem é uma maneira eficaz de tornar o diálogo mais acessível e próximo.
5. Prefira perguntas abertas
Formule perguntas que incentivem o paciente a expressar-se livremente, como “Você pode me contar mais sobre isso?” ou “Como esses sintomas começaram?”. Isso permite que o indivíduo elabore suas respostas com mais precisão, oferecendo uma perspectiva mais completa de sua condição e demonstrando que você está verdadeiramente interessado em sua história.
6. Observe expressões faciais e linguagem corporal
Nem sempre o paciente expressará verbalmente todas as suas preocupações, especialmente se houver receios ou ansiedades. Fique atento à linguagem corporal, expressões faciais e tom de voz, que podem revelar desconforto, ansiedade ou relutância. Essa observação permite que o dentista ajuste o tom e a abordagem, respeitando o estado emocional do paciente.
7. Reforce a confidencialidade das informações
Assegure ao paciente que todas as informações compartilhadas durante a anamnese são confidenciais e serão utilizadas apenas para o seu tratamento. A confidencialidade não só é um direito do paciente, como também contribui para a criação de um espaço seguro onde ele se sinta à vontade para compartilhar dados pessoais ou questões sensíveis sem receio de exposição.
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Qual é a importância da anamnese na odontologia?
O preenchimento da anamnese odontológica é uma etapa fundamental no atendimento, mas é comum que esse processo seja tratado de forma mecânica, seguindo roteiros prontos ou fichas clínicas padronizadas.
Embora esses modelos possam servir como guias úteis, o verdadeiro valor do documento está na capacidade do dentista de ir além das perguntas padrões, explorando nuances que muitas vezes passam despercebidas nos questionários convencionais.
Uma anamnese odontológica bem conduzida oferece um nível de compreensão profundo sobre a saúde do paciente, antecipando riscos e direcionando decisões clínicas que garantem segurança e personalização no atendimento.
Em casos de alergias, uso de medicamentos, doenças crônicas ou condições especiais, o dentista consegue prever e evitar situações emergenciais no consultório, o que minimiza riscos e oferece maior tranquilidade a ambos.
Além da prevenção de emergências, a importância da anamnese se ancora também em princípios éticos e legais. Segundo dispositivos de ética e legislação odontológica, cabe ao cirurgião-dentista zelar pela saúde e dignidade dos pacientes e da sociedade como um todo. Isso inclui uma postura cautelosa e atenta em todas as etapas do atendimento, especialmente nas que envolvem a saúde e a segurança do paciente.
Ao investir tempo e atenção nessa fase inicial, o dentista demonstra cuidado e empatia, garantindo ao paciente uma experiência de acolhimento e segurança. Esse processo é, portanto, um pilar do atendimento odontológico de qualidade, refletindo o compromisso do profissional com o bem-estar de quem confia em seu trabalho.
7 erros para não cometer na anamnese odontológica
Após aprender quais pontos não podem faltar na sua anamnese odontológica, é hora de saber quais erros devem ser evitados para garantir um atendimento seguro e de qualidade. Abaixo estão alguns deslizes comuns que podem comprometer tanto a precisão do diagnóstico quanto a confiança do paciente. Fique atento e evite esses equívocos em seu consultório!
Erro 1: ignorar o histórico de saúde e familiar do paciente
Um dos principais erros na anamnese é desconsiderar o histórico médico e familiar do paciente. Mesmo quando ele parece claro, é fundamental rever as anotações da anamnese antes de planejar o tratamento.
A rotina intensa pode levar o profissional a confiar em memórias, mas é importante lembrar que, com múltiplos atendimentos diários, aumenta-se o risco de confundir casos. Anotar e revisar o histórico com cuidado é indispensável para uma abordagem personalizada e segura.
Erro 2: não aferir pressão arterial e glicemia
Outro erro comum é não realizar a aferição de pressão arterial e glicemia durante a avaliação clínica. Muitos pacientes podem acreditar que estão saudáveis, mas condições como hipertensão e diabetes são muitas vezes silenciosas e podem passar despercebidas.
Aferir esses dados é uma forma proativa de identificar riscos ocultos, especialmente em procedimentos invasivos, e não deve ser negligenciado. Lembre-se: a segurança do paciente sempre deve vir em primeiro lugar.
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Erro 3: não investigar o histórico de alergias
Não perguntar sobre alergias ao realizar a anamnese odontológica é um erro que pode gerar complicações graves. Medicamentos como antibióticos e anti-inflamatórios são frequentemente utilizados em tratamentos odontológicos, e reações alérgicas a esses fármacos podem colocar o paciente em risco.
Então, pergunte detalhadamente sobre alergias a medicamentos, anestésicos e até materiais odontológicos para garantir uma abordagem segura.
Erro 4: pressa na coleta de informações
Conduzir a anamnese de maneira apressada compromete a qualidade das informações coletadas. Essa pressa pode deixar o paciente inseguro e hesitante em compartilhar dados importantes, além de fazer com que detalhes cruciais passem despercebidos.
Reserve um tempo adequado para essa etapa, mostrando ao paciente que cada aspecto do histórico de saúde dele é relevante para o tratamento.
Erro 5: não adaptar a linguagem ao paciente
Usar uma linguagem excessivamente técnica ou formal sem adaptar o vocabulário ao paciente é um erro que pode dificultar a comunicação e gerar confusão. Em vez de usar jargões odontológicos, explique os conceitos de forma clara e acessível, de acordo com o nível de compreensão do paciente.
Erro 6: deixar de considerar questões emocionais
Muitas vezes, o impacto emocional de um tratamento odontológico é desconsiderado. Fatores como ansiedade ou medo de procedimentos podem afetar a experiência do paciente e até mesmo gerar complicações.
Ao não investigar esses aspectos, o profissional perde a oportunidade de adaptar o atendimento e oferecer um ambiente mais acolhedor. Perguntas simples sobre o nível de conforto e ansiedade do paciente revelam informações valiosas.
Erro 7: ignorar atualizações na anamnese em retornos
Uma anamnese odontológica realizada em uma consulta inicial pode precisar de atualizações em visitas subsequentes. Novas condições médicas, mudanças nos medicamentos ou novos eventos no histórico de saúde alteram o curso do tratamento. Revisitar e atualizar a anamnese a cada consulta é uma prática que melhora a precisão e a segurança do atendimento.
A anamnese odontológica completa é o ponto de partida para um tratamento de excelência. Obter a confiança do paciente requer cuidado na maneira com que se fala e, principalmente, como se escuta. Tenha muita calma, pergunte todos os detalhes e, depois, faça os exames clínicos para diagnosticar precisamente.
Gostou do conteúdo de hoje? Esperamos que sim! E se você ficou interessado em ler mais dicas de como melhorar seu atendimento odontológico, acesse o blog da Surya Dental e confira outros conteúdos para seu consultório. Nos vemos em breve!
Referência:
DR. CAETANO BAPTISTA NETO. Anamnese odontológica: guia prático para profissionais. Disponível em: https://131381ed-dbbf-09c8-f722-a57baeba6944.filesusr.com/ugd/66b8e1_7add01e1faa3d22b28f2c4acf5d11fa3.pdf. Acesso em: 12 nov. 2024.
Show!!!
Ótimas dicas, excelente conteúdo.
Olá, Myrian! Como vai?
Ficamos muito felizes que tenha gostado dos conteúdos.
Agradecemos o seu comentário. Abraços!
Nunca mais vou num dentista que faz esses questionários, são piores que a Receita Federa, totalmente invasivo e desnecessário, só falta perguntar o número da conta e a senha,
Olá, Lucas! Como vai?
A anamnese é um processo fundamental para qualquer profissional da saúde. É essencial conhecer o paciente, hábitos, histórico familiar, etc., para compreender as causas dos problemas bucais ou, até mesmo, para personalizar o atendimento de acordo com as necessidades da pessoa. O intuito não é ser invasivo, e sim oferecer um atendimento e tratamento personalizado e seguro.
Agradecemos o seu comentário. Abraços!