Você já deixou de consultar pacientes por não saber como planejar um atendimento que estivesse de acordo com algum tipo de alergia? Teve medo de ocorrerem reações alérgicas em procedimentos? Há diversos profissionais que se sentem inseguros em atender essas pessoas, justamente pelo receio de haver uma urgência no consultório.
A verdade é que um dentista bem informado e que entende o assunto é apto para lidar com esse tipo de situação, sem precisar passar o paciente para outro colega ou encaminhá-lo para um médico.
No conteúdo de hoje, você vai conferir quais são os seis tipos mais comuns de reações alérgicas e como proceder. Boa leitura!
O que causam reações alérgicas?
As reações alérgicas são respostas imunes do nosso organismo e são identificadas por algum tipo de lesão tecidual ou inflamação. No consultório odontológico, elas são classificadas como tipo I ou IV (sendo o primeiro mais grave e o quarto menos agressivo).
No primeiro tipo, é quando acontecem crises de asma, choque anafilático e angioderma (como veremos nos próximos tópicos). Geralmente, as reações desse grupo começam de forma muito rápida, entre segundos ou minutos.
No tipo IV, onde estão as urticárias e dermatites de contato, a reação pode acontecer em até 48 horas e são menos graves.
As principais causas de reações no consultório são:
- Luvas de látex ou contato com lençol de borracha;
- Aspirina;
- Conservantes das soluções anestésicas locais;
- Metil metacrilato;
- Anti-inflamatório não esteroidal;
- Em casos mais raros, alergias a anestésico odontológico.
Reações alérgicas
Agora que você já compreende as principais situações que desencadeiam alergias, confira as reações mais comuns no consultório odontológico.
1. Urticária
As urticárias são caracterizadas como pequenos inchaços avermelhados com o centro mais claro e sempre estão associadas à coceira intensa, ardor e desconforto. Pode surgir em diferentes partes do corpo e, em geral, acontece entre 5 e 60 minutos após o contato cutâneo.
Um dos cenários bastante conhecidos pelos profissionais da área de saúde é a alergia ao látex da própria luva de procedimento. Em casos leves, ela pode gerar a urticária, mas há também os mais graves, que podem chegar ao choque anafilático.
Já no paciente, há casos em que a urticária aparece no rosto, na região próxima à boca, onde o dentista tocou com a luva. Essa reação alérgica pode ser percebida durante o atendimento, caso ela se manifeste rapidamente.
2.Angioedema
O angioedema é uma reação alérgica que atinge a região perioral ou periorbital, assim como outros tecidos moles, como língua, pálpebra, genitálias etc.
O cirurgião-dentista deve ficar atento aos sinais de inchaço na região da boca, manchas avermelhadas, edemas e, até mesmo, problemas de respiração.
Na odontologia, a alergia pode ocorrer por uso de determinados medicamentos e, portanto, é importante acompanhar o paciente.
3. Rinite
A rinite também é uma das reações alérgicas que podem acontecer durante os procedimentos odontológicos e os sintomas são: coriza, congestão nasal e coceira no nariz.
4. Broncoespasmo
Em casos de reação como broncoespasmo, o dentista deve ficar atento a sintomas como tosse, chiado ao respirar, dor no peito, queda na saturação do oxigênio no sangue, dificuldade para realizar a respiração e cor azulada na pele, nos lábios, nas unhas etc.
Esse tipo de reação costuma ser mais grave que a urticária, por exemplo, e dessa forma, o cirurgião-dentista precisa observar o paciente com mais cuidado. Sobretudo os asmáticos ou aqueles que têm histórico de sensibilidade a bissulfito de sódio, pois são pessoas com maior risco de ter um quadro desses.
Situações de broncoespasmo são perigosas e podem levar o paciente a óbito, se não for atendido de forma adequada.
5. Edema de laringe
Além do broncoespasmo, o edema da laringe é uma das reações respiratórias fortemente associadas à alergia. Assim como no caso anterior, também pode terminar na morte do paciente.
Neste quadro, o paciente pode ter obstrução parcial da laringe e um dos sintomas para ficar atento é o som que ele pode emitir, que deve ser bastante semelhante a um ronco.
Nos casos mais graves, há a obstrução total da laringe e, assim, a pessoa passa a não conseguir respirar, perde a consciência e pode ter a cor da pele, das unhas e dos lábios azulada e, até mesmo, correr risco de parada respiratória.
6. Choque anafilático
Por último, não poderíamos deixar de explorar o choque anafilático, um dos quadros mais perigosos de reação alérgica. Ocorre de forma generalizada e pode levar de 5 a 30 minutos para surgir, após a exposição antigênica.
O choque anafilático pode ser dividido em três partes, como vamos ver em seguida.
Primeira fase
Os primeiros indícios de que o paciente está passando por um choque anafilático são:
- Vermelhidão na pele
- Coceira
- Conjuntivite
- Coriza
- Incontinência urinária ou fecal
- Cólicas abdominais
- Vergões no peito ou na face
Segunda fase
Nesse momento, o paciente pode apresentar chiado ao respirar, tosse, cianose, edema na laringe e dispneia.
Terceira fase
Por último, o sistema cardiovascular é afetado e ocorre palidez, parada cardíaca, arritmia, perda de consciência, taquicardia e hipotensão arterial.
Como prevenir essas situações?
Prevenir reações alérgicas nem sempre será tão óbvio, afinal, muitos pacientes chegam ao consultório odontológico sem sequer saber que podem ter alergia a algum componente utilizado durante o procedimento.
Primeiro de tudo, é crucial fazer uma boa anamnese. Não há dúvidas de que esse momento de levantamento é essencial para planejar um bom atendimento, além de conhecer melhor o paciente, assim você pode pensar em procedimentos mais personalizados e seguros.
Compreender se já há doenças, como a asma, e descobrir se o paciente tem conhecimento de alergias são condutas necessárias que podem evitar uma série de problemas.
Em casos de alergias específicas a materiais, como ao látex, há a possibilidade de trocar a luva por uma feita de outros componentes. Do mesmo jeito que para quem tem hipersensibilidade ao metil metacrilato, o cirurgião-dentista pode substituir as resinas autopolimerizáveis pelas acrílicas de polimerização lenta.
O que fazer em caso de reação alérgica?
Nem sempre prevenir será uma opção e, nesses momentos, o melhor é saber como agir diante de reações alérgicas.
Primeiramente, é muito importante que cirurgiões-dentistas tenham os consultórios preparados para esse tipo de ocorrência. Ter um estojo pronto para emergências já é uma forma de ser mais ágil na hora de socorrer o paciente.
Se notar o surgimento de qualquer sintoma alérgico, interrompa na hora o procedimento, retire o material da boca da pessoa e acomode-a na cadeira. Nesse momento, avalie a pressão, a oxigenação do sangue, a frequência cardíaca e observe o paciente. Atenção: permita que ele vá embora apenas na presença de um acompanhante.
Durante o momento de monitoramento, se for notada alguma alteração, chame o resgate do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (192), pois pode ser o início de uma emergência médica.
Ter oxigênio no consultório é importantíssimo, pois em alguns casos é necessário fazer a administração dele, sobretudo em situações de broncoespasmo. Doses de adrenalina também são excelentes investimentos para reações alérgicas graves.
Manter-se preparado tanto em estrutura como em conhecimento pode fazer com que muitos quadros sérios sejam evitados. Além disso é uma forma de manter os seus pacientes, sem perdê-los para a concorrência.
Quer receber mais conteúdos como este? Assine abaixo a nossa newsletter e tenha em primeira mão todas as novidades.