O câncer bucal é uma doença predominante em pessoas do sexo masculino acima dos 40 anos e, em grande parte das vezes, o diagnóstico acontece no estágio avançado, segundo informações do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
A nível mundial, o Brasil fica em segundo lugar entre os países com maior incidência de câncer bucal, perdendo apenas para a Índia, de acordo com pesquisa da Revista Brasileira de Cancerologia.
O cirurgião-dentista é um profissional necessário, tanto na prevenção do câncer oral, como no diagnóstico precoce da doença. No conteúdo de hoje, você vai entender mais sobre os tipos dessa patologia, manifestações clínicas, etiologia e muito mais. Boa leitura!
Carcinoma Espinocelular (CEC)
Também conhecido como carcinoma epidermóide e carcinoma escamocelular, é um tipo de câncer maligno mais comum no tecido epitelial. Ele é bastante complexo e, portanto, se o cirurgião-dentista não tiver conhecimento suficiente sobre o assunto, pode ter dificuldades em diagnosticá-lo.
A maior parte dos casos de CEC acontece na região da língua, seguido do assoalho bucal. Pessoas acima dos 60 anos têm a doença, majoritariamente, localizada na mucosa jugal. Além disso, a localização anatômica influencia no prognóstico, assim como no comportamento clínico.
Perfil do paciente
O CEC pode atingir tanto homens quanto mulheres, entretanto, o primeiro grupo é a maioria dos casos. Em relação à faixa etária, o carcinoma espinocelular é mais recorrente em pessoas a partir dos 40 anos.
Sobre a etnia, isso pode mudar de país para país, mas, no Brasil, 83,2% dos casos são em pessoas brancas, 11,2% pardos e 4,3% negros, de acordo com dados da revisão de literatura “Carcinoma de células escamosas bucal”.
O mesmo artigo aponta que a doença acontece, majoritariamente, em pessoas da região rural e, em segundo, em indivíduos que moram em áreas urbanas.
A neoplasia também é mais presente em pessoas analfabetas e com baixo nível socioeconômico.
Em relação aos hábitos, a revisão de literatura aponta que 90% dos pacientes com CEC são fumantes — seja de tabaco, cachimbo, charuto etc. — e, por isso, há riscos de grupos mais jovens que o previsto, mas que são tabagistas, desenvolverem a doença.
Pessoas que fazem uso de álcool também estão no grupo de risco. O artigo aponta que 70% dos indivíduos com CEC consumiam destilados, sobretudo cachaça. Além disso, em pacientes etilistas, 92% são homens e 29% mulheres.
Quando o consumo de álcool e tabaco acontece de forma simultânea, há 100 vezes mais chances de desenvolver o câncer — inclusive, atinge pessoas mais jovens e ambos os sexos.
Apresentação clínica
Dentro de todas as manifestações clínicas, vamos começar pela leucoplasia, uma lesão de coloração branca, que não cede à raspagem, e que, por si só, não indica o diagnóstico da doença — é necessário descartar todas as hipóteses relacionadas a ela e, só então, pode ser compreendida como leucoplasia.
Outras lesões que chamam a atenção para o diagnóstico são a eritroleucoplasia (de cor branco-avermelhado) e a eritroplasia (vermelha).
O carcinoma também pode se apresentar como lesão exofítica ou endofítica — esta última, quando não cicatriza em quatro semanas.
Tratamento
A cirurgia é o método preferível para o tratamento de CEC. Quando ela não é o suficiente para remover totalmente o câncer, é necessário recorrer à radioterapia. Há casos em que o tratamento quimioterápico também pode fazer parte.
A opção por um ou outro método vai depender do estágio do tumor, envolvimento ósseo e da saúde geral do paciente.
Papel do dentista no tratamento de CEC
Detectar de forma precoce o câncer bucal faz toda a diferença no prognóstico do paciente. Como explicamos, infelizmente, é comum que a doença seja percebida quando já está no estágio avançado.
Diante disso, o cirurgião-dentista deve estar bem preparado para reconhecer com agilidade os sinais do CEC, assim como agir na prevenção.
Para prevenir, é muito importante ter diálogos com os pacientes sobre os malefícios do cigarro e álcool, fatores que contribuem muito para o surgimento do câncer oral. Ações com a população também são necessárias para conscientização.
O segundo ponto de prevenção é realizar o exame físico na boca, durante consultas de rotina, para identificar a presença de lesões e tumores. Com isso, é possível que o cirurgião-dentista encontre os primeiros sinais do câncer e possa encaminhar o paciente da melhor forma possível.
Quando o CEC é identificado na fase inicial, ou seja, a pré-neoplásica, existe chance de cura perto dos 100%, segundo o artigo “O papel do cirurgião-dentista em relação ao câncer de boca”.
O estudo ainda salienta que fatores de risco, diagnóstico precoce, incidência, autoexame, tipos e técnicas de biópsia, modalidades de tratamento e reabilitação são questões pertinentes e que devem ser bem compreendidas pelo dentista.
Com este conteúdo esperamos ter te ajudado a compreender melhor o câncer bucal. Desejamos que essas informações possam ser o início de uma jornada de estudos sobre o carcinoma espinocelular. E se você quer receber mais novidades sobre essa temática, não deixe de assinar a nossa newsletter abaixo.