Erosão dentária, saiba o que é e como evitar

Dois dentistas examinando paciente em uma maca

A erosão dentária é uma condição cada vez mais comum na prática odontológica e um tema importante para a odontologia. Trata-se da perda progressiva de estrutura dental causada por processos químicos não bacterianos, com potencial de comprometer a estética e a função dos dentes. Embora muitas vezes silenciosa, essa condição merece atenção especial por sua prevalência crescente em pacientes de todas as idades.

A origem da erosão dentária pode estar associada a fatores intrínsecos, como distúrbios gástricos e refluxo ácido, ou extrínsecos, como o consumo excessivo de alimentos e bebidas ácidas. Associada à atrição dentária, a erosão acelera o desgaste do esmalte dental, expondo a dentina e aumentando a sensibilidade dentária. Além disso, pode estar presente em quadros de bruxismo, bulimia nervosa e hábitos dietéticos inadequados.

Neste conteúdo, você vai compreender os principais tipos de erosão, os sinais clínicos mais relevantes, os fatores etiológicos, além de estratégias preventivas e terapêuticas baseadas em evidências científicas. Também responderemos dúvidas comuns e indicaremos leituras complementares. Boa leitura!

O que é erosão dentária?

A erosão dentária é definida como a perda irreversível de tecido dental provocada por ácidos que não envolvem atividade bacteriana. Ao contrário da cárie, que envolve a ação de microrganismos, a erosão ocorre por ação direta de ácidos sobre a superfície dental.

Os dentes são protegidos por uma camada de esmalte dental, composta por cristais de hidroxiapatita. Em contato com substâncias ácidas, esse esmalte sofre desmineralização e pode ser dissolvido ao longo do tempo. A saliva exerce papel fundamental na neutralização do pH e na remineralização dos dentes, mas sua ação é limitada frente a ataques ácidos frequentes ou intensos.

Quais são os tipos de erosão dental?

A erosão dental pode ser classificada de acordo com a origem do ácido que a causa:

1. Erosão intrínseca

Provocada por ácidos provenientes do próprio organismo, especialmente do suco gástrico. Está associada a condições como:

  • Refluxo gastroesofágico;
  • Vômitos frequentes (bulimia ou hiperêmese gravídica);
  • Distúrbios alimentares;
  • Doenças gástricas.

É comum que os dentes posteriores (oclusais e palatinos) sejam mais afetados nesses casos.

2. Erosão extrínseca

Causada por ácidos provenientes de fontes externas, como alimentos e bebidas ácidas:

  • Refrigerantes (mesmo os sem açúcar);
  • Sucos cítricos naturais e industrializados;
  • Bebidas energéticas e esportivas;
  • Vinagre, frutas ácidas (limão e abacaxi);
  • Vinhos e chás ácidos.

Essa forma geralmente compromete os dentes anteriores e as superfícies vestibulares.

Erosão x Atrição dentária

A atrição dentária é o desgaste da estrutura dental causado pelo contato direto dente a dente, geralmente associado ao bruxismo ou hábitos parafuncionais. Quando somada à erosão, potencializa ainda mais a perda dentária, especialmente quando o esmalte já está fragilizado pela ação ácida.

A associação entre erosão e atrição é comum em pacientes adultos jovens e deve ser avaliada de forma criteriosa durante o exame clínico.

Sinais clínicos da erosão dentária

O reconhecimento precoce da erosão dental é imprescindível para evitar perdas irreversíveis. Os principais sinais e sintomas incluem:

  • Superfícies dentárias lisas e brilhantes;
  • Perda de estrutura dental em áreas não sujeitas à mastigação;
  • Exposição de dentina (com coloração mais amarelada);
  • Sensibilidade térmica ou química;
  • Redução da altura dos dentes;
  • Margens restauradoras elevadas devido à perda de esmalte ao redor.

Em estágios mais avançados, o desgaste pode comprometer a estética do sorriso e alterar a oclusão.

Fatores de risco e populações vulneráveis

Diversos fatores podem favorecer o aparecimento da erosão dentária, como fatores emocionais ligados ao estresse, e mais:

  • Dietas ácidas (ricas em frutas cítricas e refrigerantes);
  • Atletas que consomem bebidas esportivas com frequência;
  • Pacientes com distúrbios gástricos;
  • Pessoas com bulimia ou anorexia;
  • Idosos com menor fluxo salivar;
  • Usuários de medicações que reduzem a salivação (xerostomia).

A identificação desses grupos de risco é fundamental para orientar condutas preventivas e reduzir a progressão do quadro clínico.

Como prevenir a erosão dental?

A prevenção é a melhor abordagem para o controle da erosão dentária. Veja algumas estratégias clínicas e orientações para os pacientes:

  • Reduzir a frequência do consumo de bebidas e alimentos ácidos;
  • Preferir o uso de canudo para evitar o contato direto com os dentes;
  • Evitar escovar os dentes logo após ingerir alimentos ácidos (esperar pelo menos 30 minutos);
  • Utilizar escovas com cerdas macias;
  • Indicar cremes dentais com alta concentração de flúor (1.100 ppm ou mais);
Mulher sorrindo enquanto coloca creme dental em uma escova de dentes.
Mulher sorrindo enquanto coloca creme dental em uma escova de dentes.
  • Reforçar o uso de agentes remineralizantes (ex.: CPP-ACP, fluoreto de estanho);
  • Estimular o consumo de água e a salivação;
  • Acompanhamento odontológico periódico com um dentista clínico-geral.

Em pacientes com refluxo ou vômitos frequentes, o encaminhamento médico pode ser necessário para controle da causa sistêmica.

Abordagem clínica e tratamento

O tratamento da erosão dentária depende da gravidade do desgaste:

  • Estágios iniciais: controle da dieta, uso de flúor tópico e monitoramento clínico;
  • Desgaste moderado: restaurações em resina composta podem ser indicadas para reconstituir forma e função;
  • Casos severos: planejamento restaurador mais complexo, com facetas, coroas ou até reabilitação com próteses totais, em situações extremas.

Avaliações periódicas, fotografias clínicas e modelos de estudo ajudam a monitorar a evolução da lesão e a adesão ao tratamento.

Dúvidas frequentes sobre erosão dentária

A erosão dentária é um problema comum, mas ainda cercado de muitas dúvidas. Afeta pacientes de todas as idades e, quando não identificada precocemente, pode comprometer a saúde bucal de forma significativa. A seguir, respondemos às perguntas mais frequentes sobre o tema.

Erosão dentária tem cura?

Não há cura no sentido de reversão completa do esmalte perdido, mas o processo pode ser interrompido com intervenção precoce.

É possível recuperar o esmalte desgastado?

Não, o esmalte não se regenera. Porém, materiais restauradores e estratégias de remineralização ajudam a restaurar função e estética.

Crianças também podem ter erosão dentária?

Sim. O consumo de sucos artificiais, refrigerantes e má higiene são inimigos da saúde bucal e favorecem a erosão já na infância.

Existe relação entre erosão e sensibilidade dentária?

Sim. Com a exposição da dentina, o paciente pode relatar dor ao ingerir alimentos frios, quentes ou doces.

Mulher com expressão de dor na mandíbula
Mulher com expressão de dor na mandíbula

Qual é o melhor creme dental para prevenir erosão?

Os que possuem flúor em alta concentração (acima de 1.100 ppm), preferencialmente com baixa abrasividade.

Continue acompanhando o blog da Surya Dental

O conhecimento sobre erosão dentária é indispensável para o clínico geral e o futuro especialista em odontologia restauradora. Com a identificação precoce, orientação eficaz e intervenções baseadas em evidências, é possível preservar a integridade dental e garantir saúde bucal a longo prazo.

Aproveite e continue se atualizando no blog da Surya Dental, onde você encontra conteúdos exclusivos sobre técnicas restauradoras, estética dental e muito mais. Indicamos a leitura complementar do nosso artigo sobre a fina relação entre saúde bucal e corpo humano. Entenda como alterações na cavidade oral podem refletir em doenças sistêmicas e como o cirurgião-dentista tem papel fundamental na saúde global do paciente.

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