Infecção cruzada na odontologia: como evitar?

Dentistas com EPIs para evitar infecção cruzada odontologia

Falar sobre infecção cruzada na odontologia sempre fez parte da rotina dos cirurgiões-dentistas. Entretanto, não há como negar que, nos últimos tempos, em decorrência da pandemia de Covid-19, essa pauta tornou-se cada vez mais essencial, especialmente pelos desafios que foram encontrados nos anos passados, como os aerossóis.

Evitar infecções cruzadas requer um trabalho minucioso que considere um conjunto de medidas que abrange desde os cuidados com o ambiente até os processos utilizados durante os procedimentos odontológicos.

Por isso, é essencial manter-se em alerta com as práticas do seu consultório e buscar por informações sobre o assunto, de forma que você possa reforçar a sua segurança, a do seu time e a dos pacientes.

Neste post, vamos entender melhor como evitar infecção cruzada em odontologia. Boa leitura!

O que é infecção cruzada?

A infecção cruzada é a transmissão de microrganismo de pessoa para pessoa por meio de uma superfície contaminada ou de instrumentos e outros objetos. Ela pode acontecer pelo contato com sangue, saliva ou algum material contaminado, assim como por inalação ou inoculação por itens perfurantes ou cortantes.

Profissionais da odontologia também estão expostos a contaminações, assim como qualquer outro que atue na área da saúde, o que reforça a necessidade de partir do pressuposto que todo paciente pode infectar.

Nos anos 1980, a aids chamou atenção em todos os países, especialmente de órgãos internacionais, que alertaram sobre a necessidade de controlar infecções cruzadas, inclusive na odontologia, como explica o artigo “Avaliação das atitudes de prevenção de infecção cruzada através de inspeção visual nas clínicas de graduação da Faculdade de Odontologia de Pernambuco”.

Antes da década de 1980, os cuidados já eram algo importante, mas eles se intensificaram com o surgimento do vírus HIV e, posteriormente, com as hepatites B, C e D, a herpes, a tuberculose e outras infecções transmissíveis.

Como evitar infecção cruzada na odontologia?

O que fazer para evitar riscos de infecção para dentistas, pacientes e membros da equipe? A palavra que responde a tudo isso é biossegurança.

Infecção cruzada na odontologia
A biossegurança e o controle de infecção cruzada em consultórios odontológicos são cruciais.

Na correria do dia a dia, alguns detalhes e precauções passam batidos, seja por falta de tempo ou por esquecimento. Entretanto, até as situações mínimas podem desencadear infecções e, por isso, é crucial que cirurgiões-dentistas sigam rigorosamente todas as recomendações de biossegurança.

Para ajudá-lo nessa tarefa, listamos pontos de atenção para a prevenção de infecção cruzada. Vamos ver.

Atente-se ao higienizar superfícies

A higienização de superfícies sempre foi obrigatória na odontologia. Mas, com o surgimento do novo coronavírus, esse cuidado foi redobrado — inclusive, deve ser mantido no período pós-covid.

De acordo com a Anvisa, as superfícies e os equipamentos odontológicos devem ser limpos com água e sabão neutro, além de desinfetados com álcool 70%.

Botões de acionamento e outras áreas também merecem atenção. A dica é cobri-los com algodão esterilizado enquanto faz procedimentos cirúrgicos. Ao realizar atividades clínicas, isole-os com barreiras impermeáveis.

Lembre-se que esse processo de limpeza e desinfecção deve ser feito a cada atendimento.

Troque as barreiras impermeáveis

As barreiras impermeáveis são grandes aliadas para evitar infecções cruzadas. Por isso, devem estar dispostas em todas as superfícies e nos mobiliários do consultório, o que vai reforçar a proteção das mãos.

Além disso, esse item é uma opção ao tópico anterior, que sugere a desinfecção a cada atendimento.

Entretanto, sejam de tecido ou de plástico, as barreiras impermeáveis devem ser trocadas de um atendimento para o outro. Ao preparar o consultório para a próxima consulta, recolha todos esses itens, de forma que as chances de infecção cruzada sejam menores.

As barreiras podem ser utilizadas em áreas de alto toque e difíceis de limpar. São elas:

  • Alça do refletor
  • Comandos da cadeira
  • Mangueiras
  • Botoneira
  • Interruptor
  • Cabeça, pistola alça e disparador do raio-x, assim como base e timer do aparelho

Utilize corretamente jalecos e aventais

Segundo o artigo “Contaminação em jalecos utilizados por estudantes de odontologia”, esses equipamentos de proteção são indispensáveis para prevenir contágios de microrganismos epidemiologicamente importantes em infecções.

Quando secos e bem esterilizados, os jalecos e aventais têm papel importante de barreira, já que são resistentes à penetração de líquidos.

Ao mesmo tempo, o jaleco pode contribuir significativamente para a infecção cruzada dentro do consultório, sobretudo os utilizados em cirurgias. Aliás, o artigo cita estudos que verificaram a presença de microrganismo em mangas e bolsos, já que são áreas que têm contato direto com a pele.

Infecção cruzada odontologia
Os jalecos devem receber os cuidados corretos para evitar infecção cruzada na odontologia.

O jaleco ou avental deve ser utilizado exclusivamente no consultório, ou seja, nada de ir à rua, recepção e outros espaços com ele. Ao transportá-lo, é importante que ele esteja dentro de sacos reforçados e bem fechados.

Ao lavar essas peças, não as misture com roupas de uso pessoal. O jaleco e o avental devem ser lavados com detergente para roupas e alvejante. Em seguida, deixar secar, embalar e levar à autoclave.

Para uma limpeza mais eficaz, é recomendado levar as peças para uma lavanderia hospitalar.

Dê tempo suficiente para o auxiliar organizar o consultório

Como já dizia o ditado: a pressa é inimiga da perfeição. Acredite, isso também é válido para a limpeza do seu consultório.

Parece óbvio falar disso, mas ainda há clínicas que pecam no intervalo entre um atendimento e outro, justamente pela pressa de que tudo aconteça muito rápido.

É fundamental dar um bom tempo para que o auxiliar consiga organizar tudo. Não será em poucos minutos que a higienização, troca das barreiras e outras precauções serão feitas.

Aliás, essa foi uma lição muito importante que podemos tirar da biossegurança durante o coronavírus: a necessidade organizar a agenda de forma que existam intervalos entre os atendimentos com tempo suficiente para uma boa higienização.
Não adianta atender um grande número de pacientes e comprometer a saúde de todos com a infecção cruzada.

Armazene corretamente os materiais esterilizados

Você sabia que a Anvisa estipula algumas normas de armazenagem dos itens esterilizados? Além dos materiais serem guardados em um local exclusivo para isso, protegido de poeira, umidade e insetos, é necessário ter outros cuidados.

Os armários devem ser bem fechados e precisam estar a uma distância mínima de 20 cm do chão, 50 cm do teto e 5 cm da parede.

Além disso, sempre deve ser respeitado o prazo da esterilização. Portanto, nada de abrir exceções e utilizar algo que já passou da validade!

Outro ponto importante é estar sempre de olho nesse armário para verificar se há poeira, insetos, infiltração ou pacotes danificados. Esse monitoramento deve acontecer justamente para garantir proteção aos itens esterilizados.

Evite mexer nos pacotes e, se for necessário, faça sempre com cuidado.

Exija de toda a equipe o bloqueio epidemiológico

O bloqueio epidemiológico nada mais é do que a vacinação. É impensável um profissional da área da saúde que falhe nesse quesito, especialmente por estar extremamente exposto.

Infecção cruzada odontologia
Ter todas as doses das vacinas é mais uma forma de combater a infecção cruzada na odontologia.

As vacinas fundamentais para os profissionais de odontologia são contra hepatite B, influenza, tríplice viral e dupla tipo adulto e, mais recente, coronavírus.

Além disso, esteja atento às vacinas específicas de cada região. Nos Estados de Amapá, Acre, Amazonas, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins e no Distrito Federal, os profissionais devem estar devidamente imunizados contra febre amarela.

Lembre-se de estar atento ao esquema vacinal, especialmente em relação às vacinas que necessitam de dose de reforço anualmente, como a de gripe.

Evitar a infecção cruzada na odontologia requer, acima de tudo, conhecimento. Sem dúvidas, essa é a melhor ferramenta para combater essa situação e saber o que é o melhor para você, os seus pacientes e a sua equipe.

Por isso, que tal começar pela leitura do nosso conteúdo “Biossegurança na odontologia: dicas para o seu consultório”? Basta clicar no banner abaixo e para acessar.

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