Diabetes e odontologia: como atender pacientes com a doença?

Pessoa segurando dente e aparelho de medição de glicose.

Diabetes e odontologia: esse é um assunto fundamental para todo cirurgião-dentista, uma vez que pacientes com a doença precisam de cuidados especiais no consultório. Isso porque diabéticos com a síndrome mal controlada correm o risco de ter mais complicações dentárias. 

Para um bom atendimento, o profissional deve fazer um questionário para obter informações sobre o controle da doença, uso de medicamentos, alimentação e, o mais importante: saber a taxa de glicemia e só começar um procedimento se o nível de glicose estiver dentro do recomendado. 

Quer entender mais sobre como diabetes e odontologia estão interligadas, quais cuidados devem ser observados no atendimento, qual a influência na saúde bucal do paciente e o que o dentista pode fazer para ajudá-lo? Então, continue conosco e aproveite! 

Afinal, o que caracteriza o diabetes?

Diabetes mellitus (DM) é uma doença crônica que se caracteriza pela baixa produção de insulina (tipo 1) ou quando o organismo não consegue utilizar a insulina produzida (tipo 2). Essa alteração leva, a longo prazo, ao comprometimento da estrutura vascular dos órgãos.  Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, o principal fator de risco para o tipo 1 é a genética. Já para o tipo 2, a lista é maior e inclui: 

Diabetes, blood test and portrait of black woman in living room for glucose levels, medical and tec.
  • Pressão alta;
  • Pré-diabetes (glicose de jejum alterada);
  • Colesterol alto;
  • Síndrome metabólica;
  • Pai ou irmão com diabetes;
  • Doença renal crônica;
  • Síndrome de ovários policísticos;
  • Distúrbios psiquiátricos, como esquizofrenia, depressão e transtorno bipolar;
  • Apneia do sono. 

Também podemos definir o diabetes como uma síndrome de etiologia múltipla que pode ser causada pela deficiência de secreção de insulina ou pela resistência periférica à ação de insulina. Há casos em que o paciente apresenta apenas uma dessas linhas, mas também pode ter as duas. 

A insulina tem o papel de diminuir a concentração de glicose no sangue para, assim, contribuir para o aumento do transporte da glicose. Isso ocorre porque a presença do diabetes gera dificuldades na formação de glicogênio e inibe a gliconeogênese.  Quando mal controlada, a doença pode trazer complicações como: 

  • Doença renal;
  • Má circulação nos pés e membros inferiores;
  • Problemas de visão (glaucoma, catarata, retinopatia);
  • Transtornos bucais;
  • Infecções por fungos ou bactérias na pele. 

De acordo com o artigo “Diabetes Melito: diagnóstico, classificação e avaliação de controle glicêmico“, o distúrbio acomete 7,6% da população na faixa etária dos 30 aos 69 anos e 0,3% das gestantes. Metade dos portadores não têm conhecimento do diagnóstico, afinal, ele costuma vir após os 40 anos.

Quais são as classificações do diabetes?

Além de ser classificado nos tipos 1 e 2, existem outros diagnósticos, como o diabetes mellitus gestacional.  Entender a diferença entre eles é essencial para compreender a real relação entre diabetes e odontologia e planejar um bom atendimento. Por isso, explicaremos detalhadamente cada um deles.  Continue lendo!

Doctor check diabetes from finger blood sugar level with finger lancet.

1. Diabetes tipo 1

O diabetes tipo 1 representa de 5% a 10% dos casos e é uma consequência da destruição de células beta-pancreáticas e deficiência de insulina.   A velocidade com que acontece a destruição das células muda de acordo com a idade. Enquanto em crianças e adolescentes o processo é mais rápido, em adultos, é mais lento. 

Em geral, o tipo 1 é autoimune, embora existam situações em que isso não é registrado e, portanto, é diagnosticado como idiopático de DM1.  Uma das suas características é o rápido surgimento dos sintomas e, ao contrário do tipo 2, os pacientes não apresentam obesidade pela doença. 

2. Diabetes tipo 2

O diabetes tipo 2 é o mais comum e representa de 90% a 95% dos casos. Esse é um quadro marcado por defeitos na ação e na secreção de insulina, em que um dos dois é predominante. 

Ainda segundo o artigo que mencionamos anteriormente, o tipo 2 é mais comum em pacientes após os 40 anos e com pico de incidência aos 60. Entretanto, a idade por si só não é definitiva para a classificação, apenas se estiver associada à obesidade e à ausência de cetoacidose — complicação do diabetes causada por hiperglicemia, hipercetonemia e acidose metabólica. 

Nesses casos, o paciente não necessita fazer uso da insulina para sobreviver, entretanto, ela pode ser utilizada para controle metabólico. 

3. Diabetes gestacional

O diabetes gestacional está ligado à intolerância à glicose no início ou durante a gravidez. A taxa de ocorrência é de 1% a 14% de todas as gestações, a depender da população estudada e dos critérios de pesquisa.

O distúrbio também está conectado com o aumento de morbidade e mortalidade perinatais.  O artigo “Consenso sobre diabetes gestacional e diabetes pré-gestacional” explica que existem fatores de risco, como: 

  • Idade acima de 25 anos;
  • Obesidade ou ganho excessivo de peso durante a gravidez;
  • Deposição central excessiva de gordura corporal;
  • Histórico familiar em parentes de 1º grau;
  • Baixa estatura;
  • Crescimento fetal excessivo, polidrâmnio, hipertensão ou pré-eclâmpsia na gravidez;
  • Histórico obstétrico de morte fetal ou neonatal, macrossomia ou diabetes gestacional. 

Quais são os sintomas da diabetes?

Além de conhecer bem quais os tipos de diabetes, é importante entender os sintomas para proporcionar um atendimento mais seguro e identificar formas de atuar caso o paciente comece a apresentar algum deles.  Esses sintomas variam conforme o tipo da doença e o nível de descontrole glicêmico — o tipo 1 e 2, por exemplo, apresentam:

Picture of adult woman suffering from headache at home
  • Poliúria: aumento da frequência urinária, pois o excesso de glicose no sangue sobrecarrega os rins;
  • Polidipsia: sede excessiva, devido à perda de líquidos pelo aumento da diurese;
  • Polifagia: fome excessiva, já que as células não conseguem utilizar corretamente a glicose;
  • Perda de peso inexplicável: principalmente no diabetes tipo 1, pois o organismo começa a usar proteínas e gorduras como fonte de energia;
  • Fadiga e cansaço constante: devido à dificuldade do organismo em transformar a glicose em energia;
  • Visão embaçada: provocada pelo excesso de glicose, que altera a estrutura do cristalino do olho;
  • Infecções frequentes: maior predisposição a infecções fúngicas (como candidíase oral e genital) e bacterianas na pele;
  • Cicatrização lenta: cortes e feridas podem demorar mais para cicatrizar devido à má circulação e comprometimento da resposta imunológica;
  • Dormência ou formigamento nas mãos e pés: sinal de neuropatia diabética, comum em casos de diabetes descontrolada;
  • Hálito cetônico (cheiro de acetona na respiração): consequência da cetoacidose diabética, uma emergência médica;
  • Náuseas e vômitos: podem indicar descontrole grave da glicemia;
  • Dor abdominal: sinal de alerta para cetoacidose diabética;
  • Escurecimento da pele (acantose nigricans): manchas escuras em dobras do corpo, como pescoço e axilas, indicando resistência à insulina;
  • Ganho de peso e dificuldade em emagrecer: muitas vezes associado à obesidade e ao metabolismo alterado;
  • Infecções urinárias recorrentes: o excesso de glicose na urina favorece a proliferação bacteriana.

Já os sintomas do diabetes gestacional são: sede excessiva e aumento da diurese; cansaço extremo; infecções urinárias e vaginais frequentes e ganho de peso acima do esperado para a gestação.

Quais são os fatores de risco do diabetes?

Os principais fatores de risco para o diabetes tipo 1 incluem:

  • Histórico familiar, onde ter um parente de primeiro grau (pai, mãe ou irmão) com diabetes tipo 1 aumenta o risco;
  • Fatores genéticos, como a presença de genes associados ao diabetes tipo 1, como HLA-DR3 e HLA-DR4;
  • Infecções virais, pois alguns vírus podem desencadear respostas autoimunes, como coxsackievirus, rubéola e citomegalovírus;
  • Fatores ambientais, como a exposição a certos produtos químicos, toxinas e até mesmo a falta de aleitamento materno na infância.

Já o diabetes tipo 2 está mais associado ao estilo de vida e fatores hereditários. Os principais fatores de risco incluem:

  • Excesso de gordura, especialmente abdominal, que reduz a sensibilidade à insulina;
  • Falta de atividade física, que dificulta o metabolismo da glicose e favorece a resistência à insulina;
  • Ter parentes com diabetes tipo 2;
  • Embora o diabetes tipo 2 esteja crescendo entre os jovens, o risco aumenta com o envelhecimento;
  • Condições como hipertensão, colesterol alto e triglicerídeos elevados;
  • Diabetes gestacional prévia;
  • Apneia do sono, que pode contribuir para resistência à insulina e descontrole metabólico.

Por fim, os fatores de risco para o diabetes gestacional são:

  • Idade materna acima de 25 anos;
  • Histórico familiar de diabetes;
  • Sobrepeso ou obesidade antes da gravidez;
  • Ganho excessivo de peso durante a gestação;
  • Síndrome dos ovários policísticos (SOP);
  • Histórico de partos anteriores com bebês de peso elevado (macrossomia).

Diabetes e odontologia: cuidados com pacientes no consultório 

Os cuidados com pacientes diabéticos na odontologia devem acontecer desde o momento da anamnese, em que é necessário estar extremamente atento e retirar o máximo de informações da pessoa, como durante o atendimento

Side view portrait of teenage girl sitting in dental chair and holding tooth model during consultation with dentist

Por isso, aconselha-se que, para qualquer paciente, sejam adotadas algumas práticas, já que existe a possibilidade de se deparar com pessoas que ainda não estão diagnosticadas e descobrir o distúrbio dentro do consultório odontológico. Vamos explorar os principais cuidados para o diabetes e odontologia na sequência! 

1. Faça um planejamento prévio à consulta

No caso de pacientes diabéticos, o atendimento deve ser planejado de acordo com as necessidades deles. Portanto, é preciso estudar mais sobre o assunto e entender quais detalhes devem ter atenção redobrada. 

O planejamento do atendimento deve começar quando o paciente faz o primeiro contato para agendar a consulta. Aliás, por isso é tão importante a pré-triagem por telefone. As informações obtidas nesse momento podem fazer toda a diferença. 

Se o paciente informar que é diabético, o ideal é que a consulta seja agendada em horários estratégicos. Segundo o artigo “Conduta odontológica em pacientes diabéticos: considerações clínicas”, o melhor horário é da parte da manhã, quando a insulina atinge o nível máximo de secreção. 

As consultas longas também devem ser evitadas para que o paciente não fique estressado ou ansioso. Se for necessário um atendimento extenso, deixe preparados alguns alimentos leves para oferecer à pessoa, caso aconteça algum quadro de emergência médica, como a hipoglicemia.

2. Extraia o máximo de informações durante a anamnese

Antes da consulta de diabetes e odontologia, o dentista tem de fazer uma espécie de questionário com o paciente. O dentista Nelson Alfarano afirma que é preciso, primeiramente, extrair o máximo de informações sobre o paciente para saber se ele é ou não diabético. “Muitos não sabem que têm a doença e, às vezes, é o dentista que descobre.” Entre as informações solicitadas, é fundamental questionar: 

  • Quais medicamentos o paciente faz uso;
  • Se faz algum tratamento;
  • Qual o tipo de diabetes;
  • Entender se há fatores de risco;
  • Se faz uso da insulina, qual o tipo e em que horário utiliza.  

É recomendado fazer a medição da glicemia antes dos procedimentos que envolvam cirurgias ou consultas longas”, orienta Alfarano.  Para pacientes que ainda não têm conhecimento do diagnóstico, é necessário estar atento a alguns pontos, como perda de peso e polifagia, hipertensão, obesidade, presença de biofilme, sangramento gengival, recessão gengival, profundidade de sondagens, hálito cetônico, entre outros. 

Segundo o artigo “O cuidado do paciente odontológico portador de diabetes mellitus tipo 1 e 2 na Atenção Primária à Saúde”, algumas perguntas para pacientes que ainda não têm o conhecimento da doença são: 

  • Sente muita sede ou fome?
  • Urina muitas vezes ao dia?
  • Percebeu perda de peso recentemente?
  • Sente fraqueza ou cansaço não associado à atividade física?
  • Sente coceira no corpo?
  • Sente dor no corpo?
  • Sente dor na boca?
  • Possui infecções frequentes?
  • Demora muito tempo para que ocorra cicatrização quando se machuca?
  • Tem história familiar de diabetes?

Já para aqueles que têm o diagnóstico, você pode perguntar: 

  • Há quanto tempo tem diabetes?
  • Qual é o tipo de diabetes?
  • Usa alguma medicação? Qual?
  • Já foi hospitalizado?
  • Já teve crise de hiper ou hipoglicemia?
  • Há quanto tempo consultou com o médico e realizou exames? Quais são os resultados?
  • Consome bebida alcoólica? Quanto?
  • Tem o hábito de fumar? Quanto?

A dentista Érika Vassolér, consultora de higiene bucal da Condor, empresa fabricante de escovas dentais, considera essencial que o dentista tenha conhecimento sobre o assunto caso aconteça uma emergência. “Se o paciente tiver uma crise de hiperglicemia ou hipoglicemia no consultório, o profissional dará assistência para a pessoa.” 

De acordo com Alfarano, o atendimento odontológico do paciente com diabetes pode ser igual ao de um indivíduo sem a doença, desde que a taxa de glicose esteja controlada e tenha autorização do médico.  Caso esteja planejando uma cirurgia como a de extração de siso, o ideal é pedir alguns exames antes, entre os quais: 

  • Hemograma;
  • Glicemia em jejum ou capilar (que pode ser feita no consultório odontológico);
  • Hemoglobina glicada.

Para entender melhor, assista ao vídeo da Dra. Pamela Peres sobre quais exames pedir antes de uma cirurgia odontológica em paciente diabético:

Para tornar a anamnese ainda mais completa, é indicada a realização de exames intraorais e extraorais. 

Diabetes e odontologia: qual é a relação?

A relação entre diabetes e saúde bucal é bidirecional: pacientes diabéticos têm maior risco de desenvolver doenças periodontais e infecções bucais, enquanto problemas bucais podem agravar o controle glicêmico do paciente.

De acordo com a American Diabetes Association (ADA), a inflamação causada pela periodontite pode dificultar a ação da insulina, aumentando a resistência do organismo ao hormônio. As principais manifestações bucais em diabéticos são:

  • Doença periodontal: a inflamação gengival é mais agressiva e resistente ao tratamento em pacientes diabéticos;
  • Xerostomia: redução do fluxo salivar, o que pode levar ao aumento da cárie e infecções;
  • Candidíase oral: a glicose elevada favorece o crescimento de fungos na boca;
  • Retardo na cicatrização: qualquer procedimento cirúrgico pode apresentar recuperação mais lenta;
  • Hálito cetônico: odor característico na boca, comum em episódios de cetoacidose diabética;
  • Cárie;
  • Sintomas da síndrome da ardência bucal;
  • Ulcerações na mucosa bucal;
  • Disgeusia. 

Por isso, é necessário que o cirurgião-dentista tenha um bom conhecimento sobre essas manifestações bucais. Isso poderá ajudar a planejar melhor os atendimentos odontológicos.

Protocolo de atendimento odontológico para pacientes diabéticos

O tratamento para diabetes e odontologia só será realizado se os pacientes estiverem com o nível de glicose no sangue controlado. Caso a glicemia esteja abaixo de 70 mg/dL ou acima de 300 mg/dL, a pessoa deve ser encaminhada ao médico e nem começar o tratamento no consultório do dentista. 

O artigo “O cuidado do paciente odontológico portador de diabetes mellitus tipo 1 e 2 na Atenção Primária à Saúde” propõe que os pacientes sejam divididos em três grupos: baixo risco, risco moderado e alto risco.

  • Pacientes de baixo risco possuem bom controle metabólico e regime médico estável. Os níveis de glicose sanguínea em jejum devem estar abaixo de 200 mg/dL;
  • Os de risco moderado apresentam sintomas ocasionalmente e não possuem histórico recente de hipoglicemia. Os níveis de glicose sanguínea em jejum devem estar abaixo de 250 mg/dL;
  • Pacientes de alto risco caracterizam-se por possuírem muitas complicações, como hipoglicemia ou cetoacidose frequente, com ajuste na dose de insulina. Em jejum, a taxa glicêmica pode passar dos 250 mg/dL.

O artigo afirma que os procedimentos devem ser adiados até que a doença seja estabilizada. A exceção é quando há uma infecção dentária ativa, em que deve ser executado o tratamento de diabetes e odontologia mais simples para que possa ser mantido o controle. 

O profissional deve pedir uma bateria de exames antes de qualquer procedimento: hemograma completo e radiografia panorâmica para avaliar se há comprometimento periodontal.  A avaliação periodontal deve ser rigorosa e atenta, enquanto as profilaxias devem acontecer de forma mais constante, associadas a uma boa higiene bucal. 

Cano afirma que o tratamento para pacientes diabéticos tem de ser personalizado, já que eles são mais propensos a ter hemorragias e dificuldades de cicatrização. 

A tecnologia pode ser usada a favor do tratamento e um exemplo disso é a câmera intraoral com zoom de 60x. “Com ela, é possível fazer diagnósticos dos problemas bucais em estágio inicial, impedindo a evolução de cáries e problemas mais graves”, explica o cirurgião-dentista. “A prevenção é sempre o melhor caminho para evitar o agravamento do diabetes e suas complicações.” 

1. Escolha do anestésico adequado para diabéticos

Qual anestésico odontológico para diabéticos utilizar? Alfarano diz que é indicado usar a prilocaína 3% como anestésico dental, além da lidocaína com epinefrina. “Desde que o paciente esteja com o diabetes controlado”, alerta. “Tudo deve ser avaliado caso a caso e, se houver dúvida, o dentista deve solicitar exames laboratoriais.” 

Se for feito algum procedimento que envolva sangramento, como uma cirurgia, Érika conta que pode ser administrado um antibiótico ou uma terapia profilática ou terapêutica. 

É importante diagnosticar e ter controle sobre a doença periodontal, já que ela favorece o aumento da glicemia no paciente diabético. Estudos científicos comprovam que tratar a doença estabiliza a taxa de glicemia. 

2. Tenha cuidados pós-tratamentos odontológicos 

O cuidado com pacientes diabéticos também deve ser tomado após procedimentos odontológicos para assegurar uma recuperação segura e eficaz, minimizando o risco de complicações. Confira orientações importantes na sequência! 

  • Monitore o nível de glicose: variáveis na taxa de açúcar no sangue podem afetar a cicatrização. Por isso, é fundamental que os diabéticos mantenham seus níveis de glicose conforme indicado pelo médico;
  • Medicação: É essencial explicar ao paciente que eles devem seguir rigorosamente as prescrições de antibióticos ou analgésicos, se aplicáveis, para prevenir infecções e gerenciar a dor. Converse com o médico do paciente para evitar interações negativas;
  • Higiene bucal: indique ao paciente diabético que mantenha uma higiene bucal meticulosa, mas que seja gentil nas áreas tratadas para evitar irritações;
  • Alimentação: sugira ao paciente optar por uma dieta leve nos dias seguintes ao procedimento para não forçar a área afetada. Além disso, é importante que seja feito o monitoramento da ingestão de carboidratos para manter o controle glicêmico e não atrapalhar a cicatrização. Inclusive, recomenda-se manter-se bem hidratado para auxiliar no processo;
  • Verifique possíveis infecções: peça que o paciente esteja atento a sinais como inchaço, vermelhidão, dor persistente ou aumento de temperatura. Diabéticos estão mais suscetíveis a infecções e podem necessitar de uma intervenção precoce. 

Quais são os riscos e complicações odontológicas para diabéticos?

Pacientes de diabetes e odontologia estão sujeitos a uma série de riscos e complicações específicas devido à sua condição. Entre os desafios percebidos encontra-se uma maior suscetibilidade a infecções, como as periodontais, que podem ser mais frequentes e graves devido à resposta imunológica alterada. Esses problemas podem, por sua vez, afetar o controle glicêmico, criando um ciclo prejudicial à saúde geral do paciente. 

Hélio Cano, cirurgião-dentista e especialista em prótese e reabilitação oral, explica que o diabetes mal controlado pode provocar a diminuição do fluxo salivar. Trata-se de uma alteração importante para a saúde bucal, uma vez que a saliva mantém a temperatura ideal da boca.  

A redução da saliva provoca a elevação da temperatura da boca e cria um ambiente favorável à proliferação de bactérias, aumentando o risco de mau hálito, infecções e cáries”, comenta. 

Além de controlar a temperatura na cavidade bucal, a saliva é responsável por começar o processo de digestão, já que contém enzimas digestivas. “Assim, sua diminuição acarreta sobrecarga para o sistema digestivo.” 

Doenças periodontais

Outro agravante da redução do fluxo salivar é a gengivite que, quando não tratada, pode causar sangramento da gengiva, provocar partos prematuros, nascimento de bebês com baixo peso e endocardite bacteriana, que é a infecção das válvulas cardíacas. 

Estudos científicos mostram uma relação entre diabetes e doenças da gengiva, como gengivite e periodontite”, afirma Cano, que é diretor clínico e idealizador da Presence Odontologia.  A doença periodontal é uma infecção que prejudica a estrutura do dente e, se não tratada, pode resultar na perda dentária. 

Análise da Câmara Técnica de Periodontia do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CRO-SP) aponta que as complicações da doença periodontal são mais severas nos pacientes diabéticos do que em indivíduos com os níveis de glicose sob controle. O mesmo acontece com a resposta ao tratamento odontológico: é pior nos diabéticos na comparação com os que não têm a doença. 

Cicatrização

Além das doenças da gengiva, o paciente com diabetes pode apresentar complicações durante uma cirurgia e problemas ósseos na integração do implante. “Ele pode ter maior sangramento e dificultar a colocação do implante, sem contar que a cicatrização pode ser mais lenta”, afirma Érika.  Isso torna os processos pós-operatórios mais complexos e aumenta o risco de complicações após procedimentos cirúrgicos. 

Educação e prevenção de saúde bucal para pacientes com diabetes

Pacientes com diabetes devem visitar regularmente o dentista — no máximo, a cada seis meses — e manter uma boa higiene bucalA higienização correta é a melhor aliada dos sintomáticos na prevenção de doenças bucais, que podem aparecer pelos altos níveis de glicose no sangue.

Essa atenção é importante porque essas manifestações nos diabéticos são mais agressivas, e os cuidados devem ser redobrados. Portanto, o dentista deve orientar o paciente sobre: como fazer a higiene bucal da forma correta, técnicas de escovação e o uso do fio dental, de raspadores de língua e de enxaguantes bucais.  

“Os diabéticos precisam escovar os dentes pelo menos quatro vezes ao dia, e a escova deve ser com cerdas macias e cabeça redonda”, recomenda Érika. 

Mitos e verdades sobre diabetes e odontologia

Quando se trata da relação entre odontologia e diabetes, existem muitos mitos e verdades. É importante entender cada caso para garantir que os procedimentos sejam feitos da melhor maneira. 

Pacientes diabéticos sempre têm problemas dentários?

Mito. Não é correto dizer que todos os diabéticos terão problemas dentários. É fato que a doença pode colocar o indivíduo em um risco maior de certas condições bucais, a exemplo de problemas periodontais, caso o nível de glicose não esteja bem controlado. No entanto, com bom manejo da doença e práticas adequadas de higiene, é possível manter uma saúde bucal satisfatória. 

Procedimentos odontológicos não são seguros para diabéticos?

Mito. Procedimentos odontológicos podem ser realizados com segurança em pacientes diabéticos, desde que sejam tomadas precauções adequadas.

O dentista deve estar informado sobre o quadro clínico, incluindo o nível de controle da doença. Em certos casos, pode ser necessário ajustar o horário do procedimento ou tomar medidas especiais para prevenir hipoglicemia e outras complicações. 

Diabetes aumenta o risco de doença periodontal?

Verdade. O diabetes pode comprometer a capacidade do organismo de combater infecções, incluindo aquelas que começam na gengiva, acarretando a doença periodontal. Para evitar, é necessário realizar a higiene bucal adequadamente e controlar o nível glicêmico. 

Diabetes sempre causa mau hálito?

Mito. Embora o mau hálito possa ser um sinal de que a doença não está bem controlada, nem todos os pacientes sofrem dessa condição. A halitose pode ter várias causas, incluindo higiene bucal inadequada, infecções orais, consumo de certos alimentos e problemas médicos. 

Paciente diabético pode extrair dente?

Sim, é possível realizar extração dentária em pacientes com diabetes, mas é necessário tomar cuidados do pré ao pós-operatório para garantir a recuperação. Antes, o paciente deve estar bem alimentado, ter tomado suas medicações diárias e estar com o nível de glicemia ideal para evitar emergências. 

Após a extração, recomenda-se o uso de compressas geladas e a ingestão de alimentos frios para auxiliar na cicatrização. Uma boa higiene oral também é essencial para uma melhora rápida. 

Diabéticos devem ter cuidado extra com a higiene bucal?

Verdade. Os diabéticos devem manter uma rotina rigorosa de higiene oral para evitar o risco de desenvolver problemas bucais.  

Não é necessário que o paciente informe ao dentista sobre diabetes?

Mito. É crucial que o paciente que tenha o diagnóstico de diabetes avise o cirurgião-dentista e explique como está sendo controlada. Assim, o profissional pode personalizar o tratamento e tomar precauções especiais. 

Diabéticos podem realizar cirurgia de implantes dentários?

Sim, é possível fazer cirurgia de implante para diabéticos. Porém, o procedimento requer atenção especial por conta da complexidade da doença e dos desafios que podem apresentar na osseointegração

É fundamental que haja bom controle glicêmico, que seja feita uma avaliação conjunta entre cirurgião-dentista e endocrinologista sobre a saúde geral do paciente antes de proceder o tratamento, além do cuidado no pós-operatório para evitar infecções. 

E então, gostou de aprender mais sobre esse tema? Lembre-se de que, em jejum, a glicemia deve ser inferior a 100 mg/dL. Duas horas após uma refeição, não pode ultrapassar 140 mg/dL.  Alimentação equilibrada, peso saudável e exercícios físicos regulares ajudam a baixar a taxa de glicemia. Existem medicamentos para o controle do diabetes, mas devem ser os que melhor se encaixam no perfil do paciente. 

Ah, além de pacientes diabéticos, existem também outros grupos que necessitam de atendimento personalizado, sabia? Quer conhecer e ler mais conteúdos que vão te ajudar em casos similares em seu consultório odontológico? Então, clique na imagem abaixo e acesse o blog da Surya Dental! 

Referências:

http://revodonto.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1677-38882016000100003&script=sci_arttext&tlng=pt

https://www.scielo.br/j/abem/a/hSngFgvTw4mTnqvz6bxDkNj/?lang=pt

https://bvsms.saude.gov.br/bvs/artigos/diabetes_mellitus_gestacional.pdf

https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/premio2010/especializacao/trabalho_betinaterra_mh_e.pdf

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12 comentários
  1. um mês que sofro com dente enflada e a gengiva enflada sou diabetes como faço pra a distrair dente minha diabetes não baixa

  2. Boa tarde
    Há anos estou com os meus dentes, em estado deplorável.
    Sempre tive muito medo de dentista,e com diabetes e hipertensão, esses medos tomaram uma proporção gigantesca.
    Depressão, insonia,desanino.
    E por ser profissionais especializados, o valor tbm deve ser especial.
    Obrigada.

    1. Oi Maria, tudo bom?

      Recomendamos que você busque indicações com amigos ou parentes para encontrar um dentista de confiança. Além disso, converse com o profissional antes do tratamento, explicando sua situação. Assim, você poderá voltar a ter o sorriso que deseja.

      Esperamos ter ajudado!

    1. Olá, Francisco! Tudo bem?
      A Surya não atua como consultório odontológico, e sim na venda de produtos odontológicos.
      Caso você desejar conversar com a nossa equipe comercial para comprar de materiais, poder entrar em contato através do telefone
      0800-602-1717 ou diretamente pelo whatsApp (44) 99138-4173.

      Abraços!

  3. Diabético pode extrair quatro dentes em um só dia ou deve fazê-lo em mais dias? Não tenho muito tempo devido ao trabalho e queria fazer tudo logo!

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