Dengue: cuidados com o paciente no consultório odontológico

Mosquito da dengue na pele humana.

Todos os anos, o Brasil passa por momentos críticos com a dengue. Cuidados com o paciente, inclusive na odontologia, tornam-se uma pauta relevante, especialmente em regiões epidêmicas. Falar sobre o assunto é necessário, afinal, profissionais da saúde devem estar preparados para lidar com os sintomas e as consequências da doença, independentemente da área de atuação.

No conteúdo de hoje, vamos entender mais sobre a relação entre dengue e odontologia. Boa leitura!

Entendendo a dengue

A dengue é uma doença viral transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, especificamente a fêmea. Nos últimos anos, a patologia tem preocupado drasticamente autoridades da saúde, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).

É considerada uma infecção febril aguda e que pertence à família de vírus flavivírus, cientificamente conhecido como arbovírus. 

De acordo com a Opas, existem quatro sorotipos do vírus que causam a dengue, são eles: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Uma vez que o paciente está recuperado de um deles, ganha imunidade vitalícia contra esse tipo específico, mas ainda há riscos de contrair os outros. É importante lembrar que as infecções subsequentes aumentam as chances de dengue grave e, até mesmo, de morte. 

A dengue é marcada por um padrão sazonal, no qual é possível notar que países do Hemisfério Sul sofrem com a alta de casos na primeira metade do ano, enquanto que os do Norte são mais acometidos no segundo semestre. Estima-se, também, que nas Américas há 500 milhões de pessoas com risco de ter infecção por dengue.

Quais são as doenças arbovirais causadas pelo Aedes Aegypti?

O Aedes aegypti também é responsável por outras doenças além da dengue, como a chikungunya, zika vírus e febre amarela.  

A chikungunya foi registrada no Brasil, pela primeira vez, em 2014, nos Estados de Amapá e Bahia, segundo o Ministério da Saúde. Atualmente, a doença está presente em todo o território nacional. 

A doença chama atenção pela possibilidade de manifestações atípicas no sistema nervoso e cardiovascular, na pele e nos rins.

Ilustração com os sintomas da Chikungunya em cada parte do corpo.
Sintomas da chikungunya. Imagem: Reprodução/Ministério da Saúde

O zika vírus pode se apresentar como uma doença febril autolimitada, como a dengue e a chikungunya. Porém, a patologia preocupa, porque a ciência já associa a presença do vírus a outros quadros de complicações neurológicas, como a microcefalia congênita e a síndrome de Guillain-Barré. 

Apesar de todas as idades e todos os gêneros estarem suscetíveis ao desenvolvimento, gestantes e pessoas acima de 60 anos são grupos de risco, uma vez que essa população concentra maiores chances de complicações.

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Quais os sintomas da dengue?

Apesar de ser amplamente divulgado pelos órgãos de saúde, é sempre importante destacar que os sintomas da dengue são:

  • Febre alta maior que 38°C
  • Dor no corpo e nas articulações
  • Dor atrás dos olhos
  • Mal-estar
  • Falta de apetite
  • Dor de cabeça
  • Manchas vermelhas no corpo            

Há casos assintomáticos ou que apresentam sintomas leves. Ao mesmo tempo, há quadros que podem ser mais graves e ir além dos sinais citados acima. 

Nos casos graves, podem acontecer sangramento, disfunção dos órgãos ou extravasamento do plasma, de acordo com o Ministério da Saúde. Pacientes que se enquadram nessa situação, em geral, começam a apresentar sintomas sérios entre o terceiro e o sétimo dia. 

Paciente com dengue na odontologia: o que dentistas devem saber?

As arboviroses podem apresentar manifestações bucais. Nos casos leves, a imunossupressão é um fator predominante para o risco de candidíase pseudomembranosa oral. Assim como em casos graves é comum identificar o sangramento gengival por dengue. 

Outro aspecto que vale ser citado é que pesquisas apontam que a dengue pode agravar as infecções odontogênicas, como mostra o relato de caso “Influência da dengue na infecção odontogênica”.

Ainda há pouco aprofundamento em relação aos sintomas de dengue na cavidade oral, mas entender esse tema é importantíssimo justamente por munir dentistas e otorrinolaringologistas de informações que possam indicar os primeiros sinais de dengue e, consequentemente, auxiliar o paciente de forma precoce. 

Entenda, em seguida, manifestações na cavidade oral relacionadas à dengue, mas também a outros tipos de arboviroses.

Dengue

Na dengue comum, a presença de sintomas orais ainda é motivo de discussão entre a comunidade científica. Há pesquisadores que acreditam que não existem registros suficientes, enquanto outros observam esse quadro justamente como uma falta de espaço para essas investigações, como aponta o artigo “Manifestações orais de arboviroses com ênfase em dengue, zika e chukungunya”.  

Na dengue clássica, de acordo com a pesquisa, é possível notar em alguns pacientes a presença de alterações mucocutâneas, como eritema e crostas nos lábios e na língua, assim como pequenas vesículas no palato mole.

Pessoa com vermelhidão no braço por causa da febre da dengue.
Além dos sintomas físicos de dengue, há estudos que registram interferências na cavidade bucal.

Também notam-se lesões, como hiperpigmentação, vermelhidão da mucosa alveolar, edema e lesões maculopapulares no lábio inferior e na mucosa jugal.

Já na  dengue hemorrágica, a gengiva com sangramento é um dos sintomas mais comuns e acredita-se que está relacionado à trombocitopenia abaixo de 39.000/mm16.

Outras manifestações registradas são:

  • Eritema no palato mole, assim como petéquias e equimoses.
  • Placas hemorrágicas levantadas na mucosa bucal direita e esquerda.
  • Bolhas hemorrágicas na mucosa sublingual, superfície lateral da língua e sangramento nasal. 
  • Osteonecrose e reabsorção radicular.
  • Amígdalas ampliadas e inflamadas.
  • Xerostomia.
  • Sede excessiva.
  • Sensação de gosto amargo.

Zika

O artigo aponta que um dos aspectos que chama a atenção é que o vírus zika é capaz de se isolar nos fluidos corporais, como a saliva, que pode ser utilizada como forma de diagnóstico. 

O zika vírus é bastante preocupante, já que pode ocorrer via infeção vertical (de gestante para bebê) e, como consequência, causar microcefalia à criança. A condição acarreta em uma série de alterações, como bruxismo, doenças no periodonto, disfagia, atraso na erupção dentária e micrognatia. 

Há, ainda, registro de duas crianças do Nordeste que apresentaram fenda palatina e labial. Por não haver histórico na família, cientistas suspeitam da existência da relação com o zika vírus. 

Outras alterações notadas são:

  • Úlceras aftosas no meio oral.
  • Hipoplasia de esmalte contraída por via sistêmica com lesões que vão desde manchas discretas até comprometimento significativo.

Chikungunya

O vírus da chikungunya também pode ser identificado na cavidade oral, embora seja diferente do zika vírus. O primeiro apresenta indícios de transmissão pelo fluido salivar durante a fase aguda da doença, conforme apontam dados de testes realizados com camundongos. 

Levantamentos apontam que pacientes podem sentir dor, sensação de queimação e sangramento gengival, incapacidade de deglutir e mastigar, halitose, ulceração, dor ao abrir a boca, salivação excessiva e descarga esbranquiçada das gengivas. 

Dengue: cuidado com os pacientes

Apesar de ainda haver pouquíssimas evidências sobre como a dengue afeta os dentes e outras partes da cavidade bucal, é importante que os dentistas fiquem atentos às novidades publicadas para entender que há registros de ocorrências orais que nem sempre constam como sintomas comuns das doenças arbovirais. 

Para isso, é necessário acompanhar boas fontes de consulta científica, como as revistas acadêmicas, que publicam revisões de literatura e estudos de casos.

Dentista tomando notas em estudo.
Mantenha-se atualizado com estudos sobre dengue hemorrágica, dengue comum e outras doenças arbovirais.

Em relação ao manejo do paciente com dengue recentemente tratado, é crucial atentar-se à contagem de plaquetas, especialmente antes de fazer procedimentos mais invasivos, como harmonização orofacial

Na hora da anamnese, lembre-se de incluir perguntas sobre as doenças arbovirais e entender quando a pessoa as teve. O hemograma do paciente com dengue recém-diagnosticada é uma ferramenta importantíssima de acompanhamento para entender quando é oportuno realizar procedimentos, afinal, é fundamental que o dentista evite qualquer emergência no consultório ou complicações. 

Conhecer as características das doenças é fundamental para um ótimo atendimento ao paciente com dengue, tanto no quesito de diagnóstico como de tratamento. Se você gostou deste conteúdo, leia mais artigos no blog da Surya Dental!

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