O novo coronavírus trouxe uma série de receios para quem atua na área da saúde, afinal, toda a rotina desses profissionais acontece de forma muito próxima aos pacientes, além da exposição a elementos que contribuem para a propagação do vírus.
Até os procedimentos mais simples, como a profilaxia odontológica, se tornaram uma preocupação entre os cirurgiões-dentistas, especialmente por ser um tratamento que gera muitos aerossóis e respingos, aumentando as chances de disseminação do vírus.
Para auxiliar na sua rotina de biossegurança, preparamos este artigo com orientações de como fazer a profilaxia odontológica em segurança e ainda daremos algumas dicas para prevenção de contaminação do seu consultório.
Antes da profilaxia
Vamos começar pelo uso de EPI’s recomendados pela Anvisa, que indica a substituição da máscara cirúrgica por uma N95 ou PFF2 em procedimentos que gerem aerossóis, como a profilaxia odontológica.
Além disso, sempre utilizar óculos de proteção ou o protetor facial, avental impermeável descartável, gorro e luvas. O mesmo é válido para auxiliares.
Antes de realizar a profilaxia, ofereça ao seu paciente um bochecho para fazer uma limpeza de vírus e bactérias na cavidade bucal. O recomendado é o uso do peróxido de hidrogênio a 1% ou iodopovidona a 0,2%. Ambos os compostos ajudam a controlar a bacteremia no aerossol e a reduzir a carga viral na saliva.
Durante a profilaxia
No momento em que for fazer o procedimento, lembre-se que é importante utilizar alternativas que evitem respingos e aerossol. A nossa dica é utilizar a caneta de baixa rotação de água, para evitar uma projeção alta de gotículas quando a água encontrar a cavidade oral.
Se você for utilizar uma caneta de alta rotação, considere que ela tem a capacidade de projetar os aerossóis até 2 metros de distância. Logo, será necessário uma higienização muito mais rigorosa no consultório.
Durante o procedimento, trabalhe a quatro mãos e aspire com mais frequência a cavidade oral do paciente. Evite utilizar a cuspideira para não causar a exposição de saliva. Nesse momento, conte com sugadores de alta potência, como os do tipo bomba a vácuo.
Prefira também instrumentos manuais e evite o uso da seringa tríplice na sua forma de névoa ou spray. Para fazer a lavagem, conte com seringa e soro fisiológico. Ao secar, você pode usar algodão ou gazes.
Após terminar o tratamento, comece a limpeza do local. Para higienização das superfícies, você pode utilizar água sanitária.
Não se esqueça de fazer essa limpeza toda vez que trocar de paciente e aumentar o tempo de intervalo entre os atendimentos.
Os cuidados odontológicos na era Covid-19 devem ser reforçados desde a recepção do paciente até o momento do tratamento.
Por que os aerossóis e gotículas são uma preocupação?
Uma das características mais preocupantes do novo coronavírus é a sua alta capacidade de transmissão, que acontece pelas vias respiratórias, por meio de espirro, tosse, contato indireto com as membranas das mucosas orais, nasais e oculares, além da inalação de gotículas.
Ao realizar um procedimento odontológico, como a profilaxia, o dentista acaba por ficar muito próximo do rosto do paciente e a ter mais contato com fluidos orais. Sendo assim, quanto mais perto dos respingos e aerossóis gerados durante um tratamento, que podem ser inalados ou ter contato com mucosas, maiores as as chances de contaminação, caso o paciente esteja com Covid-19.
Segurança além da profilaxia
Agora que você já conferiu como fazer a profilaxia odontológica sem gerar muitas gotículas, vamos falar sobre outros procedimentos de biossegurança que são essenciais para o seu consultório durante a pandemia. Afinal, não basta fazer um tratamento seguro e ignorar outras questões, certo?
Em primeiro lugar, você sempre deve considerar que todos os pacientes têm possibilidade de estarem contaminados. Pode parecer um pouco exagerado, mas, se pensar bem, é difícil saber quais as medidas de segurança cada pessoa está seguindo em seu dia a dia.
Portanto, a biossegurança deve ser mais rígida com o objetivo de proteger você, sua equipe e todos os pacientes que passarem pelo seu consultório.
Antes da consulta
Antes de iniciar a consulta e a profilaxia, ainda na recepção, utilize um termômetro para medir a temperatura do paciente e aplique um questionário. A partir das respostas, você pode considerar se é seguro ou não fazer esse atendimento.
Algumas perguntas:
- Teve febre nos últimos 15 dias?
- Teve falta de ar, resfriado, gripe, coriza ou tosse nos últimos 15 dias?
- Nos últimos 15 dias, você esteve em alguma reunião, evento, festa ou outra situação com muitas pessoas, inclusive desconhecidas?
- Esteve com pessoas que tiveram contato com alguém contaminado ou que está com suspeita de coronavírus nos últimos 15 dias?
- Nos últimos 15 dias, esteve em contato com alguém contaminado?
- Foi diagnosticado ou está com suspeita de coronavírus?
Se a maioria das respostas for sim, mas a temperatura está abaixo de 37,5Cº, adie o tratamento pelos próximos 14 dias. Caso as respostas tenham sido em maioria positivas e a temperatura está acima do valor citado anteriormente, aconselhe o seu paciente a se dirigir até uma unidade de saúde e verificar a suspeita de coronavírus.
Dia a dia da clínica
Quanto à rotina da clínica, é preciso alterá-la para evitar contágios. Considere diminuir o número de pacientes atendidos por dia e fazer um bom intervalo entre um atendimento e outro. Para tratamentos com aerossol, o indicado é um espaço de duas horas.
Você pode também criar uma triagem por telefone para dar prioridade aos casos urgentes. A profilaxia dentária é considerada um caso eletivo, mas em alguns tratamentos pode surgir a necessidade de aplicar esse procedimento.
Após atender um paciente, dê um período de intervalo e aproveite para higienizar a sala de clínica e outras áreas do consultório.
Durante o atendimento
Quando chegar o momento do atendimento, peça que o seu paciente utilize propés para entrar no consultório, de forma a evitar a contaminação do chão e facilitar a higienização.
Ao cumprimentar o paciente, não dê aperto de mãos, caso se sinta à vontade, pode fazer um toque de cotovelos.
Não se esqueça de lavar as mãos e higienizar com álcool 70º antes e depois de usar luvas, assim como após a limpeza de superfícies. O cuidado com as mãos já praticado nos consultórios com as luvas de procedimentos deve ser redobrado.
Manter-se atento e vigilante com os cuidados é fundamental para garantir a sua segurança, da equipe, dos pacientes e também de outras pessoas ao redor. A biossegurança é uma medida preventiva essencial e, mais do que nunca, deve ser reforçada e rigorosa.
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