No campo da odontologia, uma má oclusão pode apresentar desafios tanto estéticos quanto funcionais. Duas condições que frequentemente surgem são overjet e overbite: esses malefícios podem impactar negativamente a saúde sistêmica e bucal do paciente, como a respiração e a mastigação.
Embora esses termos possam parecer complexos à primeira vista, compreender o que significam é essencial para a prática clínica odontológica. Neste artigo, portanto, vamos explorar as diferenças entre overjet e overbite, além dos fatores que os causam, como realizar medições e as consequências dessas más oclusões. Confira todos os detalhes a seguir!
Diferenças entre overjet e overbite
Overjet e overbite são termos usados para descrever a posição dos dentes superiores em relação aos inferiores, identificados como classe II de Angle. A principal diferença está na direção e no tipo de projeção. O overjet refere-se à distância horizontal dos superiores aos inferiores. Em outras palavras, é o espaço entre os incisivos quando a arcada dentária está em oclusão. Normalmente, o afastamento mais adequado varia de 2 mm a 3 mm.
Por outro lado, overbite é a medida vertical de sobreposição dos superiores quanto aos inferiores quando a arcada está fechada. Calcula-se pela porcentagem entre os incisivos de cima sobre os de baixo. Os valores ideais estão entre 10% e 15%. Vale dizer que os números podem mudar caso a caso, em razão do tamanho dos dentes dos pacientes ou por conta da espessura das cristas marginais.
Fatores contribuintes para má oclusão
Quando se trata da ocorrência de overjet e overbite, vários motivos podem colaborar para o desenvolvimento dessas condições. Veja quais fatores mais influenciam:
1. Diferenças no desenvolvimento ósseo
Discrepâncias esqueléticas entre a mandíbula superior e inferior possibilitam a ocorrência das más oclusões, principalmente em variações de crescimento e posicionamento.
2. Genética
Traços hereditários aumentam a probabilidade de impactar o desenvolvimento das posições dos dentes superiores e inferiores.
3. Hábitos
Certos costumes presentes na infância, como chupar o dedo, fazer uso prolongado de chupeta ou empurrar a língua contra os dentes (língua presa), podem contribuir para a formação de overjet e overbite. Esses hábitos exercem pressão sobre os dentes e as mandíbulas, fazendo com que se desloquem ao longo do tempo.
4. Perda de dentes
Um dos fatores para a presença do overjet acentuado é a falta de dentes inferiores, uma vez que gera desequilíbrio na relação entre superiores e inferiores.
5. Desgaste do esmalte
Já o desgaste excessivo do esmalte nos pontos de contato dos dentes pode levar a uma diminuição da sobreposição vertical e contribuir para o aumento de overbite.
Como dentistas fazem a avaliação clínica
Para avaliar o overjet, o profissional de odontologia mede a distância horizontal entre a borda incisal do incisivo superior mais proeminente e a borda incisal do incisivo inferior correspondente.
Já para classificar o overbite, é preciso aferir a distância vertical entre a borda dos dentes de cima em relação aos de baixo, quando estiverem oclusos. Além disso, o ortodontista pode avaliar a relação vertical dos dentes posteriores e a mordida cruzada posterior.
No entanto, é importante notar que essas medidas são apenas uma parte da avaliação. O dentista também examina visualmente outras características, como a posição dos dentes anteriores e posteriores, a relação entre superiores e inferiores, a oclusão e a mordida transversal. O uso de radiografias e a produção de modelos fazem parte do diagnóstico para determinar o plano de tratamento adequado.
Como aferir as distâncias?
No YouTube, a dentista Taciana Drumond explica como realizar a medição da distância do overjet e da angulação do overbite. Ela orienta que é preciso ter uma régua que comece a medir do 0 (zero) desde a extremidade.
Com os modelos montados no articulador odontológico, é possível executar as aferições. Veja no vídeo os locais que devem ser marcados e como posicionar a régua:
Para medir diretamente no paciente, a dentista instrui que a aferição seja feita da mesma forma, mas é preciso que a régua ou o paquímetro esteja devidamente esterilizado.
Consequências do overjet e overbite
Ambos os casos podem implicar em consequências significativas na vida de um paciente, já que afetam a mordida e, consequentemente, a mastigação adequada dos alimentos, acarretando adversidades digestivas. Fisicamente, também é aumentado o risco de lesão nos dentes inferiores em caso de traumas, como quedas ou impactos.
Além disso, a protrusão dos dentes (overjet) pode interferir na estética do sorriso e afetar questões relacionadas à autoestima da pessoa.
Já quando o overbite é acentuado, uma das consequências é a possibilidade de sobrecarga na região durante a mastigação, levando ao desgaste anormal, além de problemas na articulação temporomandibular (ATM), dores musculares, dificuldades na fala e na alimentação. Confira outras consequências dessas duas condições:
- Bruxismo;
- Apneia do sono;
- Disfunção de ATM;
- Alterações na mastigação e deglutição;
- Problemas periodontais;
- Trauma dental;
- Desgaste de esmalte e dentina;
- Dor muscular;
- Respiração bucal;
- Alterações na fonação.
1. Relações com a estética facial
Uma consequência estética da má oclusão é o desequilíbrio no posicionamento dos lábios. Em casos de overjet aumentado, os incisivos superiores ficam posicionados muito à frente dos inferiores, o que resulta em um aspecto facial desarmônico, impactando a estética geral do sorriso.
Overlays Indiretas de Compósitos Nano-Híbridos nas correções oclusais classe II de Angle
Outra complicação é o impacto no perfil facial. Como são casos de classe II de Angle, ambos contribuem para o deslocamento da mandíbula, impactando no delineamento do rosto. Compreender o significado e as consequências das más oclusões, entre elas o overjet e o overbite, é de extrema importância durante a graduação em odontologia.
Tratamentos para overbite
De forma geral, a sobremordida acentuada (também conhecida como overbite profundo) pode resultar em desgaste excessivo dos dentes da arcada inferior, distúrbios na articulação temporomandibular (ATM) e comprometimento da função mastigatória.
No entanto, a abordagem terapêutica varia conforme a gravidade do caso clínico apresentado pelo paciente. Confira as intervenções mais frequentes:
1. Ortodontia fixa com bráquetes
Atuam no reposicionamento vertical dos dentes superiores e/ou inferiores, sendo recomendados para casos de sobremordida de média a alta complexidade.
2. Alinhadores estéticos (Invisalign)
Oferecem correção em situações leves ou intermediárias de overbite. Utilizam placas transparentes personalizadas para promover movimentação dentária progressiva.
3. Aparelhos de estimulação funcional
Indicados durante a fase de desenvolvimento ósseo em crianças e adolescentes. Dispositivos como o Herbst e o Bionator auxiliam no redirecionamento do crescimento mandibular.
4. Modificação da superfície dentária ou reconstrução
Em adultos com sobremordida extrema, técnicas como ajustes mínimos na estrutura dentária ou aplicação de restaurações protéticas podem restabelecer a harmonia oclusal.
5. Cirurgia ortognática
Destinada a pacientes com desproporções esqueléticas significativas. Envolve procedimentos cirúrgicos para reposicionar os maxilares e normalizar a mordida.
Como futuros profissionais, é essencial que os estudantes desenvolvam conhecimento sólido sobre essas condições e sobre as implicações que elas ocasionam na vida dos pacientes. A ortodontia é a especialidade que oferece técnicas e intervenções para corrigir esses casos para visar a reabilitação oral, tanto pela parte funcional quanto pelos pontos estéticos.
Se você é um estudante de odontologia em busca de mais conteúdo acadêmico, confira outros textos como esse no blog da Surya Dental, como restauração indireta em dente posterior Metal Free. Aqui, você encontra diversos artigos e informações relevantes para a sua formação acadêmica. Até lá.