Não há dúvidas de que a tecnologia dentro da área da saúde é uma aliada essencial. Um bom exemplo disso é a inteligência artificial na odontologia, que pode ser utilizada em diversos processos, como na criação de próteses, diagnósticos e até em atividades mais simples, como agendamento de consultas.
Como qualquer novidade na área, a inteligência artificial deve ser estudada a fundo pelos cirurgiões-dentistas, para que possa ser aplicada de forma correta e trazer facilidades para o profissional e resultados satisfatórios para o paciente.
Se você ainda desconhece o assunto, mas deseja saber mais, continue a leitura e entenda onde a inteligência artificial na odontologia pode ser aplicada e quais os benefícios do uso dessa tecnologia.
O que é inteligência artificial?
A inteligência artificial (IA) envolve diversas tecnologias que trabalham para realizar tarefas de forma lógica, semelhante ao que seria feito por humanos. Apesar do nome dar uma sensação futurista, a verdade é que essas novidades estão presentes no nosso dia a dia, como em assistentes virtuais (Alexa, Siri e Cortana), casas inteligentes e em processos logísticos.
Por trás da IA existem diversos tipos de tecnologias e conceitos utilizados. Segundo o trabalho “Inteligência artificial: um conceito futurista no diagnóstico odontológico”, há seis noções importantes, veja na tabela.
Aprendizado de máquina ou machine learning | Análise de dados que auxiliam máquinas a aprender por conta própria. Sistemas reconhecem padrões e aprendem a partir de erros, assim como também desenvolvem a capacidade de realizar previsões. |
Aprendizado profundo ou deep learning | Ramo do machine learning, o aprendizado profundo analisa uma enorme quantidade de dados por meio de mais de cinco camadas. |
Big data | Armazenamento de grande número de dados relacionados ao dia a dia de uma empresa ou negócio. Auxilia na tomada de decisões e a ter ideias. |
Rede Neural Artificial | Método inspirado no sistema nervoso central humano, feito em camadas. Ajuda no aprendizado de máquina e a reconhecer padrões. |
Rede Neural Convolucional | É um tipo de rede neural artificial utilizada no processamento de imagens. |
Inteligência artificial | Inteligência inspirada na humana, mas que está em máquinas ou programas. |
Qual o uso da inteligência artificial na odontologia?
Como explicamos no início deste texto, a inteligência artificial na odontologia pode ser empregada de diversas formas, sempre com o intuito de diminuir erros, melhorar a qualidade de vida do paciente, possibilitar a visualização de resultados próximos ao real e, claro, tornar o dia a dia do cirurgião-dentista mais prático.
Em seguida, você vai conhecer de forma mais detalhada onde a IA é aplicada, na prática, na odontologia.
Odontologia legal
A identificação forense é um dos ramos da odontologia legal e, com a ajuda de dados armazenados ante-mortem e post-mortem, é possível realizar o reconhecimento de um corpo que, por algum motivo, não tem as características físicas preservadas e está irreconhecível.
Segundo o artigo “Inteligência artificial como ferramenta para identificação humana em odontologia legal”, 70% dos corpos identificados em desastres de massa são reconhecidos com o auxílio da perícia realizada na região da cabeça, pescoço e em análise das ossadas, fragmentos, peças dentárias isoladas, entre outras.
Entretanto, em alguns casos, pode acontecer de não haver arquivos de documentação odontológica ante-mortem, já que muitos profissionais os descartam após determinado período.
A inteligência artificial na odontologia legal pode agregar em diversos momentos. Alguns deles são:
- Previsão de desenvolvimento de um esqueleto infantil por meio de redes neurais;
- Determinação de idade e sexo com a ajuda de radiografia panorâmica;
- Previsão da morfologia da mandíbula.
Outra oportunidade de uso são os softwares de cruzamento de dados, conforme apontado no estudo. A plataforma funciona por meio de rede neural e arquiva por tempo indeterminado prontuários, além de comparar e reconhecer imagens.
Diagnóstico
Por meio das redes neurais artificiais também é possível tornar o diagnóstico mais preciso. O estudo “Inteligência artificial: um conceito futurista no diagnóstico odontológico” explica que esse processo acontece da seguinte forma: as análises feitas pelo cirurgião-dentista são comparadas com os obtidos pela IA.
Essa comparação ajuda o profissional a encontrar lacunas que podem estar presentes no diagnóstico e, dessa forma, aumenta a precisão e diminui erros em tratamentos, especialmente quando pensamos em doenças bucais complexas.
O estudo dá como exemplo o diagnóstico precoce de câncer bucal, que é crucial para um tratamento eficaz e para prevenir que a doença evolua para um quadro mais grave.
Na Ásia, foi desenvolvido um sistema de rastreamento de câncer bucal. As pessoas tiravam fotos com um smartphone, sem ajuda de um especialista, e enviavam para uma nuvem. Depois, com a ajuda de um sistema, o profissional analisava as imagens.
A inteligência cruzava imagens de suspeitos e não suspeitos e o desempenho dos resultados aumentava conforme mais fotografias eram adicionadas. O aplicativo tinha como objetivo auxiliar pessoas que moravam em locais com poucos recursos.
A IA pode ser utilizada para identificar:
- dentes;
- cáries dentárias;
- cáries de raiz;
- lesões crônicas;
- Síndrome de Sjogren;
- sinusite;
- metástase;
- osteoporose.
Modelagem de próteses
Na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli), a professora doutora Neide Pena Coto desenvolveu um projeto de criação de modelagens de próteses de nariz em silicone com o auxílio de inteligência artificial.
Para isso, um programa analisou diversas fotografias frontais de pessoas para aprender a analisar tom de pele, tipo físico, cor do cabelo, sobrancelhas e outras características importantes para o processo de construção das próteses. Com os dados coletados, o software auxiliaria a identificar o formato de nariz ideal para determinado rosto.
Ainda há alguns processos que o programa não consegue fazer, como identificar as particularidades de cada caso, por isso essa etapa é feita de forma manual. Entretanto, o uso da IA ajuda a acelerar a criação das próteses, o que é essencial para os pacientes.
Ortodontia
Não há dúvidas de que a ortodontia é uma área que passa por constantes transformações para oferecer tratamentos modernos e confortáveis para pacientes. Dessa forma, a IA é uma tecnologia essencial para etapas de diagnóstico, planejamento e acompanhamento de casos.
Um exemplo são os tratamentos com alinhadores invisíveis, que utilizam sistemas que fazem simulações do resultado final, o que ajuda o cirurgião-dentista na hora de apresentar o projeto ao paciente, assim como a fazer as decisões corretas durante o procedimento.
No artigo “Inteligência artificial: um conceito futurista no diagnóstico odontológico”, outro caso é o uso de sistemas para planejar extrações, que devem ser feitas de forma muito certeira, já que é um procedimento irreversível.
Com auxílio do aprendizado de máquinas, o pesquisador pode fazer uma avaliação do modelo de tomada de decisão de inteligência artificial para o diagnóstico de extrações.
Atendimento
A IA também é uma boa aliada para facilitar o contato com o paciente. Um exemplo disso são os chatbots, ou seja, as conversas automatizadas que acontecem em canais de atendimento. É bem provável que você já tenha se deparado com algum serviço que utiliza esse tipo de tecnologia, seja por telefone, nas redes sociais ou em chats.
Os chatbots são programados para encaminhar e ajudar as pessoas 24 horas por dia, durante os sete dias da semana. O uso dessa IA pode ser muito útil para cuidar de algumas solicitações comuns entre pacientes, como pagamentos ou agendamento de consultas.
A inteligência artificial, nesses casos, analisa as informações enviadas pelos pacientes para buscar a resposta que se encaixa para aquela solicitação. A cada interação, o chatbot aprende como ser mais eficiente e humanizado.
Periodontia
De acordo com o artigo “Inteligência artificial em medicina dentária: o futuro do diagnóstico em ortodontia”, a IA pode ser promissora para a área de periodontia. Pesquisadores estudam a possibilidade do uso de fotografias intraorais que possam ser feitas por pais ou responsáveis para o controle da higiene bucal das crianças.
Além disso, a inteligência artificial também desperta o interesse para detectar e classificar dentes periodontalmente comprometidos e, até mesmo, estudar quais necessitam de extração.
Desvantagens da inteligência artificial na odontologia
Apesar de chamar a atenção, a inteligência artificial tem limites. Como pudemos ver ao longo do texto, uma delas é o processo de aprendizagem, o que significa que ela só se torna capaz de diagnosticar com boas chances de precisão quando tem uma base de dados forte.
Outra limitação, de acordo estudos, é que os algoritmos não mostram de forma precisa como um determinado resultado foi alcançado. O que é negativo dentro da ciência, uma vez que essa informação é fundamental.
Por último, é importante lembrar que a IA, por imitar o comportamento humano, pode apresentar as mesmas dificuldades de diagnósticos que os profissionais que trabalham com ela têm. Assim como os problemas em generalizar aspectos que ainda não são consenso dentro da comunidade científica ou, como citamos no exemplo das próteses de nariz, em situações muito específicas.
A inteligência artificial na odontologia é, de fato, importante. A tecnologia, quando bem empregada, é fundamental para contribuir na melhora da qualidade de vida de pacientes e tornar o trabalho na área da saúde cada vez melhor.
Entretanto, vale entender que o profissional de odontologia deve buscar conhecimento dentro da área de atuação para diminuir os impactos dos limites da IA, assim como utilizá-la de forma correta.
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