Programa Nacional de Segurança do Paciente: fique por dentro!

Programa Nacional de Segurança do Paciente

O Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP) foi desenvolvido pelo Ministério da Saúde com o objetivo de contribuir para a qualificação do cuidado em saúde para todos os estabelecimentos que atuem na área dentro do Brasil. 

Se você ainda não conhece esse programa, continue a leitura para compreender melhor os protocolos de segurança do paciente e saber como aplicá-los na odontologia.

O que é o Programa Nacional de Segurança do Paciente?

Todos os estabelecimentos, sejam privados ou públicos, que façam parte do território nacional, são encorajados a aderir ao PNSP. O programa tem o foco de tornar os serviços de saúde ainda mais profissionalizados, adequados e seguros. Confira os objetivos específicos:

  • Promover e apoiar a implementação de iniciativas voltadas à segurança do paciente, por meio dos Núcleos de Segurança do Paciente nos estabelecimentos de saúde.
  • Envolver os pacientes e os familiares nesse processo.
  • Ampliar o acesso da sociedade às informações relativas à segurança do paciente.
  • Produzir, sistematizar e difundir conhecimentos sobre segurança do paciente.
  • Fomentar a inclusão do tema segurança do paciente no ensino técnico, na graduação e pós-graduação na área de saúde. 

Além dos objetivos, o programa conta com quatro eixos:

  • Estímulo a uma prática assistencial segura;
  • Envolvimento do cidadão na segurança;
  • Inclusão do tema no ensino;
  • Incremento de pesquisa sobre o tema. 

Cabe aos profissionais de saúde conhecerem bem o projeto para que possam aderir à proposta e promover ações para o próprio estabelecimento, monitoramentos etc.

Histórico do programa

O tema segurança do paciente não é de agora: desde a publicação do relatório To Err is Human, em 2000, a pauta ganhou força. O documento foi desenvolvido a partir de duas pesquisas que avaliaram a incidência de eventos adversos em hospitais de Nova York, Utah e Colorado, nos Estados Unidos.

Como evento adverso entende-se “dano causado pelo cuidado à saúde, e não pela doença base, que prolongou o tempo de permanência do paciente ou resultou em uma incapacidade presente no momento de alta”. 

Em 2004, a Organização Mundial da Saúde (OMS), preocupada com a situação, criou o programa Word Alliance for Patient Safety, com objetivo de organizar os conceitos e as definições que dizem respeito à segurança do paciente, além de propor medidas para reduzir riscos.

No Brasil, muitos órgãos, programas e centros de pesquisa foram criados para a prevenção e os estudos de segurança do paciente. E, diante desse contexto, nasce o PNSP.

Pessoas conversando enquanto olham prancheta.
Segurança do paciente: Anvisa, Ministério da Saúde e outros órgãos estudam, no Brasil, melhorias para os ambientes de saúde.

Cultura de segurança do paciente

De acordo com a OMS, o conceito de cultura de segurança do paciente inclui diversos aspectos. O primeiro, é que os trabalhadores da área da saúde, inclusive gestores, devem se responsabilizar pela própria segurança, pela dos colegas, pacientes e familiares. 

Proporcionar um ambiente seguro precisa estar acima de qualquer meta operacional e financeira, assim como focar em encorajar e recompensar a identificação, a notificação e a resolução de problemas relacionados ao tema. 

A cultura de segurança também preza para que ocorrências de incidentes tornem-se situações de aprendizado para toda a equipe de saúde que atua dentro do estabelecimento. 

Aliás, é necessário ressaltar que os serviços de saúde devem aceitar que o profissional da área está, sim, sujeito a erros. Infelizmente, ainda é bastante divulgado o mito de que essas pessoas devem ser 100% eficazes e produtivas, apagando toda a humanidade que existe por trás de cada trabalhador. 

Errar é humano e nem sempre é possível evitar. Reconhecer isso é um passo importante para encontrar soluções que façam com que a falha não repercuta no paciente.

O documento de referência do PNSP cita que há, pelo menos, seis grandes ações necessárias para implementar uma cultura de segurança nos estabelecimentos de saúde. Confira:

  1. Focar menos em erros, como falhas individuais, e entendê-los como falhas do sistema. 
  2. Mudar de um ambiente punitivo para a cultura justa — conceito que diferencia os trabalhadores cuidadosos, mas que cometem erros, dos que têm comportamento de risco consciente e injustificadamente arriscado. 
  3. Sair do sigilo para a transparência.
  4. O cuidado começa com o profissional de saúde para que, consequentemente, seja centrado no paciente. 
  5. Trocar modelos de cuidado baseados na excelência do desempenho individual para modelos realizados por equipe profissional interdependente, colaborativa e interprofissional. 
  6. A prestação de contas cabe a todos os membros da equipe.

Protocolos de segurança do paciente na odontologia

Especificamente para a odontologia, ainda há pouca literatura em relação aos protocolos de segurança. Isso pode ser explicado porque os procedimentos realizados nessa área, de forma geral, não são tão invasivos quanto os médicos-cirúrgicos. Consequentemente, as complicações são menos graves e, quando acontecem, o paciente costuma procurar as emergências de hospitais, ao invés de comunicar o dentista. 

Por outro lado, falar sobre segurança do paciente é muito comum dentro dos ambientes hospitalares e, ainda, um pouco distante da realidade dos consultórios odontológicos particulares.

Mulher ajustando soro em hospital
Em ambientes hospitalares, a discussão sobre segurança do paciente é mais comum.

Diante deste contexto, é bastante desafiador para o cirurgião-dentista implementar protocolos de segurança, porém é crucial e deve ser feito. Alguns aspectos podem ajudar a nortear as decisões, assim como os estudos e aprofundamentos em documentos do Ministério da Saúde e da OMS.

Confira, a seguir, as metas de segurança do paciente que podem ser adicionadas ao consultório. 

Prática de higiene das mãos

Este é um ponto muito evidente para qualquer profissional da área, mas é sempre importante ressaltar que lavar as mãos é um ato simples e que faz total diferença na segurança do paciente. 

Implemente cartazes próximos às pias com o passo a passo da higiene correta das mãos, conte com sabonetes de qualidade, respeite a data de validade desses produtos e ofereça treinamento a todo o time sobre como fazer a lavagem. 

Cirurgia segura

Uma cirurgia segura depende de uma série de fatores, como biossegurança, local adequado para o procedimento, anamnese completa e conhecimento sobre o que será realizado. Certifique-se de que é possível oferecer todos esses pilares para o paciente.

Para melhorar este ponto, algumas ideias que podem ser aplicadas são: cogite dar treinamento de biossegurança para todos os profissionais que trabalham na clínica, contrate consultorias para compreender aspectos que podem evoluir na higiene e segurança do seu espaço e crie um processo de anamnese mais sólido.

Identificação correta do paciente 

Ter um prontuário bem elaborado faz toda a diferença e previne que muitas emergências dentro do consultório odontológico aconteçam. A anamnese deve ser o mais elaborada possível, sempre tentando explorar a saúde do paciente para compreender quais são os medicamentos ideais, a anestesia, entre outros. 

Ter os dados completos e telefone de contato para casos de emergência também é uma forma de garantir mais segurança caso ocorra algo inesperado. 

Manter as fichas de atendimento bem organizadas também é uma forma de melhorar a identificação do paciente. Aqui no blog da Surya, você pode ler um conteúdo completo sobre o assunto

Organização correta dos produtos e medicamentos 

Na correria do dia a dia e em momentos de muito cansaço, pode ocorrer a troca de embalagens semelhantes. Isso representa um grande risco para o paciente, afinal, nem todos os remédios são indicados para uma pessoa ou atuam da forma esperada.

Manter o estoque sempre organizado e preparar com antecedência todo o material que vai ser usado em um atendimento é uma forma de evitar que a troca de remédios aconteça. 

Prescrição e uso de medicamentos de forma segura

O uso e a prescrição de medicamentos fazem parte da odontologia. Entretanto, trabalhar com esses produtos é algo sério e que requer muita responsabilidade, justamente para evitar complicações para a saúde do paciente.

Entender as condições de saúde de quem é atendido é um passo fundamental para saber o que pode ou não ser indicado. Algumas alergias, por exemplo, podem fazer com que um medicamento seguro ofereça riscos ao paciente. 

Busque estudar e capacitar-se mais sobre o assunto, por meio de cursos certificados 

Mudança na cultura do consultório

Você já deve ter percebido que este é um aspecto muito importante para criar um espaço seguro para pacientes e, claro, profissionais. Se a sua clínica é grande e trabalha com diferentes especialidades odontológicas e outros cirurgiões-dentistas, chegou a hora de rever como lida com os problemas nesse ambiente. 

Dois homens conversando em ambiente hospitalar.
Transforme a cultura do consultório para construir um ambiente acolhedor.

A cultura é de culpa? De punição? Ou há acolhimento do profissional e cada erro se torna um aprendizado? Se você disse sim para as primeiras duas perguntas, esse não é o caminho. 

Já comentamos que o profissional da saúde é um ser humano e totalmente passivo a erros. Busque a ajuda de consultorias para melhorar a cultura interna do consultório e torná-lo um espaço tranquilo e compreensivo.

Cursos para toda a equipe

Um atendimento de qualidade em serviço de saúde exige que todo o time esteja preparado. Seja o pessoal da recepção, na hora de colher todos os dados do paciente, os auxiliares e técnicos e os dentistas. 

Buscar estudar formas de implementar protocolos de segurança do paciente, aprimorar-se em biossegurança e dentro da especialidade oferecida, até mesmo investir em capacitações focadas em organização faz toda a diferença no dia a dia. 

Inclusão o paciente no processo

Também já comentamos que o PNSP incentiva que os pacientes sejam educados a respeito de segurança, e uma forma de o fazer é conversar sobre os direitos dessa pessoa, sejam eles dentro da área da saúde ou enquanto cliente. 

Alguns dentistas ainda preferem omitir a legislação que protege o paciente, o que é uma postura inadequada e nada profissional, afinal, é fundamental lutar pelos direitos de todos os cidadãos.

Melhora na comunicação entre profissionais

Comunicar-se bem é a chave para mais conexão e, consequentemente, bons resultados. Muitos profissionais podem trabalhar juntos diariamente, mas ainda assim não trocam com eficiência informações importantes. 

Aliás, o mesmo pode acontecer em equipes multidisciplinares. Apesar de ser crucial que estejam bem alinhadas para que os profissionais, juntos, possam escolher as melhores opções de tratamento, nem sempre isso acontece.

Para a equipe interna, distribua um questionário para compreender quais são os principais gargalos que cada um identifica na comunicação entre o time. Busque ferramentas para melhorar o cenário e, se possível, conte com a ajuda de serviços focados em resolver esse tipo de problema.

Ainda que haja pouco material sobre o Programa Nacional de Segurança do Paciente focado especificamente em dentistas, é importante buscar soluções para o seu consultório e manter-se atualizado a respeito do assunto. 

Aproveite e continue acessando conteúdos sobre novidades e dicas de tecnologia para o seu consultório no Blog da Surya Dental!

Referências:

Brasília -DF 2014 MINISTÉRIO DA SAÚDE FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA Segurança do Paciente. [s.l: s.n.]. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/documento_referencia_programa_nacional_seguranca.pdf>.


‌CORRÊA, C. D. T. S. DE O.; SOUSA, P.; REIS, C. T. Segurança do paciente no cuidado odontológico: revisão integrativa. Cadernos de Saúde Pública, v. 36, n. 10, 2020.

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